Publicado em 25/10/2024 às 17h54.

‘A PF não respeitou nem minha mulher’, diz Rivaldo Barbosa ao STF

Réu no STF pela acusação de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle, o delegado narrou irregularidades no ato de busca e apreensão

Redação
Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

No segundo dia de interrogatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa de Araújo manteve suas versões de ser inocente, de não ter participado de qualquer etapa do crime que levou à morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 2018. O delegado se manteve firme nos posicionamentos de que não conhecia os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, nem sequer Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle. A informação é de uma matéria do Metrópoles. O delegado voltou a criticar as investigações que levaram à sua prisão, em março deste ano, assim como as alegações de ter obstruído ou dado suporte para que o assassinato da vereadora ocorresse. Fez críticas ainda à postura dos policiais federais que fizeram a operação de busca e apreensão em sua casa, no Rio de Janeiro.

O Metrópoles aponta que emocionado, Rivaldo disse que sempre foi respeitoso nas operações que realizou ao longo dos seus mais de 30 anos de carreira policial, mas que a Polícia Federal, nas palavras dele, não agiu assim: “A Polícia Federal, no momento de busca e apreensão, não respeitou nem a minha mulher. Mandou ela sair do quarto de baby-doll, ficar assim na frente do porteiro e dos moradores. Vou chamar a atitude deles de falta de sensibilidade, para não ir além”, reclamou Rivaldo ao longo do depoimento.

Ainda segundo ele relatou no interrogatório, o policial o chamou em um canto e teria dito: “O ministro Alexandre de Moraes mandou te prender”. Em delação premiada, Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, afirmou que Rivaldo teria usado seu poder de então chefe da Polícia Civil do Rio para proteger os mandantes do assassinato e garantir que o crime não fosse solucionado. O deputado federal Chiquinho Brazão e o conselho do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, são apontados também como mandantes, acrescenta o Metrópoles.

No depoimento de Rivaldo, que começou quinta-feira (24), o delegado chorou, se emocionou, se disse injustiçado e colocou Marielle como uma amiga. Ele narrou que a vereadora era sua amiga, que o ajudou a subir na carreira, que “sorria com dentes brancos que contrastavam com sua pele morena” quando conversava. Ele negou veementemente conhecer Lessa ou os irmãos Brazão, apontados pelo executor como mandantes do crime.

“Eu não mato nem uma formiga, vou matar uma pessoa? Marielle me ajudou na vida. Só cheguei aqui porque ela me ajudou. Jamais faria nada contra ela”, disse o delegado no depoimento.

O Metrópoles acrescenta que Rivaldo é o terceiro réu a ser interrogado pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF, na ação penal em que Chiquinho, Domingos, Rivaldo e Ronald Paulo são acusados dos crimes de homicídio qualificado, no caso de Marielle e Anderson, e por tentativa de homicídio no caso de Fernanda Chaves, assessora da vereadora que estava no carro no momento do ataque. Além disso, Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, responde, junto com os outros, por organização criminosa. Todos foram tornados réus pela Primeira Turma do STF sob a suspeita de planejar o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018.

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