Crise da aids em Salvador tem ‘face majoritariamente negra’, denunciam ativistas
83% das mortes por aids no país são de pessoas negras; taxa de detecção do vírus em gestantes dobrou na capital baiana em 10 anos

“Quem está morrendo é gente preta, negra, parda. 83% das mortes [de pessoas que vivem com HIV] no país são de pessoas negras. Não há esforço para que essas pessoas deixem de morrer. A gente entende isso como necropolítica, controle social através da saúde. E a aids claramente está sendo usada assim aqui em Salvador”, afirma Ton Shübber, 39 anos, coordenador da Coalizão Baiana dos Movimentos Sociais em HIV/aids Bahia (COAB+).
No Dia Mundial de Luta Contra HIV/Aids, neste 1º de dezembro, movimentos sociais fizeram uma marcha do Elevador Lacerda até a Secretaria de Saúde de Salvador (SMS) para entregar uma carta que denuncia os índices de detecção do vírus na população local. Os ativistas defendem que o dezembro vermelho deve ter o mesmo status que outros meses temáticos, como o outubro rosa e novembro azul. É a data para comunicar sobre prevenção para infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) e sensibilização acerca do estigma da aids.
A carta manifesto da COAB+, rede formada por organizações de apoio a pessoas vivendo com HIV (PVHA), diz que existe uma crise da aids em Salvador, com face majoritariamente negra. A carta expõe dados do último Boletim Epidemiológico – HIV e Aids 2024, elaborado pelo Ministério da Saúde com integração e cruzamento de informações de quatro sistemas nacionais obrigatórios (Sinan, SIM, Siscel e Siclom), além de dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com os dados de raça e cor do boletim, em 2023 a maioria dos casos de infecção pelo HIV ocorreu em pessoas negras (63,2%), sendo 49,7% pardas e 13,5% pretas, e 30,7% em pessoas brancas. Segundo a coalizão, esta realidade seria o resultado da omissão do poder público e do racismo estrutural, manifestado no diagnóstico tardio e na alta taxa de mortalidade por aids, que excede o dobro da média nacional.
Henrique Ávila, 35 anos, coordenador de impacto da ONG Motirô Bahia, diz que existe uma ineficiência das políticas públicas, falta de investimento e vontade política da gestão municipal. Segundo ele, a prefeitura “tenta, tenta, tenta, tenta, mas não avança”. Ele explica que a pauta do conservadorismo e a mudança de chefias “impedem que haja um avanço significativo na prevenção e no cuidar das pessoas que vivem com HIV”.
“Os tomadores de decisões estão negligenciando a pauta da Aids na Bahia e em Salvador”, afirma Ávila. Ele é acompanhado no SAE/CTA Marymar Novais (Serviço de Atendimento Especializado/Centro de Testagem e Aconselhamento), onde relata que há falta de profissionais para prestar atendimento. “No serviço municipal de tratamento está faltando enfermeiro para fazer o básico, inclusive para ofertar serviço de prevenção”, diz.
De acordo com Helena Lima, coordenadora da Atenção Especializada da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), as ações da pasta quanto ao HIV são conjuntas, envolvendo toda a rede e são coordenadas pela diretoria de atenção primária à saúde, a diretoria de atenção especializada e a diretoria de vigilância.
Ela diz que neste dezembro vermelho as ações são intensificadas com campanhas de prevenção e testagem nas unidades de saúde. “Nós também teremos o seminário PosHITivamente no dia 5 de dezembro, alusivo ao mês de dezembro vermelho, que envolve ativistas, movimentos sociais e sociedade civil organizada junto a profissionais de saúde. Essas campanhas precisam ser fortalecidas para chegar com a linguagem mais aos jovens”, afirma Helena.
De acordo com o novo relatório “Superando a Interrupção: Transformando a resposta à Aids” (em tradução livre) do UNAIDS (programa da ONU de resposta global à epidemia de HIV/aids), divulgado no dia 25 de novembro, 40,8 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo, 1,3 milhão de novas infecções ocorreram em 2024 e 9,2 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao tratamento.

