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Publicado em 26/12/2025 às 21h15.

BYD e empreiteiras fecham acordo de R$ 40 milhões por trabalho escravo na Bahia

Valor indenizará 224 chineses resgatados em obra da fábrica em Camaçari

Raquel Franco

O Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA) anunciou, nesta sexta-feira (26), a assinatura de um acordo judicial no valor de R$ 40 milhões com a montadora chinesa BYD e as empreiteiras Jinjiang e Tecmonta.

A conciliação encerra uma ação civil pública movida após o resgate de 224 trabalhadores chineses submetidos a condições análogas à escravidão na obra da fábrica em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.budby

O montante pactuado é significativamente inferior ao pedido inicial do MPT, que em maio deste ano pleiteava R$ 257 milhões em indenizações. O acordo agora segue para homologação da Justiça do Trabalho.

Divisão das indenizações

Pelo termo firmado, o pagamento será dividido em duas frentes:

– Dano moral individual: R$ 20 milhões serão destinados diretamente aos 224 trabalhadores resgatados. Cada um receberá aproximadamente R$ 89 mil;

– Dano moral coletivo: Os outros R$ 20 milhões serão depositados em uma conta judicial e destinados a instituições ou fundos indicados pelo MPT-BA.

No desenho jurídico do acordo, as empreiteiras Jinjiang e Tecmonta assumem a responsabilidade direta pelo pagamento e pela adoção de medidas rigorosas de proteção ao trabalho em todas as suas unidades. A BYD figura como avalista, sendo acionada apenas em caso de inadimplência das terceirizadas.

Relembre o caso em Camaçari

A crise estourou em dezembro de 2024, quando uma fiscalização revelou um cenário degradante no canteiro de obras da BYD. Os trabalhadores chineses, que entraram no Brasil com vistos irregulares, viviam em alojamentos superlotados, sem higiene e eram vigiados por seguranças armados que impediam a circulação.

As investigações apontaram ainda a retenção de passaportes e jornadas exaustivas sem descanso semanal. Na época, a BYD rescindiu o contrato com a Jinjiang, alegando que não tolera desrespeito à dignidade humana e que colaboraria com as autoridades.

Caso descumpram as cláusulas de proteção ao trabalho, as empresas estarão sujeitas a multas de R$ 20 mil por trabalhador prejudicado.

Raquel Franco
Natural de Brasília, formou-se em produção em comunicação e cultura e em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Também é fotógrafa formada pelo Labfoto. Foi trainee de jornalismo ambiental na Folha de S.Paulo.

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