Publicado em 06/09/2025 às 06h30.

Abacaxi adoça o esperma? Confira mitos e verdades sobre o sexo

A sexóloga Alcione Bastos esclareceu essa e mais dúvidas envolvendo a sexualidade de homens e mulheres

Neison Cerqueira / André Souza
Foto: Reprodução/Meta IA

 

Comer abacaxi adoça o esperma? O uso da cannabis (maconha) potencializa o ato sexual? Os mitos, verdades e tabus do popular Dia do Sexo, celebrado neste sábado (6/9), envolve esses elementos envolvendo a sexualidade de homens e mulheres.

A data, embora não oficial, é uma referência à posição 69 e passou a existir no Brasil devido a uma campanha publicitária de uma marca de preservativos, em 2008, com o objetivo de alertar as pessoas para o uso da proteção no ato sexual.

Questões sobre prazer, orgasmo e até mesmo sobre o paladar do sêmen fazem parte do imaginário popular. Para desmitificar alguns pontos da sexualidade e sanar as duvidas do cotidiano o bahia.ba entrevistou a sexóloga Dra. Alcione Bastos, que esclareceu esses e tantos outros mitos, a fim de quebrar tabus em torno do tema, com foco no prazer mútuo e na liberdade sexual.

Orgasmo pode ser confundido com vontade de urinar?

Verdade! Segundo a especialista, é comum que mulheres confundam a sensação de orgasmo com vontade de urinar, já que a região é muito próxima à uretra. “Quando a excitação aumenta, a vontade de fazer xixi pode parecer mais intensa. Mas é importante destacar que o orgasmo é uma sensação completamente diferente e não tem relação direta com a micção”, explica Alcione.

E quando o homem ao invés de gozar, urina? A sexóloga aponta que essa situação se relaciona com o chamado “orgasmo seco”. “A ejaculação e o orgasmo são processos distintos: um depende do sistema nervoso central, o outro do sistema nervoso autônomo. Normalmente, eles acontecem juntos, mas podem se dissociar em alguns casos, como em homens vasectomizados ou que passaram por cirurgia de próstata. Há também situações em que o homem ejacula, mas não sente o orgasmo, o que configura uma disfunção orgástica”, afirma.

Comer abacaxi adoça o sêmen?

Mito! Essa é uma das perguntas mais comuns — e a resposta não é exatamente o que muitos imaginam. “O abacaxi não adoça o sêmen, mas altera o paladar. Frutas, em geral, deixam tanto o odor quanto o sabor mais agradáveis. Já alimentos gordurosos, condimentados ou ricos em frituras deixam o esperma com gosto e cheiro mais fortes”, disse Alcione.

A textura do sêmen pode mudar? De acordo com a sexóloga, a consistência do esperma varia de pessoa para pessoa e depende de fatores como hidratação e hábitos de saúde.

“Homens que consomem bastante água tendem a ter sêmen mais líquido. Já quem bebe pouca água pode ter um esperma mais espesso. É um processo parecido com a produção de leite materno: o organismo produz de qualquer forma, mas a quantidade e a textura dependem da ingestão de líquidos”, exemplificou.

A maconha potencializa o sexo?

Verdade! Usuários da cannabis, popularmente conhecida como maconha, relatam que a substância com propriedades medicinais e psicoativas potencializa o sexo. Dizem, inclusive, que pessoas fazem uso da substância transam 20% mais vezes do que as que não fumam. Mito ou verdade?

A sexóloga explica que, no uso recreativo “muitas pessoas relatam que sim, que dá uma maior excitação”. Nessa análise, ela entende o fato de as pessoas estarem mais relaxadas, sentindo aquela sensação de barato, é o que faz com que elas fiquem mais aptas ao sexo.

“Tem muito a ver com você não ter nem estresse, nem ansiedade. Então, quanto mais estresse e mais ansiedade, pior a qualidade do sexo. Altera não só a vontade, como também a resposta sexual. Altera o desejo, a excitação. Então, se você está num momento relaxado, se você está num momento de felicidade, com certeza você vai ter uma excitação melhor, uma qualidade de excitação melhor. E o desejo também”, garantiu a sexóloga.

Estresse atrapalha no desempenho sexual?

Verdade! Muitos casais não sabem, mas a rotina e o dia a dia, que pode chegar no estresse, prejudica, sim, o desempenho sexual, afetando a libido, a excitação e o orgasmo. “Influencia totalmente. Não só isso, como também a situação financeira, principalmente para o homem. Para o homem, uma das coisas que mais influencia a performance dele sexual é a situação financeira ou uma situação de doença também. Se você pensar que tudo o que está ao nosso redor, nosso meio ambiente, as pessoas, isso vai influenciar diretamente, porque a sexualidade está em como ela funciona”, explicou Alcione.

