Delegado se considera ‘bode expiatório’ dos ‘grampos’ de ACM
'Por respeito' ao MPF Valdir Barbosa não diz isso, mas aponta que os demais supostos autores do crime foram isentados e só ele e Alan Faria ainda respondem ao processo
Em conversa com o bahia.ba, o delegado da Polícia Civil e ex-vice-diretor da Central de Comunicações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), réu no caso que ficou nacionalmente conhecido como “grampos de ACM”, fato denunciado em janeiro de 2003, considerou estranho que, após 14 anos, poucos meses antes da prescrição do suposto crime, o que aconteceria no próximo mês de agosto, o Ministério Público Federal (MPF-BA) tenha pedido a sua condenação e a do ex-assessor técnico da secretaria, Alan Souza de Faria.
Valdir Barbosa, que está prestes a se aposentar compulsoriamente, disse que causou-lhe espanto o pedido do MPF diante de um processo que considerou como “esdrúxulo”. Explica ele que, apesar de se tratar de um suposto crime de mando por ordem do então senador Antônio Carlos Magalhães, repassado à secretária de Segurança Pública da época, Kátia Alves (hoje vereadora de Salvador pelo SD), os “supostos mandantes” e as operadoras telefônicas envolvidas no episódio foram inocentados, enquanto para ele e o ex-assessor a Procuradoria da República pede a aplicação do rigor da lei.
Mesmo com a afirmação de que respeita a instituição federal, o delegado disse não concordar com o pedido por entender que, ao não acatar o pedido de abertura de processo contra ACM, o Supremo Tribunal Federal (STF) o inocentou de ser mandante do crime. “Como que servidores subalternos poderiam utilizar a estrutura estatal sem o consentimento ou determinação dos seus superiores?”, questiona o delegado, ao apontar ainda que durante toda a tramitação não foi apresentada prova material do crime. “É um crime de mando sem mandante e sem provas”, defende-se Barbosa.
Segundo o MP, Valdir Barbosa e Alan Souza de Faria foram os responsáveis pela existência de um esquema ilegal de escutas telefônicas (sem autorização judicial), montado por ordem do então senador Antônio Carlos Magalhães (falecido em 2007), a fim de municiá-lo para perseguições a adversários políticos, mediante uso da estrutura da SSP. Os “grampos” aconteceram contra os então deputados Geddel Vieira Lima, Nelson Pelegrino e Benito Gama, o advogado Plácido de Faria e sua mulher Adriana Barreto, além de parentes e amigos dos “investigados”.
Ao pedir a condenação dos réus, o MPF aponta que não há dúvidas quanto à autoria do crime, que teria sido praticado com a participação direta dos dois. De acordo com o Ministério Público, Valdir Barbosa teria aproveitado a apuração de outro caso para inserir os números de telefones que interessavam a ACM, a fim de “monitorar” os parlamentares, enquanto Alan Faria era responsável por coordenar as operações e acompanhar os alvos das escutas ilegais.
Diante disso, o MPF pediu que os dois réus sejam condenados a quatro anos de prisão, além da perda do cargo ou função pública. O delegado não diz, mas deixa transparecer considerar que ele e o ex-assessor técnico da SSP são os “bodes expiatórios” do processo, já que são os únicos que correm o risco de serem punidos. “Agora é só aguardar. Estou confiante que, diante desse quadro, a Justiça não irá acatar o pedido”, finalizou Barbosa.
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