Publicado em 05/11/2025 às 06h00.

‘De Volta para o Futuro’ completa 40 anos em uma jornada que desafia o tempo

Conheça curiosidades, bastidores e o legado de um clássico atemporal, sendo relançado nos cinemas nesta quarta-feira (5)

João Lucas Dantas
Pôster oficial de “De Volta Para o Futuro”

 

De Volta Para o Futuro (Back To The Future), de Robert Zemeckis, completa 40 anos em 2025, com a data sendo celebrada nesta quarta-feira (5), com um relançamento especial nas salas de cinemas brasileiras, com direito a toda pompa e circustância para comemorar este marco cinematográfico.

Lançado originalmente em 1985, pela Universal Pictures, com roteiro do próprio Zemeckis, em parceria com Bob Gale, é um filme norte-americano, que custou cerca de US$ 19 milhões à época. Um valor modesto, para o impacto cultural que viria a ter, mesmo após quatro décadas.

O adolescente Marty McFly (por Michael J. Fox) é transportado para o ano de 1955 quando uma experiência do excêntrico cientista Doc Brown (Christopher Lloyd) é malsucedida.

Marty viaja pelo tempo em um carro modificado e acaba conhecendo seus pais ainda jovens. O problema é que ele pode deixar de existir porque interferiu na rotina dos pais, que correm o risco de não se apaixonarem mais. Para complicar ainda mais a situação, precisa voltar para casa a tempo de salvar o cientista.

Curiosidades e bastidores

Um dos episódios mais famosos dos bastidores de gravações foi a troca de atores. Originalmente Eric Stoltz filmou seis semanas como Marty McFly, mas foi substituído em segredo por Michael J. Fox.

A equipe regravou cenas inteiras e Fox deu ao personagem uma energia mais leve e divertida, já que a seriedade de Stoltz e a falta de química com o resto do elenco, não estava agradando às mentes criativas por trás do filme.

Eric Stoltz em cena descartada da versão final

 

Nos primeiros rascunhos do roteiro, a máquina do tempo não era um carro, e sim uma geladeira. A ideia original era que Marty entraria em uma câmara de testes construída dentro de uma geladeira de chumbo, usada em um experimento de energia nuclear.

O plano era que ele viajasse no tempo dentro do eletrodoméstico, e a viagem seria acionada durante um teste de bomba atômica no deserto, um conceito que mais tarde lembraria a cena de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (Dir. Steven Spielberg; 2008), quando Indy sobrevive dentro de uma geladeira em um teste nuclear (um aceno direto a essa ideia descartada).

Porém, Steven Spielberg (produtor do longa) e a equipe perceberam dois grandes problemas. Primeiro, o perigo real, onde era temido que crianças, inspiradas pelo filme, entrassem em geladeiras de verdade tentando “viajar no tempo”.

O segundo grande impeditivo foi a dficuldade narrativa. Era muito complicado filmar e transportar esta máquina do tempo. O conceito limitava a história e impedia cenas dinâmicas.

Foi então que Robert Zemeckis teve o insight que mudaria tudo: “E se a máquina do tempo fosse algo móvel? Algo que o próprio Marty pudesse dirigir?”

Eles queriam algo com aparência futurista e distinta e que também fosse verossímil dentro do universo dos anos 80. O carro DeLorean DMC-12, com suas portas asa de gaivota e design de aço escovado, parecia saído diretamente do futuro. Além da estética, havia um toque simbólico e cômico. O DeLorean era um carro que fracassou comercialmente, mas no filme se tornou um ícone eterno.

O visual foi completado pelo lendário designer Ron Cobb, que criou o “coração” da máquina, o capacitor de fluxo, e os cabos, luzes e tubos que davam ao veículo uma aparência científica e caótica. Hoje, é um dos veículos mais famosos da história do cinema, ao lado do Batmóvel e do Ecto-1 (Os Caça-Fantasmas).