HIV em Salvador
De acordo com o boletim, em 2023 foram notificados 1.043 casos de infecção pelo HIV em Salvador, com uma taxa de detecção de 36 casos por 100 mil habitantes. A cidade ocupou a 16ª posição entre as capitais. Em relação a aids, foram 794 casos naquele ano, com taxa de detecção de 27,4 e de mortalidade de 6 óbitos por 100.000 habitantes, ficando na 13ª posição entre as capitais.
Na comparação histórica de dez anos, em 2013 foram registrados 310 casos de infecção pelo HIV, com taxa de 11,1 por 100 mil/hab. Foram 925 casos de aids, com taxa de 33,3 e coeficiente de mortes de 9 para 100 mil habitantes.
O boletim mostra que, embora Salvador tenha visto uma queda significativa no coeficiente de mortalidade por aids entre 2013 (9) e 2023 (6), e uma redução na taxa de detecção de aids no mesmo período (de 33,3 para 27,4 casos/100 mil hab.), a taxa de detecção de HIV em gestantes mais que dobrou, passando de de 3,1 para 6,2 casos a cada 1 mil nascidos vivos (NV).
Em 2023 foram 160 casos de gestantes com infecção pelo HIV, com taxa de detecção de 6,2 por 1 mil NV. Salvador ficou em 7º lugar entre as capitais na taxa de detecção de gestantes com HIV.
HIV na Bahia
A Região Nordeste registrou, em 2023, 12.486 casos, representando 26,9% do total nacional, com um aumento de 33,1% no número de casos de infecção pelo HIV entre 2020 e 2023.
Entre 2007 e junho de 2024, a Bahia notificou um total de 25.936 casos de infecção pelo HIV no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Apenas em 2023, foram detectados 2.665 casos de HIV. Em 2013, foram notificados 887 casos.
Em relação à aids, o total registrado no estado, de 1980 a junho de 2024, foi de 46.448 casos, sendo 2.128 só em 2023, com taxa de detecção de 14,2 por 100 mil habitantes. Comparando com 2013 (14,9 casos/100 mil hab.), a taxa de detecção de aids na Bahia teve um declínio.
Segundo o boletim, 14.725 pessoas morreram em decorrência da aids na Bahia, de 1980 a 2023. Em 2023 foram 610 mortes, com taxa de mortalidade 3,3 óbitos óbitos/100 mil hab. Na comparação histórica a mortalidade reduziu de 3,9 óbitos/100 mil hab. em 2013 para 3,3 óbitos/100 mil hab. em 2023.
Entre 2013 e 2023, o Nordeste apresentou um aumento expressivo na taxa de detecção de gestantes com infecção pelo HIV, com aumento de 69,3%. Entre 2015 e junho de 2024, a Bahia notificou 3.393 casos de crianças expostas ao HIV. Em 2023, foram notificados 317 casos.
A Bahia apresentou um menor percentual de casos de aids notificados no Sinan (59,2%) em relação ao total de casos registrados (Sinan, SIM e Siscel/Siclom), o que pode indicar subnotificação nesse sistema.
Políticas públicas
Para reverter este quadro de “necropolítica”, a COAB+ exige o fim da sabotagem de dados, a distribuição equitativa de políticas de prevenção, como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e o compromisso público das gestões com as ambiciosas metas UNAIDS 95-95-95. O Brasil é signatário da proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas (ONU) para a eliminação da aids como problema de saúde pública até 2030.
Para alcançar esse objetivo, o país pactuou as metas 95-95-95 até 2030:
- Diagnosticar 95% das pessoas vivendo com HIV e/ou aids;
- Tratar 95% das pessoas diagnosticadas;
- Ter, pelo menos, 95% dessas pessoas em tratamento com carga viral suprimida (abaixo de 1.000 cópias/mL);
Além disso, o Brasil visa reduzir a taxa de incidência de HIV e o número de óbitos por aids em 90% até 2030, em comparação com os índices de 2010. A eliminação da aids compõe uma das metas do Programa Brasil Saudável – Unir para Cuidar, instituído em 2024.
