Publicado em 10/06/2024 às 13h09.

Trio acusado de racismo contra Vinicius Jr. é condenado a 8 meses de prisão

Jogador comemora decisão; 'que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras'

Redação
Foto: Reprodução/Gety Images

 

A Justiça da Espanha condenou, nesta segunda-feira (10), três torcedores do time de futebol Valência, acusados de proferirem insultos racistas contra o brasileiro Vinicius Jr, durante partida do campeonato espanhol, em maio do ano passado. O trio também ficou proibido de ir a estádios durante dois anos. Os três foram considerados culpados na acusação de delito contra a integridade moral, com agravante de discriminação por motivos racistas.

Em matéria, a Folha de São Paulo apura que a LaLiga, responsável pelo campeonato espanhol, declarou que esta é a primeira sentença condenatória deste tipo na Espanha como consequência da denúncia feita pela própria liga.

“Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas jogar futebol. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos”, escreveu o jogador em rede social.

“Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí…”complementou.

Segundo o Real Madrid, o trio escreveu uma carta pedindo desculpas ao atacante brasileiro. “Os três acusados assumiram a sua responsabilidade criminal e tornaram pública uma carta de desculpas dirigida ao nosso jogador Vinicius Junior, ao Real Madrid e às pessoas que se sentiram ofendidas e ofendidas”, informou o clube em nota.

Javier Tebas, presidente da entidade e que já esteve envolvido em escândalos ligados aos ataques racistas direcionados contra Vinicius Jr., afirmou que “esta sentença é uma grande notícia para a luta contra o racismo na Espanha, já que repara o dano sofrido por Vinicius Jr. e lança uma mensagem clara às pessoas que vão a um estádio de futebol para insultar: de que a La Liga os detectará, denunciará e haverá consequências penais para eles”. No episódio em que o atleta foi chamado de macaco e fez uma critica publica à falta de punições na liga espanhola, Tebas insinuou, no Twitter, que o jogador estava sendo manipulado e que não deixaria o brasileiro manchar a imagem da competição.

Vinicius Junior foi ao ataque com fotos, vídeos e mensagens ressaltando episódios de racismo sofridos por ele e outros jogadores. O atacante recebeu apoio de nomes do esporte e de autoridades. Na sequência, Tebas pediu desculpas, e a La Liga lançou uma série de medidas de combate à discriminação racial no futebol.

“Entendo que possa haver certa frustração pelo tempo que essas sentenças levam para ser proferidas, mas isso demonstra que a Espanha é um país garantista a nível judicial”, acrescentou o presidente da LaLiga.

Insultos racistas

O caso que levou à condenação ocorreu em maio de 2023. Os insultos começaram por volta dos 15 minutos do segundo tempo, quando o brasileiro sofreu uma falta e foi chamado de “mono” (macaco, em espanhol) por torcedores adversários. Os xingamentos continuaram, a ponto de o locutor do estádio intervir pedindo o fim dos gritos, para que a partida não fosse suspensa.

Já nos acréscimos, depois de Vinicius identificar um dos torcedores e denunciá-lo para a arbitragem com gestos, jogadores das duas equipes trocaram empurrões. O brasileiro recebeu um “mata-leão” do atacante Hugo Duro e, ao se desvencilhar, atingiu o jogador do Valência no rosto —a ação foi punida com o cartão vermelho.

Após a partida, o técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, saiu em defesa de Vinicius e classificou o ocorrido como “inaceitável”.

“O ambiente estava muito tenso, muito ruim, perguntei se ele queria continuar em campo. O fato de pensar que tenho que tirá-lo por causa de racismo não me parece certo. Eu devo tirar um jogador se ele não está jogando bem, mas pensar em tirar um jogador por racismo, nunca aconteceu comigo.”

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