Publicado em 27/10/2025 às 10h48.

Jerônimo questiona no STF norma federal sobre estrutura das PMs e Bombeiros; militares reagem 

Associação de PMs da Bahia rebate e acusa o Estado de usar argumento financeiro como 'cortina de fumaça' para negar direitos

Raquel Franco
Foto: Wuiga Rubini/GOVBA

 

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), questiona no Supremo Tribunal Federal (STF) a validade de normas da Lei Orgânica Nacional das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros (Lei Federal nº 14.751/2023) que tratam da estrutura dos quadros de pessoal, regras de promoção e critérios para acesso a postos nessas corporações.

A matéria é objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7893, de relatoria do ministro Nunes Marques.

O artigo 15 da Lei Orgânica prevê seis quadros de pessoal para as corporações, como o Quadro de Oficiais Especialistas (QOE), e autoriza a criação de outros, com regras de acesso e promoção. Já o artigo 40 estabelece uma norma de transição do regime jurídico, permitindo que militares estaduais optem, no prazo de 180 dias, por permanecer em seus quadros ou migrar para o QOE.

Segundo o governador, os dispositivos definem aspectos específicos da estrutura dos quadros de pessoal que deveriam ser tratados por legislação estadual. Jerônimo argumenta que a lei federal invade a competência dos estados e gera impactos financeiros, como aumento de remuneração, violando a autonomia estadual.

Reação da categoria

Em contraponto à ação do governador, a Associação dos Trabalhadores Militares Estaduais Centenária Milícia de Bravos entrou com uma petição no STF neste domingo (26) para ser admitida no processo como Amicus Curiae (amigo da corte) e defender a constitucionalidade da lei federal. 

A entidade de classe refuta os argumentos do governo do Estado, alegando que a Lei Orgânica Nacional apenas estabelece um “patamar civilizatório mínimo de proteção” e diretrizes gerais, o que é de competência privativa da União, conforme a Constituição Federal. 

A Associação classificou como “falaciosa” a alegação de impacto financeiro e acusou o governo de utilizar o argumento como “cortina de fumaça” para negar direitos. Além da defesa jurídica, a entidade fez um apelo de cunho social, vinculando a ação do governador à crise de segurança pública na Bahia. 

No documento, a Associação afirma que a Bahia “lidera, de forma trágica, os índices de violência” e questiona: “Como esperar que policiais e bombeiros arrisquem suas vidas diariamente, com a máxima motivação e eficácia, quando o próprio chefe do executivo estadual litiga contra seus direitos mais básicos?”. A entidade pede que o STF rejeite todos os argumentos do Estado e mantenha integralmente a lei.

Raquel Franco
Natural de Brasília, formou-se em produção em comunicação e cultura e em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Também é fotógrafa formada pelo Labfoto. Foi trainee de jornalismo ambiental na Folha de S.Paulo.

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