“A gente precisa de dinheiro”, afirma Ávila, ao enfatizar que a resposta à aids é uma questão de justiça e requer alocação de recursos. “A prefeitura precisa se engajar no processo com investimento, escuta e participação social.” Para ele, a política pública será ineficaz se não houver escuta da sociedade civil, que tem uma rede que dá dicas de como trabalhar e existem incentivos federais. “Sem investimento e atenção devida, a cidade continuará andando em círculo com índices aumentando, pessoas recebendo diagnóstico tardio”, diz.
Vivendo com HIV
Shübber é designer, fotógrafo, trabalha no Centro de Promoção e Defesa da População LGBT (CPDD) e é ativista. Ele descobriu que era soropositivo em 2017, em um contexto que considerava seguro, pois tinha informação, mas não o que ele chama de cultura da testagem, a prática de realizar exames com frequência.
“A gente entra numa relação e sente vergonha de pedir ao parceiro: ‘você pode me apresentar seu teste de IST?’ Que é uma coisa simples, é um cuidado”, diz.
Ao adoecer e realizar um teste, soube da sua sorologia. Foi quando o seu parceiro da época revelou que também vivia com o vírus. Ele não investigou se havia se infectado naquele relacionamento, pois já tinha se exposto outras vezes. “A gente abriu mão do preservativo. Então, não adianta procurar quem é culpado nesse momento.” Shübber buscou o serviço de saúde, mas o parceiro continuou desenvolvendo a doença.
“Ele já estava com aids avançada, tinha abandonado o tratamento por conta do estigma.” Shübber diz que o parceiro teve que mudar o acompanhamento para outro equipamento de saúde e acabou vendo pessoas conhecidas no novo local. “Ele ficou aterrorizado e foi embora. Não pediu ajuda de ninguém, interrompeu o tratamento e seguiu até desenvolver a doença.”
Duas faces do vírus
“Eu vivi ali as duas fases do HIV. Primeiro, eu descobri o meu diagnóstico e comecei a me cuidar. Sendo que ao mesmo tempo eu tava vendo o meu companheiro depauperando” Shübber destaca que ao iniciar o tratamento antirretroviral, a pessoa que se trata fica indetectável para o vírus, o que é igual a intransmissível. “Você não passa o vírus nem com relação sexual desprotegida. O que a gente mais conquistou ao longo desses 40 anos foi esse status de indetectabilidade.”
Ao mesmo tempo, ele acompanhava o avanço da síndrome da imunodeficiência adquirida, a aids, no parceiro. “Ele vinha perdendo as forças, lutando contra a aids, e a gente sem saber como fazer, contando com o SUS”, diz. Após cinco meses internado, o companheiro morreu. “Eu vi a face da aids de perto, como uma pessoa com a síndrome ativa se comporta.”
O designer diz que nem no hospital o parceiro encontrou o acolhimento e tratamento a que tinha direito como paciente, sofrendo preconceito e negligência da equipe responsável. “O mais violento de tudo foi estar num hospital e os profissionais de saúde não protegerem aquela pessoa”, afirma Shübber.
Estigma
Para Shübber, a discriminação está relacionada ao pensamento cristão e ao estigma criado na década de 1980 de que a aids é um castigo divino. “Essa compreensão está arraigada nas pessoas até hoje”, diz. Ele relata que foram ofendidos após recusarem visitas de missionários no hospital porque o companheiro não estava bem. “A gente ouvia assim: ‘essa desgraça tem que morrer. Vai pro inferno.’”
“Por mais que você lute, ninguém vai respeitar uma pessoa vivendo com HIV, que é homossexual, dentro de um hospital público. Foram diversas outras intervenções. Isso que eu acho que é o lado ruim, é o lado que a gente precisa combater, que é o estigma.
Dados do Índice de Estigma 2025, do UNAIDS, mostram que 52,9% das pessoas que vivem com HIV no Brasil já vivenciaram algum tipo de discriminação ao longo da vida e 38,8% relataram fofocas ou comentário discriminatório por familiares. Os dados também revelam violações graves dos direitos humanos enfrentadas por pessoas vivendo com HIV (PVHA) no Brasil, como discriminação institucional, quebra de sigilo, coerção em serviços de saúde e violência física.
