Contas de Wagner: Líder perde pressa para não dar ‘palco’ à oposição

Adiada por duas vezes, a votação das contas do ex-governador relativas ao ano de 2014 tem sido empurrada por Zé Neto; oposição acusa 'pedaladas fiscais'

Ivana Braga

Abortada por duas vezes, a votação da prestação de contas do ex-governador Jaques Wagner, relativas ao exercício de 2014, não tem mais data definida para ir a plenário. Previsto na pauta desta terça-feira (24), o pleito foi novamente adiado devido a ausência de oito parlamentares, motivo que fez o líder do governo, deputado Zé Neto (PT), não querer arriscar e, em acordo com o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PSL), não levou a matéria para apreciação.

Com parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de aprovação com ressalvas, a oposição apontou várias supostas irregularidades que, no entender do deputado Luciano Ribeiro (DEM), são suficientes para recusa das finanças do ex-governador.

De acordo com o democrata, o relatório acusa o não pagamento de emendas impositivas, o que fere a Constituição, e questiona o superávit descrito pela Secretaria da Fazenda. Para ele, há um déficit encoberto com a utilização de recursos livres, ou seja, as contas teriam sido maquiadas para não fecharem no vermelho, o que o parlamentar iguala às pedaladas fiscais que afastaram a presidente Dilma Rousseff.

Outra suposta irregularidade apontada por Ribeiro é o fato de o governo contabilizar verbas do ICMS e do IPVA que deveriam ter sido transferidas para os municípios, mas continuaram nos cofres estaduais. “Mesmo em poder do Estado, os recursos não lhe pertenciam, mas foram contabilizados”, acusa o deputado.

Mas se a oposição quer holofote para os ataques, vai ter que esperar. Isso porque, o líder do governo diz não ter a mínima pressa em colocar as contas do ex-governador Wagner para votação em plenário. Zé Neto considera o momento inoportuno diante do reboliço político que o país vive. “Nesse cenário, não me interessa dar palco para a oposição”, confessa o parlamentar, consciente de que o poder de fogo dos adversários, minoria na Casa, está no volume do barulho que pode ser feito, já que é grande a desigualdade numérica.