Outro detalhe interessante de se notar é que quando Marty vai ao futuro, chega no ano de 2015 no filme. Na vida real, já estamos em 2025, portanto, faz 10 anos que o personagem se transportou para o nosso tempo. Porém, até hoje não vemos carros voadores por aí, como no filme.

Doc Brown e Marty McFly em cena do filme

 

Impacto cultural e legado

De Volta para o Futuro é considerado um ícone da cultura pop até os dias de hoje. O filme foi preservado pelo National Film Registry dos EUA por ser “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo”.

Quadros e frases do filme viraram memes e referências constantes – por exemplo, o próprio presidente Ronald Reagan citou a fala “onde vamos, não precisamos de estradas” em discurso nacional em 1986.

A data de 21 de outubro (dia em que Marty chega a 2015 no filme) virou celebração nas redes sociais. Em 2015, cerca de 27 milhões de postagens comemoraram o Dia do De Volta Para o Futuro.

A aventura ainda influenciou gerações posteriores, o próprio Michael J. Fox comparou seu papel ao de um clássico como O Mágico de Oz, afirmando que De Volta para o Futuro atrai o público jovem por não parecer “um filme velho”.

Cena do longa

 

Prêmios e recepção crítica

A crítica reagiu muito bem ao filme, que mantém 93% de aprovação ao agregador de críticas Rotten Tomatoes, e é descrito como “inventivo, engraçado e repleto de emoção”.

De Volta para o Futuro foi indicado a quatro Oscars (incluindo Melhor Roteiro Original e Melhor Canção, por “The Power of Love”) e venceu por Melhor Edição de Som em 1986.

Na premiação britânica BAFTA teve cinco indicações (como Melhor Filme e Roteiro). Nos Estados Unidos, faturou três Saturn Awards (Melhor Filme de Ficção Científica, Melhor Ator para Fox e Melhores Efeitos Visuais) e ainda o Hugo de Melhor Apresentação Dramática pela história de viagem no tempo.

Em festivais e público geral foi um fenômeno: no Globo de Ouro o filme foi favorito de público, e no People’s Choice de 1986 foi eleito Filme Favorito.

Comemorações dos 40 anos

Para celebrar os 40 anos, De Volta para o Futuro retornou às telonas. Nos EUA, a Universal anunciou que o clássico voltaria aos cinemas em 31 de outubro de 2025, em formatos premium como Dolby Cinema e IMAX. No Brasil, sessões especiais foram programadas de 5 a 12 de novembro de 2025, com ingressos já à venda.

Em paralelo, há lançamentos comemorativos em mídia física. Uma caixa especial da trilogia em 4K Ultra HD será lançada em 14 de outubro, além de edições de aniversário em Blu-ray e digital anunciadas pela Universal.

O sucesso de De Volta para o Futuro gerou duas continuações. De Volta Para o Futuro II chegaria às telonas em 1989 e De Volta Para o Futuro III encerraria a saga de McFly em 1990.

Christopher Lloyd ao lado de Michael J. Fox em 2020. Foto: Reprodução/ Redes sociais

 

Uma jornada atemporal

Ao completar 40 anos, De Volta Para o Futuro transcende a definição de um mero filme de ficção científica. Ele se estabeleceu como um marco cultural irrefutável, cuja narrativa de aventura, a química perfeita entre Michael J. Fox e Christopher Lloyd, e o icônico DeLorean, provam ser elementos atemporais.

As curiosidades de bastidores, como a substituição de Eric Stoltz e a descartada máquina do tempo-geladeira, apenas sublinham a importância das escolhas criativas que solidificaram seu sucesso.

Com o relançamento em 2025, a celebração não é apenas um ato de nostalgia, mas a afirmação de que, apesar de o mundo real de 2025 ainda carecer de carros voadores, o legado de Marty McFly e Doc Brown continua a inspirar novas gerações, confirmando o seu status como um dos maiores e mais influentes filmes da história do cinema americano.

João Lucas Dantas
Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA

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