Um ano após promessa, centro de boxe teve ‘evolução zero’, diz Robson
Campeão olímpico disse, em entrevista ao bahia.ba, que as pessoas perguntam pelo núcleo de treinamento anunciado pelo governo: “Eu fico sem saber o que responder”

Campeão olímpico no boxe em 2016 e invencível no ringue, o baiano Robson Conceição não conseguiu vencer ainda as promessas políticas.
Em entrevista exclusiva ao bahia.ba, o agora boxeador profissional invicto disse estar decepcionado com o governo do Estado por causa de juras não atendidas há, exatamente, um ano.
No dia 18 de agosto, o chefe do Executivo estadual, Rui Costa (PT), recepcionou o atleta em Salvador, após a conquista da medalha de ouro da Olímpiada do Rio.
Na ocasião, foi prometida a construção de um centro de treinamento de boxe, com investimento próprio de R$ 15 milhões. Além disso, foi anunciado um núcleo de treinamento da modalidade nas bases comunitárias.
“Até hoje não fui chamado para saber de nada. Não houve nenhuma reunião para saber de alguma coisa. Até hoje nada”, disse.
Ele conta que passa constrangimento ao ser perguntado pelos pais das crianças sobre o andamento do projeto.
“Eu fico sem saber o que responder. Fico sentido, e não é nem por mim, porque eu sofri e venci as minhas dificuldades. Estou superando os meus obstáculos, passo a passo. Fico triste mais pelas crianças e pelos jovens. Eu acreditei que iria acontecer pelo fato de ele [Rui] ter saído de uma comunidade, de uma favela, assim como eu. Acreditei realmente que iria acontecer”, contou.
Perguntado ainda se já ganhou apoio do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), Robson também mostra desalento: “O que eu ganhei? [risos] Nada”
Sobre o aspecto esportivo, o boxeador também admitiu que não deveria ocorrer a luta entre Mayweather – lenda do boxe –, e McGregor, do UFC, mas confirmou torcida para o colega de modalidade.
“Vai ser uma luta muito grande. Serão duas torcidas: a do boxe e a do MMA. Vai ser um grande espetáculo. No boxe muita coisa pode acontecer. McGregor pode acertar o Maywheater e mudar a história da luta, mas acho isso muito difícil. Maywheater já lutou contra os melhores e nunca conseguiram acertá-lo. Mas tudo pode acontecer. Porém, tenho certeza que o Maywheater vai ganhar fácil”, apostou.
Confira a entrevista na íntegra:

bahia.ba – Na sua última luta, você nocauteou o mexicano Bernardo Gomez em apenas 39 segundos e conquistou a quarta vitória consecutiva como profissional. Como está a sua preparação para a luta do dia 31 de outubro? Será o quinto triunfo?
Robson Conceição – A cada luta estou melhorando a minha performance. Um passo de cada vez. Estou a cada dia melhor. Tenho certeza de que estarei ainda mais preparado até lá. E, com certeza, vai ser mais uma grande luta.
.ba – Já está definido o local do combate? A dúvida é se será em Las Vegas ou Los Angeles, não é isso?
RC – O local continua incerto. Continua essa dúvida ainda.
.ba – Recentemente, o Mayweather, lenda do boxe, aceitou lutar com o Conor McGregor, que é do UFC. Como você vê essa luta? Vai torcer para quem?
RC – Com certeza para o Mayweather, né? Vai ser uma luta muito grande. Serão duas torcidas: a do boxe e a do MMA. Vai ser um grande espetáculo. No boxe muita coisa pode acontecer. McGregor pode acertar o Maywheater e mudar a história da luta, mas acho isso muito difícil. Maywheater já lutou contra os melhores e nunca conseguiram acertá-lo. Mas tudo pode acontecer. Porém, tenho certeza que o Maywheater vai ganhar fácil.
.ba – Há pouco tempo, o Popó, nosso outro campeão, afirmou que o combate entre os dois seria terrível para o boxe. Segundo ele, o irlândes do UFC não conhece absolutamente nada do esporte. O que você acha da declaração de Popó?
RC – Será terrível se o Mayweather perder, né? No meu caso, eu também não estava torcendo para que essa luta acontecesse. Não foi como eu esperava. Agora é torcer para que o Mayweather faça o que ele vem fazendo há muito tempo.

.ba – Há um ano, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), o recepcionou na Governadoria e prometeu a você criar núcleos de treinamento e um centro para competições de boxe. Houve alguma evolução em relação a isso?
RC – Evolução zero. Nenhuma. Até hoje não fui chamado para saber de nada. Não houve nenhuma reunião para saber de alguma coisa. Até hoje nada. Eu fico sentido e não é nem por mim, porque eu sofri e venci as minhas dificuldades. Estou superando os meus obstáculos, passo a passo. Fico triste mais pelas crianças e pelos jovens. Pais de família que às vezes me perguntam como está o andamento dos projetos ou quando poderão matricular os filhos, e aí eu fico sem saber o que responder. Fico sentido mais por causa deles. Eu acreditei que iria acontecer pelo fato de ele [Rui] ter saído de uma comunidade, de uma favela, assim como eu. Acreditei realmente que iria acontecer. Estamos há um ano da promessa e nenhuma conversa foi feita.
.ba – O que você achou da promessa? Acredita que foi mais oportunismo político ou acredita que ele deve fazer até o fim do seu mandato [dezembro de 2018]?
RC – Pode ser que sim e pode ser que não. Vamos esperar aí até o final do mandato dele para saber se ele se pronunciar. Estou aguardando. Espero que possa acontecer ainda. Mas até hoje não tive nenhuma informação sobre isso. Só ficou naquele dia mesmo. Teve foto, conversa e mais nada.
.ba – Você, como baiano, nascido aqui na capital, aprova a atuação da prefeitura de Salvador e do governo do Estado em relação ao esporte?
RC – O esporte na Bahia sofre muito. Hoje tem o ‘Bolsa Atleta’ que não é daqui da Bahia. Tem o ‘Bolsa Esporte’, esse é daqui da Bahia, mas há muita dificuldade para fazer as inscrições. O sistema aqui na Bahia de esporte é mínimo. Principalmente o boxe, que os brasileiros sempre representam bem, trazem muitas medalhas.
.ba – Depois de uma medalha de ouro na Olimpíada, o que você ganhou com o governo de Rui ou prefeitura de Neto?
RC – O que eu ganhei? [risos] Nada.
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