Publicado em 04/12/2025 às 17h22.

Flamengo é octa ou enea? Entenda polêmica com o título brasileiro de 1987

Debate volta à tona após nova conquista rubro-negra e expõe divergência que se arrasta há décadas

Rodrigo Fernandes
Foto: Reprodução / Instagram @flamengo @flamengoen

 

O Flamengo confirmou o título do Campeonato Brasileiro de 2025 nesta quarta-feira (3), ao vencer o Ceará, mas a comemoração reacendeu uma discussão que parece não ter fim. Afinal, o clube é octacampeão ou eneacampeão? A resposta varia conforme a fonte e o impasse criado em 1987 volta ao centro do debate sempre que o time da Gávea ergue a taça.

Para os rubro-negros, o título de 1987 faz parte da coleção e transforma a vitória mais recente no nono Brasileirão da história do clube. A versão, porém, não é reconhecida pela Justiça, pela Fifa e nem pela CBF, que creditam a conquista ao Sport Club do Recife.

Na prática, a contagem oficial considera oito campeonatos, enquanto a leitura flamenguista inclui o polêmico ano da Copa União.

O ponto de partida: 1987

O enredo começa com o cenário conturbado do futebol nacional à época. Em meio a disputas políticas e dificuldades financeiras, a CBF declarou não ter condições de organizar o Campeonato Brasileiro de 1987.

Os principais times do país se reuniram e formaram o Clube dos 13, grupo que reunia Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Grêmio, Internacional, Atlético-MG, Cruzeiro e Bahia.

A partir daí, as equipes se responsabilizaram por montar uma competição própria, a Copa União, com 16 participantes. A decisão deixou equipes de destaque fora do torneio, como Guarani (vice-campeão brasileiro na temporada anterior) e o próximo Sport.

Pressionada, a CBF interveio e criou dois módulos: o Verde (formado pelo grupo da Copa União) e o Amarelo (posteriormente comparado como segunda divisão).

O impasse surgiu com a definição de que os finalistas de cada módulo se enfrentariam para definir o verdadeiro campeão brasileiro, regra assinada por Eurico Miranda, dirigente do Vasco, e que se tornaria o estopim da disputa.

Campeões diferentes para histórias diferentes

Em campo, o Flamengo venceu o Internacional e ficou com o título da Copa União. No Módulo Amarelo, Sport e Guarani empataram duas vezes, e a CBF acabou declarando ambos campeões do módulo.

Quando a entidade marcou o cruzamento entre os finalistas, Flamengo e Inter se recusaram a jogar e, por isso, foram eliminados da disputa por WO.

Sem a participação deles, Sport e Guarani voltaram a se enfrentar, e o Leão da Ilha levou a melhor no que, para a CBF, foi a final oficial do Campeonato Brasileiro de 1987.

A partir dali, abriu-se um conflito que nunca mais se encerrou. O Flamengo seguiu reconhecendo seu título — o que impactaria diretamente em outra disputa: a posse da Taça das Bolinhas, destinada ao primeiro pentacampeão brasileiro.

Para os cariocas, a conquista de 1992 lhes garantia o direito ao troféu. Para a CBF, apenas quatro títulos eram válidos, e o Sport permanecia campeão de 1987.

O tema voltou a esquentar nos anos 2000, quando o São Paulo se tornou pentacampeão em 2007 e, com aval judicial, assumiu a posse da Taça das Bolinhas. A divergência histórica, porém, continuou sem desfecho definitivo.

Quase 40 anos depois, a polêmica permanece

Mesmo com as revisões, decisões judiciais e declarações oficiais, o caso segue sem consenso. O Flamengo celebra nove títulos, a CBF mantém apenas oito, e o Sport reforça que é o verdadeiro campeão nacional de 1987.

O torcedor rubro-negro convive com uma contagem e o mundo do futebol, oficialmente, com outra. A divergência, portanto, permanece viva e deve continuar alimentando debates.

Rodrigo Fernandes
Jornalista, repórter e produtor de conteúdo. Com experiência em redação e marketing digital, faz cobertura de Esporte no bahia.ba. Antes disso, foi editor do In Magazine – Portal iG e repórter do Portal M! – Muita Informação.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Settings ou consulte nossa política.