Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba.
DRT: 7543/BA
Publicado em 03/12/2025 às 16h27.
Supercombo chega a Salvador com show especial da nova fase ‘Caranguejo’
Em entrevista, banda comenta influências do novo trabalho, processo de criação e fala sobre apresentação desta sexta-feira (5)
João Lucas Dantas

A banda Supercombo, que apresenta seu novo álbum Caranguejo — Parte 1 em Salvador nesta sexta-feira (5), no Teatro Diplomata, em Patamares, falou ao bahia.ba sobre a emoção de retornar à capital baiana após 10 anos sem se apresentar por aqui, além das influências e do processo criativo para a nova fase musical e estética.
O grupo, formado por Leo Ramos (voz e guitarra), Carol Navarro (baixo e voz), Paulo Vaz (teclados e efeitos) e André Dea (bateria), afirmou que todas as vezes em que tocaram na cidade foram “absolutamente incríveis” e pediu que os fãs aguardem um figurino exclusivo feito para a ocasião, além de uma participação especial da banda baiana Vivendo do Ócio.
A chegada do Caranguejo
Um dos maiores expoentes do pop/rock alternativo brasileiro dos anos 2000, Supercombo retornou neste ano com o primeiro volume do álbum dividido em duas partes (a segunda está prevista para 2026), em que inauguram um novo momento da banda.
Segundo o quarteto, um dia ouviram um comentário bem-humorado de que algumas de suas canções pareciam um caranguejo, que tinham “uma cara meio estranha, que ia para um lado e depois para o outro”, talvez sem muita definição.
Eles adoraram essa ideia e, a partir desse momento, decidiram que o disco teria esse nome e perceberam a figura do caranguejo e seus simbolismos como uma forte presença no trabalho, sendo protagonista do clipe e da capa.
“Todo esse lance do caranguejo veio dessa ideia de que nunca conseguimos nos classificar como banda. Afinal de contas, o que é o Supercombo? A gente navega por tantas batidas, ritmos e influências, que se torna difícil de colocar em uma caixa. A banda pode ser muita coisa e não ser nada”, explicou Leo Ramos.
“Até se você for olhar a própria biologia, é um ser sensível por dentro e rígido por fora; quando você está meio esquisito, se afunda na areia para se recuperar, é algo que dialoga muito com a gente”, acrescentou.
Já para Carol, foi um impacto tão grande essa analogia com o crustáceo que, quando o Leo mandou as guias das músicas, ela já havia dado uma sugestão de capa envolvendo essa simbologia.
“Quando a gente fez o Rogério (álbum de 2016), tentamos trazer meio que um quinto personagem, animando o disco de alguma forma com uma persona. O fato do caranguejo ter aparecido foi muito isso. Quando estávamos desenhando a identidade visual do disco, o designer trouxe essa ideia de adotarmos esse bichinho como a grande figura dessa fase. Estamos muito felizes de brincar com isso e fazer essa doidera”, pontuou a baixista.

