Na chuva e na lama: Off Road leva aventura para fora das estradas
Clubes dedicados à prática da modalidade extrema crescem no estado e movimentam economia e interesse do público

Já faz 24 anos desde que Jurassic Park, a fantasia comandada por Steven Spielberg, foi lançado nos cinemas do mundo inteiro e se tornou um sucesso estrondoso de bilheteria e crítica, além de ter trazido os dinossauros de volta ao imaginário coletivo da época.
Porém, enquanto as criaturas eram alvo de interesse da maioria, os olhos do empresário Joílson Bocca, ou Bocca de Gude, como é mais conhecido, se voltavam para outro colosso.
Dono de uma réplica de um Jeep Wrangler, como o destruído pelo icônico T-Rex do filme, Joilson é um dos aficionados pelos singulares veículos, utilizados na prática do Off Road. “Fiz questão de fazer uma réplica igualzinha ao Jurassic Park. Não foi o filme que me encantou, foi o Jeep. É um modelo único, acho que só eu tenho na Bahia”, confessou orgulhoso, em entrevista ao bahia.ba.
Empresário do ramo da metalúrgica e da empresa de customização de carros do tipo, a Be Off Road, Joílson é também diretor técnico do WJC – Wrangler Jeep Club, que reúne os entusiastas de um ramo alternativo da indústria automobilística, que já movimenta eventos para mais de 5 mil visitantes por dia na capital baiana e leva caravanas para o interior do estado em busca de aventura.

Cultura off road – Termo vindo do inglês, off road significa “fora da estrada” e é designado para toda a prática esportiva em locais que geralmente não possuem estradas pavimentadas, calçadas ou qualquer estrutura urbana, e onde as dificuldades naturais se colocam como obstáculos a serem superados em busca da adrenalina. Como o próprio Joílson define: “O Off Road está no sangue, então, onde tiver lama e chuva, estaremos lá”.
Diretor técnico do WJC – Wrangler Jeep Club, que conta com mais de 40 associados, ele esteve presente como expositor na Exporural deste ano, que segue no Parque de Exposições de Salvador até esta segunda-feira (21).
Por serem veículos customizados e de uso extremo, com baixa adequação para o trânsito urbano, o investimento em um carro do tipo costuma ser bastante caro, porém a recompensa, segundo Bocca de Gude, vale o esforço, mesmo em tempos de crise na indústria automotiva.
“A crise afetou todo mundo. Tínhamos muita procura por customização de veículos e a procura diminuiu um pouco. Viemos com três veículos para expor na feira e, por incrível que pareça, vendemos um no sábado passado por R$ 180 mil”, revelou. “Mas o amor é tão grande pelo off road, que quem tem seu veículo não deixa de fazer. O Jeep é como se fosse um Lego. Sempre se coloca uma coisa ali, aqui, nunca deixamos de montar. Isso é o nosso final de semana, a nossa brincadeira”, contou.

O clube – Única associação de off road da Bahia convidada para a exposição automotiva da feira, o WJC – Wrangler Jeep Club nasceu da iniciativa de reunir entusiastas da prática para a troca de experiências sobre a modalidade, mas acabou por se tornar uma grande reunião de amigos com um interesse em comum, como conta Afrânio Freire, o “Peppa”, presidente do grupo.
“É um clube de Wrangler, com gente que já participava de outros clubes, mas que tinha uma afinidade a mais. Além de curtir o off road, a gente sempre se reúne para cozinhar junto, gostamos de gastronomia, de reunir as nossas famílias e achamos por bem criar um clube nosso”, revelou.
Mesmo que a prática levante valores que passam bem longe da realidade da maioria da população brasileira, já que, para efeito comparativo, um Jeep Wrangler no site da montadora é listado por R$ 195 mil, muito distante dos R$ 40 mil do Chevrolet Onix, o carro popular mais vendido em 2017 até então, o publicitário não vê a modalidade off road como privilégio de um grupo fechado.
“O off road já foi uma atividade muito mais cara e inacessível do que é hoje. Se a pessoa quiser fazer off road hoje em dia, compra um 4×4 mais em conta, gasta mais um R$ 10 mil de customização e equipamentos, entra em um dos clubes e já participa. Não é mais um atividade de R$ 100/200 mil. A globalização trouxe os acessórios para gente, trouxe mais equipamentos a preços competitivos e facilitou. Agora, claro que tem carros mais preparados para a atividade que podem ir até R$ 250mil”, indica. “A crise atrapalha como em todo o setor, mas não é uma atividade que está distante do trabalhador não”, complementou Peppa.
Na página do Facebook do clube, fotos de passeios, reuniões e carros em condições adversas dão o tom do que o clube define como seus três pilares: Família, Aventura e Amizade.

Customização – O discurso de Peppa sobre o grupo não ser fechado é seguido por Alessandro Moura, o Barroca. Para o empresário e administrador, à frente da Extreme Off Road, empresa de customização de carros para a prática sediada em Brumado, que conta com pouco mais de 4 mil seguidores nas redes sociais, a modalidade movimenta muito mais do que apenas amantes de carros e adrenalina.
“O off road é uma válvula de escape. A crise gera estresse e o off road diminui o estresse. Sem contar que nós fazemos isso para estarmos perto um dos outros, né? Levamos nossas famílias, temos esse contato com os amigos e isso é muito bom”, avalia.
Dono da estrela do stand, uma picape F75 manualmente customizada e transformada em uma “Rural Bicudinha 51”, Barroca a trata como o xodó da sua coleção pessoal, que atualmente conta com seis jipes. No entanto, ele não abriria mão de uma boa oferta pela “bicudinha”. “É um carro todo feito na mão, nada de fibra. É um carro para uso extremo mesmo. Só vendo pelo dobro, porque aí eu monto outro”, afirmou, aos risos.

O off road na Bahia – Quem vê os carros limpos e brilhando nas fotos de divulgação e nos eventos, não imagina o estado dos colossos de metal durante as trilhas e expedições organizadas pelos grupos e caravanas da modalidade no estado.
Uma das mais procuradas, a Trilha de Araçás, deve reunir cerca de 150 veículos no município de Araçás, a cerca de 100km de Salvador, no dia 19 de setembro. A rota, que conta com um percurso de aproximadamente 35km, é dividida entre a leve, dedicada ao passeio e a tranquilidade, e a pesada, que conta com muita lama e travessias por rios e poças.
Como não há lama onde não há chuva, medidas foram adotadas para o caso de as condições climáticas não favorecerem. “Para garantir a dificuldade caso não chovesse, a gente fez algumas intervenções para assegurar que não baixasse o nível da água. Mas com respeito pela questão ambiental”, garantiu Silverlon Dantas, o Baratão, organizador do evento.
Outros circuitos, como a Trilha do Cabaço, em Mata de São João, e a Trilha do Dendê, em Taperoá, movimentam o calendário do off road baiano, junto a rotas diversas em municípios como Camaçari, Chapada, Mucugê, Andaraí, Vitória da Conquista, Seabra, entre outros.

Com mais de 20 clubes off road e um sem número de jipeiros independentes, a modalidade ganha espaço no cenário do estado, ao levar seus entusiastas para, desde paraísos idílicos, como a Praia dos Garcez, até brejos atolados, onde carros quebram e a aventura realmente reside para seus praticantes. Como diz o Bocca de Gudde: “Onde tiver lama e chuva, estaremos lá”.
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