Em setembro deste ano, a prefeitura de Feira de Santana divulgou no Diário Oficial do Município uma lista com nomes e outros dados de PVHA. Segundo o estudo, além de ferirem a dignidade, essas violações também criam barreiras ao tratamento e à prevenção do HIV.
“O estigma vai estar na nossa família, no profissional de saúde, nos nossos amigos, relacionamentos, porque a grande base no medo do estigma é infectar as pessoas ou morrer. Eu não vou começar uma relação com uma pessoa vivendo com HIV porque ela pode falecer ou ela pode adoecer e me passar. Com o tratamento antirretroviral, a TARV, a gente alcança tudo isso [a intransmissibilidade].”

Ativismo positivo
Henrique Ávila, 35 anos, geógrafo e psicólogo, iniciou o ativismo nos movimentos sociais de PVHA ainda na juventude, após receber o diagnóstico aos 16 anos e encontrar naquele espaço acolhimento e apoio. Natural de Tocantins, estado da região amazônica, que ele considera “extremamente homofóbico e machista”, ele relata que a descoberta foi um momento difícil.
“Não era uma condição fácil de se viver, principalmente pelo estigma. Embora tenha tratamento, a maior barreira de se descobrir HIV positivo está em aceitar essa condição. Você é gay e aí você se descobre HIV [positivo]. Você já tinha aceitado que era gay, saiu do armário e aí é todo um processo para você lidar com a soropositividade”, afirma Ávila.
Ávila entrou na rede de jovens positivos em 2009, espaço onde se sentiu abraçado. Para ele, encontrar comunidade no ativismo e com o parceiro com quem vive há 20 anos foi fundamental para seu fortalecimento. “Ter família. Ter outras pessoas que me apoiassem e que me acolhessem.”
Medidas de prevenção
Helena, gestora na SMS, diz que para aqueles usuários que não forem positivos, a equipe aconselha a realização do teste pelo menos uma vez a cada ano. “A testagem regular é uma medida de prevenção, porque caso a pessoa seja infectada, ela oportunamente já inicia o tratamento com grande chances de se tornar indetectável e com isso quebrar a cadeia de transmissão para outras pessoas”, diz.
Ela destaca que o município oferta diversas medidas de prevenção combinada, que vão além do preservativo, como a PREP (Profilaxia Pré-Exposição), realizada nas unidades de atenção primária à saúde. A PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é realizada nas unidades que têm o perfil de atendimento de urgência, com cinco unidades que disponibilizam esta medicação na capital baiana.
“A profilaxia para exposição [que inclui PREP e PEP] é voltada para qualquer usuário que queira fazer essa profilaxia com a orientação da equipe que vai estar acompanhando. É importante principalmente para pessoas que não se adaptam a nenhuma outra forma de prevenção”, diz Helena.
Profilaxia pós exposição (PEP)
Matheus, 26, mora em Salvador e foi orientado por uma equipe do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) a procurar uma unidade de saúde após auxiliar uma pessoa gravemente ferida na cabeça. “Esse rapaz caiu na escada e abriu a cabeça em Y”, diz Matheus, que pediu para não ter seu sobrenome revelado.
Ele e mais dois primos seguraram a cabeça do homem desconhecido para estancar o sangue e ajudaram a equipe do SAMU no resgate. Seguindo orientações, foram de Castelo Branco até a unidade de saúde mais próxima, em Itapuã, onde recomendaram a PEP para os três que tiveram contato prolongado com o sangue. Matheus destacou a eficiência, o sigilo e a rapidez. Após as conversas com os profissionais de saúde, fizeram os exames, e já saíram da unidade com o remédio na mão.
Matheus diz que como o remédio foi criado principalmente para pessoas que trabalham com sexo ou vítimas de violênncia sexual, “foi algo muito inusitado.” Ele e seus primos tomaram o remédio durante 28 dias e sentiram que era “forte”. Os efeitos colaterais incluíram olho visivelmente amarelado, tontura e ressecamento da boca e dos lábios. Um deles também sentiu enjoo. Eles compartilharam suas experiências em um “mini diário” privado no Instagram, monitorando os efeitos colaterais e ajudando uns aos outros a lembrar de tomar o remédio. “Foi um ambiente de acolhimento importante”, diz Matheus.
