STF poderá agendar audiências para debater revisão da Lei da Anistia
Lei foi promulgada durante a ditadura militar

A revisão da Lei da Anistia, antiga reivindicação da sociedade civil brasileira, ganha força a partir do posicionamento do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele indicou disposição de iniciar amplo debate sobre o assunto no segundo semestre de 2024, por meio de audiências públicas. A disposição em desengavetar a matéria foi revelada durante reunião com representantes do Instituto Vladimir Herzog no dia 7 de fevereiro em Brasília.
A Lei da Anistia foi promulgada em plena ditadura militar, em 1979, e perdoa todos os envolvidos em “crimes políticos ou conexos”. Ela tornou impunes agentes da repressão que cometeram torturas, assassinatos e desaparecimentos de presos políticos entre 1969 e 1979.
“A sinalização do relator da ação no STF é mais um passo para que possamos, definitivamente, virar mais essa página da história. O ministro Toffoli desengaveta essa discussão sobre a Lei da Anistia e promove importante debate. A norma gerou impunidade e vem tendo como consequência muitas outras atitudes antidemocráticas e de desrespeito aos direitos humanos, como o ocorrido em 8 de janeiro de 2023”, observa Rogério Sottili, diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog.
Também estiveram na reunião no STF o advogado Belisário dos Santos Júnior, ex-secretário de Justiça do governo de São Paulo e defensor de militantes políticos durante a ditadura, e a advogada Bianca os Santos Waks.
A base para o debate sobre a revisão da lei é a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 320, que foi apresentada em 2014 ao STF pelo PSOL, e estava sob relatoria do ministro Luiz Fux. Toffoli assumiu a relatoria em fevereiro de 2021.
Também desde 2021, o Instituto Vladimir Herzog se tornou Amicus curiae – expressão jurídica que designa um novo ente/organização/entidade que ingressa no processo com a função de fornecer subsídios ao julgamento – da ADPF 320.
A ADPF pede que a anistia concedida para agentes públicos, militares ou civis envolvidos em crimes na ditadura seja anulada, sob o argumento de que cometeram “graves violações de direitos humanos” contra cidadãos e cidadãs que eram acusadas de prática de crime político durante a ditadura.
“Pedimos uma nova interpretação da Lei da Anistia, pois ela assegura a impunidade dos crimes de lesa-humanidade cometidos por agentes da ditadura militar. E está em absoluto desacordo com os tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário. É urgente, pois muitos responsáveis pelos crimes, agentes da repressão, já faleceram”, explica Sottili.
Antecedente
Não é a primeira vez que Dias Toffoli se mostra favorável à revisão da Lei da Anistia. Em outubro de 2019, ele votou para que fosse revisado o pedido de anistia de ex-militares em recurso que discutia a possibilidade de um ato administrativo ser anulado pela Administração Pública mesmo depois de decorrido o prazo decadencial de cinco anos. A discussão era sobre a Portaria 1.104-GM3/64 e o STF julgava se 2,5 mil ex-militares da Força Aérea Brasileira deviam ou não ser enquadrados como anistiados políticos.
Toffoli argumentou em seu voto que o ato administrativo que declarou o servidor como anistiado político não é passível de convalidação pelo tempo, dada a sua manifesta inconstitucionalidade, uma vez que viola frontalmente o artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
CNV
Em 2014, o relatório final da Comissão Nacional da Verdade também pediu a revisão da norma. O documento apontou 377 pessoas como responsáveis por assassinatos e torturas, além de listar 210 desaparecidos e 191 mortos no período.
Mais notícias
-
Justiça08h24 de 31/10/2025
Justiça condena Luciano Hang por ofensas contra Lula
Empresário terá de pagar uma indenização de R$ 33 mil ao presidente
-
Justiça11h02 de 30/10/2025
MP-BA aciona Coelba e Crefaz por cobranças abusivas de empréstimos
Consumidores baianos relatam acréscimos indevidos de até R$ 200 na conta de luz e dificuldade em desvincular dívidas
-
Justiça09h08 de 28/10/2025
Ex-auditor da ‘máfia do ISS’ que fingiu morte é transferido para presídio na Bahia
Arnaldo Augusto Pereira, foragido da Justiça paulista, estava em Mucuri e foi levado ao Conjunto Penal de Teixeira de Freitas nesta segunda (27)
-
Justiça08h14 de 28/10/2025
MPT investiga morte de trabalhador em silo de soja no oeste da Bahia
Dois homens foram soterrados em fazenda de Luís Eduardo Magalhães no último sábado (25)
-
Justiça07h49 de 28/10/2025
Nove desembargadores da Bahia receberam supersalários em setembro; veja valores
Os recebimentos extrapolam o teto constitucional e são descritos como títulos de direitos eventuais e gratificações
-
Justiça12h52 de 27/10/2025
Procurador da Bahia assumirá Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais
Eleição ocorre nesta quarta (29) com Pedro Maia como candidato único
-
Justiça10h48 de 27/10/2025
Jerônimo questiona no STF norma federal sobre estrutura das PMs e Bombeiros; militares reagem
Associação de PMs da Bahia rebate e acusa o Estado de usar argumento financeiro como 'cortina de fumaça' para negar direitos
-
Justiça21h59 de 25/10/2025
Justiça da Bahia interdita clínica de reabilitação por maus-tratos a 89 pessoas
MP-BA determinou interdição da Comunidade Terapêutica CT Vidas, que funcionava clandestinamente em Ipirá
-
Justiça18h08 de 25/10/2025
Justiça mantém prisão de influenciadora ‘ervoafetiva’ após audiência de custódia
Investigada por tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro, Melissa Said passou por audiência de custódia neste sábado (25)
-
Justiça08h40 de 22/10/2025
Instituto de André Mendonça fatura milhões em contratos públicos
Instituto começou as operações em 2023 e já tem receita de R$4,8 milhões