Quando o piseiro encontra o metal britânico
O primeiro single lançado da primeira parte do álbum, “Piseiro Black Sabbath”, é a mistura que representa perfeitamente essa postura inclassificável da banda, ao sugerir a junção do típico ritmo nordestino com a batida pesada do metal britânico encabeçado pela banda do saudoso Ozzy Osbourne.
“Foi uma ideia que veio totalmente psicografada. Os pais do heavy metal, músicos incríveis, que criaram vários riffs de guitarra emblemáticos, e casou super bem essa brincadeira. A gente estava tentando pensar em um ritmo que a gente nunca fez e aí o André começou a puxar um piseiro na batera e aí me veio na cabeça na mesma hora de cantar ‘fui no piseiro e tava tocando Black Sabbath’, de forma totalmente espontânea”, relembrou Leo.
Em uma infeliz coincidência, a música foi lançada poucos dias antes do falecimento de Ozzy, no dia 22 de julho deste ano. “A gente lançou o single, o clipe, 15 dias depois teve o festival ‘De Volta ao Começo’, em homenagem a ele, e uma semana depois, ele veio a óbito. Ficamos sem acreditar”, expressou Carol.
André Dea explica que esse improviso na bateria veio de uma brincadeira no estúdio. “Chega uma hora que a gente repete tanto as mesmas coisas quando estamos compondo algo novo, que veio a ideia de tentar algo completamente diferente. Eu tinha levado uma caixinha aguda com um som bem específico, que o piseiro pede, e aí surgiu a oportunidade. E todos começaram a se encaixar nesse lugar a partir desse piseiro”, brincou.
“Do jeito que fizemos essa demo, foram feitos pouquíssimos ajustes tanto de letra como de instrumental. Ainda colocamos um beat de piseiro em cima do que já tínhamos gravado. A estrutura quase não mudou e isso é muito raro na nossa produção”, completou.
Mas, claro, a mistura não agradou os fãs mais radicais do metal. “Os metaleiros ficaram comentando ‘pô, piseiro no metal?’”, disse Carol, que foi seguida por André: “teve gente que xingou a gente porque meteu Black Sabbath na letra”.
O improviso e o humor em meio ao processo criativo
Com um processo de produção descontraído, muitas vezes o improviso e o bom humor ganham espaço nas composições do grupo.
“Essa banda tem uma coisa quase bipolar. Porque fazemos músicas muito sérias e, ao mesmo tempo, temos essa doideira. Não sei o que as pessoas esperam mais quando ouvem o nome Supercombo, mas sempre tivemos essa dualidade: o lado mais sarcástico e o lado mais maduro. Não existe uma fórmula, uma vontade de ser exatamente só uma coisa. Somos várias coisas, vários sons, ritmos. A gente se permite compor do jeito que o humor está no dia”, esclareceu Leo.
O vocalista e guitarrista também pontuou que é feita uma curadoria interna para decidir se um disco tenderá mais para um lado sério ou descontraído. “A gente tenta equilibrar isso de uma forma que, ao escutarmos inteiro, não fique cansativo”, disse.
Esse processo é importante para que os trabalhos lançados soem como uma unidade completa e não como peças fragmentadas convivendo juntas. Segundo Leo, a mensagem da música é a cereja do bolo, já que a parte melódica e instrumental nasce antes das letras.
“Eu encaro música como uma trilha sonora de um filme que pode ser o momento que a gente está vivendo nas nossas vidas, que a gente lembra do passado ou almeja para o futuro. Elas podem ser várias coisas, de acordo com o que estamos pensando quando a gente senta para escrever”, contextualiza.
“Pra mim, não soa fragmentado porque funcionam como microuniversos que foram escritos para serem microuniversos de um cosmos muito grande que é o Supercombo”, acrescentou.
Como havia dito Paulo Vaz, o tecladista, no material de divulgação do disco, o que a banda gosta mesmo é de riff de guitarra. Questionado sobre como isso se costura dentro do processo de composição, ele explicou que buscam entrelaçar tudo dentro do jeito de cada um.
“A Supercombo traz a origem desses riffs de guitarra desde o começo, em 2007. A gente tem essa característica, que com o tempo fomos trazendo essa coisa do drive bem aparente no baixo e em dobras de teclado, com subs ou sintetizadores, criando contrapontos lá pra cima, para combinar com a voz”, afirmou.
“Principalmente as transições dos discos pro show, que se conversam sempre, temos essa característica de ser um show mais pesado, com muitas distorções no baixo e na guitarra, e a bateria como um rolo compressor trazendo essa força pra tudo isso, e os teclados que vêm fazendo algumas perfumarias e dobras juntos. Nós conseguimos trazer esses riffs pesados desde o começo, mas mudamos como colocamos isso em todos os arranjos e letras que vêm por cima”, trouxe Paulo.

Fases de transição na indústria fonográfica
Com quase 20 anos na estrada, desde o lançamento do disco Festa?, em 2007, Supercombo é um grupo que passou por diversas fases, pegando a mídia física ainda muito forte nos anos 2000, tendo sido impulsionado pelo reality Superstar, da TV Globo, em 2015, e agora dividindo um álbum em duas partes, visando o lançamento via streaming.
“A escolha de dividir o disco veio porque estamos de saco cheio de ficar lançando single, uma coisa muito solta. Estamos acostumados a consumir discos, e não singles soltos. Sei que é uma prática que facilita o som chegar em uma pessoa, mas, para a arte, para nossa cabeça artística, é uma parada que nos deixa meio sem vontade”, disse Leo.
Buscando atender as demandas do mundo digital, mas sem abrir mão da visão artística, Caranguejo foi dividido em duas partes, para o lançamento abarcar tanto 2025 como 2026.
“Por conta da urgência do mercado de sempre ter material atual, para tocar, fazer turnê, achamos que essa foi uma boa maneira de dar uma driblada no sistema e ter sempre um disco do ano acontecendo enquanto rodamos o país tocando, sem depender de singles. Até para entregar toda a forma e o conceito das músicas de uma só vez”, completou o vocalista.
O retorno a Salvador
Com um público fiel em Salvador, a banda celebra o retorno após quase uma década sem tocar na capital, apesar de já ter feito shows no meio tempo em cidades como Camaçari, Feira de Santana e Vitória da Conquista.
“As vezes que tocamos em Salvador foram absolutamente incríveis. Estamos muito felizes de poder estar voltando e mandando brasa com o nosso caranguejão. Estamos doidos pra sentir esse calor, tanto das pessoas como do clima”, celebrou Leo.
Os fãs soteropolitanos podem ficar animados, já que até figurino exclusivo irão receber na visita do Supercombo. “Estaremos de biquíni e sunga”, brincou Carol.
A Vivendo do Ócio também fará uma participação especial, já que são bandas amigas há um bom tempo. “Eu cheguei a tocar com o VDO em Salvador uma vez. Faz muito tempo que a gente não se encontra, todo mundo, então vai ser muito legal tê-los ali. Vai ser muito especial. Vamos até tocar uma música deles”, expressou o baterista André Dea.
Spoilers de Caranguejo — Parte 2
Questionados sobre o que o público pode esperar do segundo volume do trabalho, André brinca que os fãs podem contar com grandes riffs de guitarra.
“O Caranguejo — Parte 1 tem sete músicas; a parte 2 terá oito, para completar 15 músicas ao todo no final, com uma sonzeira ainda mais pesada, além de um interlúdio no meio”, prometeu Leo.
“As músicas novas dão uma renovada no set, deixando a gente empolgado para pegar a estrada, e os fãs piram numa música pesadona, então vai ficar muito legal”, concluiu André.
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