Publicado em 26/09/2025 às 10h51.

Vovô do Ilê celebra Ouro Negro, mas cobra setor privado: ‘Parte social é forte’

Vovô do Ilê também comentou sobre o tema do Carnaval

Carolina Papa / Gabriela Araújo
Foto: André Frutuoso

 

A menos de um ano para o carnaval, o Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, já tem um tema definido para desfilar nas ruas da avenida de Salvador. Trata-se de “Maricá – O Berço da Humanidade”, que faz uma homenagem à cidade de Maricá, no Rio de Janeiro, berço do bloco. 

Presidente e fundador do bloco, Vovô do Ilê, explicou sobre o tema, mas fez questão de frisar que Ilê não se resume a festa momesca e comentou sobre as iniciativas sociais e educacionais que acontecem na sede do bloco. 

“A gente está fazendo o Carnaval com o tema Maricá. Nós vamos falar sobre turbantes e cocares, a influência afro-indígena em Maricá. Então, além do carnaval, nós desenvolvemos um projeto social lá, continuando com nossas viagens. E no Curuzu, na Senzala, vai continuar. Tem a Escola Mãe Hilda, tem um projeto chamado PEP (Projeto de Extensão Pedagógica), tem a Escola Mãe Hilda, a Banderê, com muitas crianças de 8 até 14 anos. Tem uns cursos profissionais antes que nós vamos retomar, então estamos sempre na luta, não só o Carnaval. O Carnaval é sempre a carona que nós botamos, mas a parte social continua muito forte na comunidade”, disse ele ao bahia.ba. 

Nesta manhã, Vovô do Ilê participou do lançamento do Edital Ouro Negro, que aconteceu no Largo Tereza Batista, no Centro Histórico de Salvador, e reuniu autoridades do governo estadual. Na ocasião, ele comentou sobre a importância do projeto para a manutenção dos blocos afros no estado.

“Durante o ano envolve sempre alguma atividade social na sua comunidade, e é muito difícil hoje botar um bloco na rua, o governo está fazendo a sua parte. […]. O Ouro Negro fortalece muito, se não fosse o Ouro Negro muitas entidades não saiam para o seu carnaval”, afirmou vovô. 

Durante entrevista, ele ainda foi além e fez uma cobrança aos setores privados para reconhecer a necessidade de prover os blocos afros no desenvolvimento das atividades sociais em suas respectivas comunidades.

“Nós temos agora é cobrar do setor privado, dos bancos. A cidade de maioria negra, nós consumimos de tudo aqui e os caras não dão nada de retorno. Nós não temos a cultura de boicotar, o tudo continua mansinho”, complementou.

Governo lança edital Ouro Negro

O governo estadual lançou o Edital Ouro Negro 2026 nesta sexta-feira (26) no Largo Tereza Batista, no Pelourinho. O investimento é de R$ 17 milhões, o maior na história do programa, em projetos culturais ligados às entidades de matrizes africanas, incluindo afro, afoxé, samba, reggae e blocos de índio.

O edital vai selecionar 138  projetos que valorizem as tradições culturais afro-brasileiras, incentivem a participação da juventude, preservem a estética e os símbolos dessas manifestações e garantam a transmissão do legado cultural às novas gerações. Os blocos selecionados poderão participar do Carnaval de Salvador, Lavagem do Bonfim, Lavagem de Itapuã, Lavagem de Purificação (Santo Amaro), Micareta de Feira de Santana, Festa de Reis de Cachoeira e Carnaval do Interior.

Carolina Papa

Jornalista. Repórter de política, mas escreve também sobre outras editorias, como cultura e cidade. É apaixonada por entretenimento, música e cultura pop. Na vida profissional, tem experiência nas áreas de assessoria de comunicação, redação e social media.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Settings ou consulte nossa política.