AGU e CGU divulgam acordos de leniência de R$ 6 bilhões com empresas
O acordo de maior valor foi firmado com a Odebrecht, na ordem de R$ 2,72 bilhões

Felipe Pontes
A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) divulgaram hoje (5) documentos, antes sigilosos, referentes a seis acordos de leniência firmados com empresas que assumiram envolvimento em casos de corrupção em contratos do governo. Segundo os órgãos, está prevista a recuperação de R$ 6 bilhões.
Os acordos foram firmados desde julho de 2017 até dezembro de 2018 e dizem respeito a casos de corrupção investigados na Lava Jato e em outras operações, envolvendo setores de construção civil, exploração petrolífera e publicidade. O acordo de maior valor foi firmado com a Odebrecht, na ordem de R$ 2,72 bilhões.
As outras empresas que fecharam acordos com o governo são: Andrade Gutierrez (R$ 1,49 bilhão); SBM Offshore (R$ 1,22 bilhão); UTC Engenharia (R$ 574 milhões); MullenLowe e FCB Brasil (R$ 53,1 milhões); e Bilfinger (R$ 9,8 milhões).
Em troca da devolução dos recursos, a AGU deixou de acionar as empresas legalmente, atenuando multas ou eventualmente isentando a pessoas jurídicas envolvidas da proibição de contratar com poder público (pena de inidoniedade).
De acordo com o advogado-geral de União, André Mendonça, os acordos preveem a recuperação de, no mínimo, 70% dos lucros obtidos por essas empresas nos contratos relativos aos esquemas de desvio. Os outros 30% foram concedidos como desconto às companhias em troca de informações que permitem à AGU processar outros indivíduos envolvidos na corrupção.
Mendonça fez questão de ressaltar, porém, que a AGU não concedeu descontos sobre recursos desviados, que deverão ser integralmente devolvidos. “Nenhum acordo de leniência parte de desconto a valores de propinas pagos, a propina tem que ser paga integral.”
Nesta sexta-feira, o advogado-geral da União apresentou a jornalistas diversas ações promovidas pela AGU nos primeiros 100 dias de governo. Entre elas, a assinatura de um primeiro acordo de leniência do governo do presidente Jair Bolsonaro, que não ocorreu, por entraves internos das empresas, segundo Mendonça.
“Temos uma expectativa de, em dois anos, fecharmos novos acordos de leniência”, disse. “Hoje, em negociação, há 20 acordos”, acrescentou. Segundo ele, tais negociações tem como meta a recuperação de até R$ 25 bilhões.
MPF
Os acordos firmados pela AGU e a CGU com empresas envolvidas na Lava Jato não estão vinculados com acordos em paralelo firmados entre essas empresas com o Ministério Público Federal (MPF).
A Petrobras, por exemplo, fechou um acordo com a força-tarefa da Lava Jato, que previa o repasso de R$ 2,5 bilhões ao MPF, que ficaria responsável pela destinação dos recursos. Partes do acordo foram suspensas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Em manifestação ao STF, a AGU defendeu que o acordo seja inteiramente anulado, e o dinheiro, encaminhado diretamente ao Tesouro, que ficaria a cargo de destinar os recursos, de acordo com a legislação orçamentária.
Segundo Mendonça, a AGU deve se posicionar “de modo coerente” também no caso de um acordo do MPF com a Odebrecht, no valor de mais de R$ 6 bilhões.
Mais notícias
-
Justiça08h40 de 22/10/2025
Instituto de André Mendonça fatura milhões em contratos públicos
Instituto começou as operações em 2023 e já tem receita de R$4,8 milhões
-
Justiça08h12 de 22/10/2025
STF decide reabrir investigação contra presidente do PL por golpe
Valdemar Costa Neto foi indiciado pela PF mas PGR não fez denúncia
-
Justiça07h44 de 22/10/2025
STF publica decisão que condenou Bolsonaro e abre prazo para recursos
Ex-presidente foi condenado a 27 anos e três meses de prisão; advogados de defesa têm cinco dias para apresentar os embargos de declaração
-
Justiça06h50 de 22/10/2025
Luiz Fux pede para deixar Primeira Truma do STF
Pedido também implica no afastamento do Ministro do julgamento da trama golpista
-
Justiça21h55 de 21/10/2025
STF condena sete militares e um civil por participação em trama golpista
Sessão do Supremo segue para definição das penas de cada condenado
-
Justiça21h20 de 21/10/2025
Nova gestão do TRT-BA toma posse em 5 de novembro
Desembargadora Ivana Mércia Nilo de Magaldi assumirá a presidência da Corte para o biênio 2025-2027
-
Justiça11h07 de 21/10/2025
STF retoma julgamento do núcleo 4 da trama golpista; assista
Ministros podem definir nesta terça-feira (21) pela condenação ou absolvição dos sete réus
-
Justiça14h00 de 19/10/2025
Justiça rejeita pedido para barrar gastos da União com viagens de Janja
Decisão apontou ausência de indícios de ilegalidade ou dano ao patrimônio público
-
Justiça06h34 de 18/10/2025
Em último ato, Luís Roberto Barroso vota a favor da descriminalização do aborto
Voto do magistrado marcou a despedida do ministro do STF
-
Justiça15h04 de 17/10/2025
Ministro Barroso decide julgar descriminalização do aborto
Barroso apresentou o pedido na véspera de sua saída da Corte, que será neste sábado (18)










