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Conheça o trabalho e a história do artista plástico baiano Antônio Carlos Rebouças
Ele acredita que a arte muda vidas, com poder e função de influenciar, principalmente pessoas de comunidades carentes
Antônio Carlos Rebouças (1956) gosta de pesquisar, experimentar e explorar. Em entrevista ao bahia.ba, o artista plástico disse que se considera autodidata. Pintor, escultor e desenhista, mora e trabalha em Salvador, onde tem um atelier, localizado na Rua Chile, edifício Sul América, aberto em 2019.
O artista baiano já participou de várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Ele acredita que a arte muda vidas, com poder e função de influenciar, principalmente pessoas de comunidades carentes.
Quando decidiu migrar da licenciatura para artes plásticas?
Comecei escrevendo contos, poesias, ensaios. Fui premiado e acabei lançando um romance “Os Herdeiros”, mas como já lidava com artes plásticas antes, eu já tinha uma expertise e sabia que o resultado das artes plásticas é mais rápido. É praticamente uma coisa instantânea. Resolvi migrar da literatura para as artes plásticas. Isso se deu ali nos anos 80, final dos anos 80. Fiz minha primeira exposição coletiva em 1989.
Teve educação artística na infância?
Estudei na Escola Parque, que é a primeira escola de tempo integral do país. Um projeto imenso, maravilhoso do professor e educador Aniso Teixeira. Essa escola tinha praticamente matérias obrigatórias às artes, todas as linguagens de artes. Desde cedo tive contato com linguagens artísticas, todas elas, teatro, música e artes visuais.
O que te traz a emoção da beleza?
A emoção e a beleza são coisas relativas. Na realidade quando você nasce ou tem veia artística, você pode migrar virar artista também, não precisa necessariamente nascer artista, mas ter sensibilidade, tudo que está ao seu entorno porque você vê arte em quase tudo essa é a diferença.
Quais ícones admira e estuda?
Tive várias influências, como os alemães, os expressionistas. Os alemães, por exemplo, do início do século 20. Fui muito tocado também pelos faulvistas, eles eram aqueles artistas que pintavam diretamente dos tubos de tinta, sem misturar com as primárias. até hoje eu faço muito isso, fui muito influenciado por eles. Não posso dizer que tenho ídolos, mas eu fui muito influenciado por Iberê Camargo, que é um dos maiores expressionistas brasileiros, Carlos Bracher, que ainda está vivo, que é mineiro. Na Bahia tive um cara que me deu um norte para arte. Dois aliás, que são Joaquim Pedroso, que é um dos maiores pintores naifs do país, e Waldo Robatto, que foi meu orientador, meu mestre também. Essas foram minhas influências nas artes.
Onde busca inspiração?
A minha inspiração, geralmente, vem do entorno. Me inspiro também na minha infância, com esses quadrinhos que aparecem nas minhas obras, nas janelas, nos casarios, elas são inspiradas na minha infância, porque naquela época tive uma infância pobre, então minha mãe teve muita dificuldade para obter a sua primeira casa própria, e isso ficou marcado em minha memória devido ao fato de as casas daquela época, principalmente as casas de barro, casas de taipa, ter aqueles quadradinhos de barro, e isso ficou marcado, é por isso que faço muitas obras. Tenho outras linguagens que em várias fases de meu trabalho aparece como jazz. Os orixás aparecem em dado momento com muita força também, porque por ser negro, tem a coisa das raízes. Os orixás aparecem de forma muito forte na minha obra também. São os elementos que eu mais influencio no meu trabalho, porém, o mais forte deles são as casas, esses aparecem em modo abstrato em meus trabalhos e as esculturas, aparecem mais na figura feminina, até porque o corpo feminino tem mais curvas, é mais suave e mais simétrico.
Qual a diferença entre o toque do pincel e da espátula?
O pincel tem um resultado mais suave, linear e mais tranquilo, enquanto a espátula dá tridimensionalidade, a obra fica com relevo e o pincel é uma coisa mais suave, a obra mais limpa. A diferença é essa. Com espátula a obra mais rugosa.
Exposições na França, Itália e em seu atelier
Fiz exposições fora do país, como França, Itália. Na França, participei do ano do Brasil, em 2005. Era um ano em que toda a programação cultural da França era dedicada ao Brasil. Recebi um convite através de uma pessoa que trabalhava na área cultural da embaixada do Brasil para mandar o portfólio. Fui aprovado e participei da programação com uma exposição numa cidade francesa. Logo depois fui para Itália. Pouco tempo depois expus em duas cidades, Pescara e Ancona, são duas cidades do centro da Itália. Foi muito bom, abriu muito portas para mim na Europa. Colecionadores alemães gostaram muito de minha obra, um grupo de Frankfurt de empresário comprou muitas obras minhas. Tem obras nos Estados Unidos, Canadá, Amsterdã e Holanda.
Existe algum lugar do Brasil ou em outro país que o senhor pretende levar sua arte? Qual e por quê?
Poderia citar São Paulo ou Rio de Janeiro, porque são cidades metrópoles, cidades grandes e eu não expus nessas cidades individualmente. Poderia expor essas cidades. No exterior, gostaria de expor em Nova Iorque. É uma cidade múltipla, que abraça todas as pessoas. Talvez, quem sabe, no Japão também, acho que a obra talvez fosse bem aceita. Os japoneses gostam muito de trabalhos, principalmente tropicais. São os países que eu gostaria de expor.
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