“Digamos que os hormônios neurotransmissores, as emoções estão em uma área do cérebro, que a gente chama de sistema límbico. Ela totalmente passível de alteração emocional. Então, tudo que você… Você tem mais cortisol porque você está mais estressado, você está com adrenalina, você está chateado, acabou de tomar um susto, uma coisa aconteceu, você com certeza vai ter uma dificuldade maior de relaxar e prejudica de ter o bom sexo. Então influencia bastante”, concluiu.

A masturbação em excesso prejudica a ereção?

Mito! Segundo a Dra. Alcione a masturbação em excesso não prejudica, mas ela sinaliza que tudo que é feito por vício ou demasiadamente termina causando algum tipo de transtorno. “Uma pessoa que tem um vício em pornografia e também tem um vício em se masturbar, uma pessoa que tem essa dependência, que faz aquilo de forma compulsiva, essa pessoa vai ter com certeza problemas”, disse.

Bastos garantiu que problema não é pelo fato de a pessoa se masturbar em excesso, mas sim porque ela está transtornada. “Ela está se sentindo mal pela própria compulsão. Ela tem um problema de saúde mental, que é a compulsão, certo? Mas não, é uma pessoa normal que gosta de se masturbar, se masturba duas, três vezes ao dia. Não tem problema, não. Isso aí não é considerado dependência, não”, pontuou.

A profissional desconstrói outro mito: a masturbação não significa que a pessoa perdeu no tesão no parceiro ou na parceira. “Quando a pessoa começa a trocar, ao invés de se satisfazer com o parceiro ou a parceira, se satisfaz de uma forma sozinha, mecânica, porque já não tem que trocar, negociar, se submeter a julgamento críticas. Então isso a vai fazendo com que pessoas mais tímidas ou pessoas que tem mais dificuldade de relacionamento, pessoas que estão com algum tipo de outro problema e aí usa a masturbação para poder descarregar as tensões”, disse Bastos.

A sexóloga relaciona à masturbação ao consumo repetitivo de frutas, guloseimas, sobremesas, por exemplo. Segundo ela, esse é o tipo de uso da masturbação somente para aliviar a tensão, como uma compulsão, ele vai fazendo com que a pessoa troque. “Se eu lhe oferecer, de hora em hora, um copo de suco, do mesmo suco, você vai ficar até meio ácido e não vai querer mais. Se a gente ficar consumindo a mesma coisa o tempo todo, a gente fica sem fome, sem vontade, não é verdade? Por mais que aquilo seja prazeroso, mas em excesso, enjoa. Ah, eu gosto de sorvete. Mas você vai ficar tomando sorvete? Várias vezes, várias vezes. Fica enjoado”, declarou.

A prática da atividade física ajuda no desempenho?

Verdade! Alcione afirma que, quando se pratica atividade física, várias substâncias na nossa corrente sanguínea que predispõe a gente, que deixa a gente com mais fôlego, com mais entusiasmo, com mais motivação, são liberadas.

“A pessoa que pratica atividade física, é uma pessoa que ela tem mais prazer em praticar outras atividades físicas, porque a relação sexual é uma atividade física. A menos que você faça sexo só meditativo”, brincou.

A falta de sexo prejudica os órgãos genitais?

Mito! “Vai dar teia de aranha”. É uma das piadas mais ouvidas por quem não transa por um determinado tempo. A falta de sexo não ativa nenhuma das duas, mas pode causar desconforto físico e psicológico, afetando a sensibilidade, a lubrificação e o humor, podendo levar a ansiedade e frustração. Dra. Alcione desmentiu mais um mito.

“Não. Não, essa aí não. Não prejudica, não. A gente tem algumas piadas que se fala, né? Vai ‘enferrujar’, não sei o que, não é isso? Mas, realmente, eu preciso dizer que não, viu? Agora, tem homens que dizem que quando demora muito de ejacular, eles ficam com o testículo doendo, essas coisas existem, né? Mas, não que se a pessoa tá num período se desconecta do sexo, você não vai se prejudicar em nada. É uma troca. Você está trocando a energia que você jogaria no sexo e está jogando em outra área da sua vida”, garantiu a profissional.

Neison Cerqueira

Jornalista. Apaixonado por futebol e política. Foi coordenador de conteúdo no site Radar da Bahia, repórter no portal Primeiro Segundo e colunista nos dois veículos. Atuou como repórter na Superintendência de Comunicação da Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas e atualmente é repórter de política no portal bahia.ba.

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