Sem nome para a disputa por Salvador, PT deve apoiar aliados

Sem um nome forte capaz de fazer frente à possível candidatura à reeleição do prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), o Partido dos Trabalhadores (PT) está inclinado a disputar as eleições municipais da capital baiana como coadjuvante. A discussão gira em torno de apoiar a candidatura da deputada federal Alice Portugal (PCdoB), que será lançada oficialmente no próximo dia 18, ou da senadora Lídice da Mata (PSB), que ainda não decidiu se participará do pleito.

Fontes do partido dizem que a cúpula petista está mais inclinada em ter a senadora, que já foi prefeita de Salvador, como parceira na disputa. No entanto, informam que, por identificação, a militância prefere apostar no nome da deputada comunista. “O problema é que Alice vem batendo forte no partido, especialmente no meio universitário, sua principal base eleitoral”, relatou uma das fontes ao bahia.ba.

A reportagem apurou que o próprio governador Rui Costa demonstra mais simpatia pelo nome de Lídice. A decisão deve sair neste sábado (11), quando a direção do PT se reúne para tentar definir sua posição, de acordo com o presidente estadual da legenda, Everaldo Anunciação.

No entanto, segundo ele, ainda não está totalmente descartada a possibilidade de o PT lançar candidatura própria. “Ainda estamos discutindo internamente e com os partidos da base aliada para fecharmos uma posição”, informou o dirigente petista ao bahia.ba.

Pulverização – Anunciação confirmou ainda que a sigla pode decidir pelo apoio à senadora socialista ou à deputada comunista. Diversos petistas consultados pela reportagem apontaram essa como a direção mais provável para o PT nas próximas eleições. “O PT não construiu uma candidatura e, a pouco tempo da eleição, não tem um nome forte. Não queremos correr o risco de ir para o embate sem um candidato capaz de derrotar a reeleição do prefeito democrata”, relata um integrante da sigla.

Para a maioria dos petistas ouvidos, o nome do ex-ministro da Cultura Juca Ferreira não ganhou força dentro da legenda. “É um bom nome, mas Juca não tem densidade eleitoral, passou muito tempo distante do eleitorado de Salvador e o partido não trabalhou essa possibilidade para construir sua candidatura”, revela uma fonte.

Como estratégia, o PT pretende pulverizar as candidaturas, de modo a empurrar a definição da eleição para o segundo turno. Por isso, tem estimulado pré-candidaturas de outras legendas, como a do deputado estadual Pastor Sargento Isidório (PDT), com o objetivo de tirar votos do democrata. O pedetista teve uma grande votação em Salvador, especialmente do segmento evangélico, e interessa ao partido atrair tais votos.

O parlamentar, no entanto, aposta que ao incentivá-lo a desistir de disputar a prefeitura de Candeias, na Região Metropolitana, ou de São Francisco do Conde, no Recôncavo baiano, e levá-lo para o PDT, o governador Rui Costa assumiu o compromisso de apoiar a sua candidatura para prefeito de Salvador. “Foi o governador Rui Costa quem articulou minha filiação ao PDT, me convenceu a abrir mão da candidatura de São Francisco do Conde e me convidou para disputar a prefeitura de Salvador. Então, acho que ele não iria fazer isso sem a disposição de me apoiar”, disse Isidório ao bahia.ba, convencido de que o PT deverá estar ao seu lado.

Do lado petista, ainda correm por fora o vereador Gilmar Santiago, que internamente já teria admitido que vai tentar a reeleição à Câmara Municipal, e o deputado federal Valmir Assunção.