Profilaxia pré-exposição (PREP)
João* sabia da existência da PrEP desde os 18 anos, mas o acesso era difícil. ”Aqui em Salvador a gente poder ter acesso a ela naquela época era difícil, era só para população de risco”, diz. O desejo de tomar a medicação vinha do receio de contrair o vírus, mesmo utilizando preservativo. Ele tentou buscar a medicação em Salvador, mas encontrou barreiras.
João conseguiu acessar a PrEP em 2023, quando foi morar em São Paulo. Ele continua o uso após retornar a Salvador, sendo atendido pela prefeitura de Lauro de Freitas. João utiliza a PrEP de forma contínua, com ingestão diária do medicamento. Ele relatou ter sentido efeitos colaterais apenas no início do tratamento, com mal estar nos primeiros 15 dias.
Ele diz que se sente mais seguro e aliviado pela medida de proteção, mesmo que só proteja do HIV, e não de outras IST’s, como gonorreia e sífilis. “A PREP é a prevenção mais fácil que tem. [Melhor] do que você ter relação sem camisinha e ter que fazer a PEP. Se você pudesse fazer o uso dela, é mais interessante do que só remediar depois”, afirma João.
Ele também destacou a importância da PrEP estar disponível no sistema público como uma porta de entrada que facilita o acesso a outros recursos de prevenção. “Quando a gente vai fazer a testagem, precisa pegar medicamento, a gente tem acesso a cartilha e tudo mais. Você acaba tendo mais formas de prevenção sem perceber. Caso você não tenha dinheiro para comprar um preservativo e gel, já tem seu acesso facilitado, que é de graça”, diz João.
O estudo do UNAIDS afirma que fornecer PrEP injetável para 2 milhões de pessoas com maior incidência de HIV por ano, semestralmente, poderia evitar 50 mil novas infecções por HIV em três anos.
Para quem vive com HIV, há um fluxo de encaminhamento para o cuidado especializado. Helena destaca que existem três ambulatórios municipais para realizar o acompanhamento: o SAE São Francisco, SAE Liberdade e SAE Marymar Novais .
“O serviço de atenção especializada realiza todas as ações de acolhimento. Nessas unidades, o usuário vai ter uma equipe multiprofissional capacitada para acolher, tirar suas dúvidas.” Segundo ela, essa equipe multiprofissional inclui médicos infectologistas, generalistas, enfermeiras, assistentes sociais, farmacêuticas, técnicas de enfermagem e psicólogos. “Essa equipe vai garantir o cuidado integral para as pessoas que vivem com HIV”, afirma.

Intercâmbio lusófono
Agnaldo Sebastião, conhecido por Austin Gil, 26 anos, é angolano e diretor-geral da Íris Angola, primeira organização LGBT do país. Na Conferência Mundial da Aids, em 2024, conheceu Ávila e Shübbe. “Nós começamos a conversar para criarmos uma sinergia para valorizar a nossa língua e articular as ações dos países que falam língua portuguesa”. Ele veio para o Brasil fazer um intercâmbio de aprendizado sobre resposta ao HIV/Aids.
Para Austin, “o Brasil, apesar de tudo, é um país muito avançado” nos movimentos sociais e ONGs, sendo referência na resposta ao HIV. “Em relação aos países africanos como Moçambique, Angola, que ainda estamos começando. Ainda temos muitas barreiras e temos que aprender muito com o Brasil”, diz.”Somos um movimento pequeno, existimos há 10 anos e vivemos com muita exclusão, falta de protagonismo e de fortalecimento”, afirma.
Segundo ele, a ideia é fortalecer e aproximar o Brasil dos países portugueses africanos e mobilizar recursos para realizar ações conjuntas. “Estou com pessoas que têm muito conhecimento de lutas sociais, de inclusão, então estou a beber muito deles, estou a me enriquecer para observar tudo e levar pro meu contexto e trazer coisas novas para crescer a nossa luta, nossos espaços e impactos”, conclui Austin.
*João é um nome fictício para preservar a identidade da fonte.
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