Publicado em 21/03/2025 às 18h42.

Alta da Selic para 14,25%: impactos na economia e no bolso dos brasileiros

Esse é o quinto aumento consecutivo durante o governo Lula, o que reforça um cenário desafiador para o mercado brasileiro

Redação
Montagem: Reprodução

 

A taxa Selic subiu novamente nesta quarta-feira (20), passando de 13,25% para 14,25% ao ano. Esse é o quinto aumento consecutivo durante o governo Lula e reforça um cenário desafiador para a economia brasileira. A decisão já era amplamente esperada pelo mercado, conforme indicado nas últimas atas do Comitê de Política Monetária (Copom), que sinalizavam a continuidade do aperto monetário.

Por que a Selic está subindo?

O principal objetivo da alta dos juros é conter a inflação, que continua em trajetória ascendente. Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta de 1,31%, o maior índice para o mês em 22 anos. Além disso, o aumento da Selic visa estabilizar o real diante da forte valorização do dólar nos últimos meses. Em 2024, a moeda americana já subiu 27% em relação ao real, gerando efeitos inflacionários significativos.

Outro fator relevante é o déficit fiscal brasileiro, que segue elevado. Apesar do governo ter registrado uma arrecadação recorde de R$ 2,5 trilhões em 2023, os gastos continuam crescendo, resultando em um déficit nominal acima de 8,5% do PIB – um dos maiores do mundo, perdendo apenas para a Bolívia. O crescimento da dívida pública, aliado ao aumento dos juros, reforça a percepção de risco entre investidores e pressiona ainda mais a economia.

Impacto no mercado financeiro e na vida dos brasileiros

Com a Selic em 14,25%, o Brasil possui a segunda maior taxa de juros reais do mundo, ficando atrás apenas da Rússia, que enfrenta um contexto de guerra. Esse patamar eleva o custo do crédito, impactando diretamente empresas e consumidores. Empréstimos, financiamentos e parcelamentos ficam mais caros, reduzindo o consumo e o crescimento econômico.

Por outro lado, a renda fixa se torna mais atrativa. Títulos do Tesouro Selic e CDBs pós-fixados já oferecem retornos superiores a 1% ao mês, chamando a atenção de investidores conservadores. Contudo, alertamos que esse cenário pode não durar para sempre e que, historicamente, momentos de juros altos são seguidos por quedas abruptas.

No mercado de ações e fundos imobiliários, os impactos são mistos. A alta da Selic tende a pressionar negativamente a Bolsa de Valores no curto prazo, afastando investidores de ativos de risco. No entanto, destacamos que momentos de pessimismo extremo podem representar boas oportunidades de compra, principalmente em ações de empresas sólidas e fundos imobiliários que negociam com descontos elevados.

Fundos imobiliários: risco ou oportunidade?

A alta da Selic afeta diretamente os fundos imobiliários (FIIs), pois muitos investidores migram seus recursos para a renda fixa, reduzindo a demanda por cotas de FIIs e impactando seus preços. No entanto, essa queda nos preços pode representar oportunidades estratégicas para quem investe no longo prazo.

Os fundos imobiliários de papel, que investem em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), tendem a se beneficiar da Selic elevada, pois esses ativos geralmente são indexados ao CDI ou IPCA, garantindo rendimentos mais atrativos.

Já os fundos de tijolo, que investem em imóveis físicos como shoppings e galpões logísticos, podem sofrer mais no curto prazo devido à redução da atividade econômica e ao encarecimento do crédito imobiliário. No entanto, muitos desses fundos estão negociando com descontos expressivos em relação ao seu valor patrimonial, o que pode gerar oportunidades de valorização quando a Selic voltar a cair.

O que esperar para o futuro?

A projeção do mercado para a Selic no final de 2024 já subiu para 15% ao ano, de acordo com o último relatório Focus. Caso esse cenário se concretize, os juros brasileiros superariam o pico registrado no governo Dilma Rousseff, quando a taxa atingiu 14,75%.

Além disso, a inflação projetada para o final do ano é de 5,68%, bem acima da meta oficial de 3% estabelecida pelo Banco Central. Isso reforça a expectativa de que a Selic continuará elevada por mais tempo, impactando o crescimento econômico e o acesso ao crédito.

No médio prazo, porém, alguns indicadores sugerem que uma reversão pode estar no horizonte. A curva de juros futuros aponta para uma possível queda da Selic nos próximos cinco anos, o que poderia beneficiar ativos de risco e impulsionar setores dependentes de crédito.

Como se proteger e aproveitar oportunidades?

Diante desse cenário, acreditamos que uma estratégia diversificada para proteger e multiplicar o patrimônio é o melhor caminho sempre:

– Renda fixa: títulos indexados ao IPCA (Tesouro IPCA+ e CDBs) podem ser boas opções para garantir rendimentos acima da inflação.

– Fundos imobiliários: muitos FIIs estão sendo negociados abaixo do valor patrimonial, o que pode representar boas oportunidades para investidores de longo prazo.

– Ações: empresas resilientes, com bons fundamentos e dividendos elevados, podem ser alternativas interessantes para quem busca retornos no longo prazo.

– Internacionalização: ativos no exterior podem ajudar a diversificar riscos e reduzir a exposição ao real.

O Brasil já passou por ciclos de juros altos no passado e, historicamente, os momentos de maior pessimismo foram seguidos por fortes recuperações nos mercados. Para os investidores atentos, esse pode ser um momento estratégico para construir patrimônio de forma inteligente.

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