Publicado em 15/01/2020 às 19h40.

Torcidas LGBTs de Bahia e Vitória propõem medidas para coibir homofobia nos estádios

Propostas foram protocoladas junto à Federação Baiana de Futebol, ao Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Bahia e ao Ministério Público do Estado da Bahia

André Carvalho
Foto: Divulgação/EC Bahia
Foto: Divulgação/EC Bahia

 

As recém-fundadas torcidas organizadas ligadas ao movimento LGBT dos dois principais clubes de Salvador, LGBTricolor e Torcida Orgulho Rubro-Negro, em conjunto com a União Nacional LGBT Bahia e o Coletivo Mães do Arco-Íris, apresentaram no início desta semana um conjunto de propostas para coibir e auxiliar na condução de casos de LGBTfobia durante os jogos do Campeonato Baiano e demais jogos realizados na Bahia.

As propostas foram protocoladas pelo representante da LGBTricolor Onã Rudá junto à Federação Baiana de Futebol, ao Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Bahia e ao Ministério Público do Estado da Bahia na segunda-feira (13).

O documento também foi encaminhado à Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia, à Arena Fonte Nova, à Defensoria Pública da Bahia, à OAB e aos clubes da primeira divisão do Campeonato Baiano.

De acordo com o comunicado emitido à imprensa, “a iniciativa visa combater práticas de violência e expressões preconceituosas contra a comunidade LGBT durante os jogos, em especial do campeonato baiano”.

A recente fundação das torcidas LGBTricolor e Orgulho Rubro-Negro explicitou a dimensão da LGBTfobia no meio futebolístico, com organizadores dos grupos sendo alvo de ameaças – as ofensas homofóbicas expôs as barreiras que ainda devem ser transpostas para que as arquibancadas sejam, de fato, um território livre de preconceito e intolerância.

Para Onã Rudá, o estranhamento de algumas pessoas e o debate que surge com o aparecimento de núcleos de combate à homofobia nos estádios pode ser considerado natural em um ambiente francamente machista e homofóbico como os estádios de futebol.

“O que não é normal”, pontua o estudante de jornalismo, “são as ameaças, a tentativa de mapear as pessoas e as intimidações de uma minoria raivosa e preconceituosa”.

“Não estamos fazendo nada errado ao querer vivenciar a vida do clube. Chegamos pra somar e ajudar a fortalecer o time, não podem nos tirar esse direito legítimo por puro ódio, o amor que cultivamos é mais forte”, diz Rudá.

A criação da LGBTricolor contou com o apoio do Bahia – o clube possui um Núcleo de Ações Afirmativas e em setembro de 2019 realizou ações contra a homofobia.

Em fevereiro a torcida lançará a primeira camisa LGBT que contará com licenciamento oficial de um clube de futebol brasileiro.

Confira as propostas protocoladas pelos coletivos:

1) Adoção de medidas e protocolos que garantir a segurança de pessoas LGBTs durante as partidas de futebol na Bahia, em especial do Baianão (orientações gerais para chegada e saída, entradas específicas, espaços nos estádios e etc).

2) Garantia de que – de acordo com a “Cartilha sobre Abordagem Policial elaborada pela Defensoria Pública do Estado da Bahia” – a revista de mulheres trans nas entradas dos estádios seja feita por policiais femininas.

3) Seja respeitado o nome social das pessoas travestis e transexuais nos registros dos clubes.

4) Haja estímulo para criação de torcidas e movimentos que ajudem a debater a temática de combate a LGBTfobia nos clubes e acolhimento dos que tem surgido no último período.

5) Escolha de 3 rodadas do Campeonato Baiano onde todos os times entrem com faixas contendo mensagens de combate a LGBTfobia.

6) Exibição de VT de 30 segundos sobre LGBTfobia, seus males e a necessidade de combatê-lo durante o intervalo de jogos.

7) Criação de um aplicativo para denúncia de casos de homofobia nos estádios.

8) Interrupção das partidas quando forem entoados cantos LGBTfobicos nos estádios (como as normas e orientações do STJD já determinam), repassando tal orientação à comissão de arbitragem e aos árbitros filiados à Federação.

9) Criação de campanhas de TV, rádio e mídia visual com a temática LGBT e Futebol.

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