Publicado em 02/07/2024 às 17h12.

Caso Americanas: PF acha planilha ‘vida como ela é’ e monta organograma da fraude de R$ 25 bi

Dossiê de 190 páginas da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros detalha como a antiga diretoria da rede inflava resultados reais e lançava números fictícios no documento

Redação
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

 

A Polícia Federal solicitou à Justiça Federal do Rio a abertura da Operação Disclosure na última quinta-feira (27), revelando detalhes daquilo que denominou como uma “hierarquia da fraude” no valor de R$ 25,3 bilhões na empresa Americanas. Os principais alvos são o ex-CEO Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Saicali, apontados pelos investigadores como integrantes dos escalões superiores de ilicitudes.

A Justiça Federal decretou a prisão preventiva de Gutierrez e Anna. O ex-CEO foi inicialmente detido em Madri na sexta-feira, 28, mas sua custódia foi revogada no dia seguinte. Gutierrez nega qualquer envolvimento com as fraudes.

Anna Saicali, por sua vez, estava em Lisboa e retornou ao Brasil. O Estadão está buscando contato com a defesa da ex-diretora e dos demais investigados.

Além dos principais alvos, outros 14 ex-executivos da varejista são suspeitos de envolvimento nas fraudes, com dois deles tendo fechado acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal: Flávia Carneiro e Marcelo Nunes.

De acordo com o delegado André Gustavo Veras de Oliveira, da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no Rio, a investigação revelou que “enquanto a companhia ruía, a alta cúpula executiva empregava todos os esforços em uma fraude que os tornaram milionários”.

Os ex-executivos da Americanas são acusados de associação criminosa, além de outros crimes em investigação, por terem supostamente “se associado para praticar manipulação de mercado por vários anos”.

A Operação Disclosure revelou que as fraudes na varejista ocorreram ao longo de mais de uma década. Flávia Carneiro, em sua delação, indicou à PF que desde que ingressou na empresa, em 2007, identificou fraudes contábeis, sendo instruída a resolver o problema “em doses homeopáticas” devido à iminente abertura de capital.

Os e-mails interceptados pela PF são fundamentais para a investigação, mostrando que a antiga diretoria da Americanas manipulava resultados financeiros divulgados ao mercado, apresentando números fictícios que não refletiam a realidade.

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