Publicado em 05/09/2023 às 11h10.

Caju tem abertura emocionante com Awê Pataxó e Roda de Conversa sobre saberes ancestrais

Nesta segunda-feira, dia 4, aconteceu a abertura do 2º Festival Caju de Leitores, na Oca Tururim, localizada na Aldeia Xandó, Terra Indígena da Barra Velha, vizinha de Caraíva

Redação
O Awê Pataxó foi um dos momentos mais emocionantes e aguardados da segunda edição do Caju de Leitores (Crédito: Leo Barreto/ Festival Caju de Leitores)

Para iniciar o evento, foi realizada a oração indígena e o Awê Pataxó – rituais de canto e dança utilizados como instrumento de comunhão com a natureza e os encantados ancestrais. O rito se iniciou com a queima da Almesca, também conhecida como Breu Branco.

“Com cânticos que contam a história do povo Pataxó, o Awê é um ritual de interação e harmonia inclusivo a toda a comunidade”, segundo Tucumã Pataxó, também conhecido com o Pajé Ouriço.

Roda de Conversa

Após o momento do Awê, a curadora Trudruá Dorrico e o anfitrião Sairi Pataxó fizeram os agradecimentos à diretora da Escola Indígena, Nargela Carvalho; aos professores das unidades escolares da região; além da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Prefeitura de Porto Seguro, ao Projeto Lixo é Luxo, à Reserva Porto do Boi e aos convidados. Na ocasião, ainda a autora e cordelista Auritha Tabajara e o anfitrião Sairi Pataxó recitaram um cordel em homenagem à idealizadora do Caju Leitores, Joanna Savaglia.

Em seguida, foi a vez de Raoni Pataxó; Tapy Pataxó e Daniel Munduruku realizarem uma roda de conversa sobre a oralidade indígena e o futuro, finalizando com um espaço para sabatina, onde os presentes debateram assuntos como missões religiosas dentro de comunidades indígenas; a desconexão cultural no processo educacional; como não deixar a infância (em todos) morrer?; ente outros.

Raoni Pataxó, Tapy Pataxo e Daniel Muduruku foram os convidados da Roda de Conversa do primeiro dia do Festival (Crédito: Leo Barreto/ Festival Caju de Leitores)

Importância

Raoni Pataxó revelou a importância do Festival como espaço de pertencimento da Literatura Indígena. “Hoje vivemos um tempo que a nossa literatura, está sendo escrita e registrada pelo nosso próprio povo, diferente de antigamente que o conhecimento era transmitido de forma oral, pelos nossos literários anciãos, ao redor de uma fogueira. O Festival Caju vem como um espaço para mostrar a tradição e obra indígena para toda a sociedade brasileira”, ressalta a liderança indigena da Aldeia-mãe Barra Velha.

A liderança indígena de Porto do Boi, Tapy Pataxó trouxe para a discussão outros aspectos culturais: as plantas, a medicina curativa e a espiritualidade. “O evento foi de grande importância, já que fortalece nossas raízes e enaltece nosso povo que é de resistência. Fiquei muito honrada de participar desse primeiro encontro com dois grandes mestres Raoni e Munduruku. Me senti hoje uma guerreira empoderada e fortalecendo o movimento cada dia mais”, comentou.

O ativista e autor literário Daniel Munduruku se emocionou com a abertura do evento, o Awê e a demonstração de compromisso da comunidade e dos visitantes com o evento. “A roda de conversa refletiu vários assuntos ligados à temática indígena e uma interação com o público – respeitoso, participativo e interativo, que permitiu com que desenvolvêssemos ainda mais algumas ideias. A organização está de parabéns pelo evento que, com certeza será de muito sucesso”, finalizou.

Presença

A abertura do Caju de Leitores com tambem com a presença de lideranças da Aldeia Xandó, como o Cacique Marrudo, Pajé Ouriço, anciãos indígenas, professores, moradores da região e visitantes.

Hoje, dia 5, as atividades iniciam às 9h; contação de histórias com a cordelista indígena Auritha (9h15); roda de conversa com Marcia Kambeba e Janaron Pataxó (10h) e oficina de grafismo (11h). Na parte da tarde, a partir das 15h, autógrafos, fotos e entrevistas tem seu espaço na atividade livre; às 16h, a conversa tem a presença de Daniel Munduruku e Arissana Pataxó, seguido de Trudruá Dorrico e Janaron Pataxó (17h) e às 18h, apresentação musical dos Marujos Pataxó – Sambadores e Sambadeiras da Aldeia Barra Velha. (Confira a programação completa abaixo).

O 2º Festival Caju de Leitores acontece até dia 7 de setembro e receberá, ao todo, cerca de 10 autores indígenas, entre outros convidados, que contam suas vivências e compartilham conhecimento.

Gratuito, o evento tem patrocínio do Instituto Cultural Vale e da MMB Metals com incentivo da Lei Rouanet e Ministério da Cultura. Mais informações sobre o evento pelo site www.cajuleitores.com.br e pelo Instagram @cajuleitores.

PROGRAMAÇÃO FESTIVAL CAJU DE LEITORES

Dia 5 – terça-feira – Oca Tururim
9h – Abertura
9h15 – Auritha Tabajara conta Histórias
10h – Marcia Kambeba e Janaron Pataxó
11h – Grafismo com Janaron Pataxó
Das 12h às 14h – Intervalo
15h – Atividade Livre: autógrafos, fotos e entrevistas
16h – Daniel Munduruku e Arissana Pataxó
17h – Trudruá Dorrico e Janaron Pataxó
18h – Apresentação Musical – Marujos Pataxó Sambadores e Sambadeiras da Aldeia Barra Velha

Dia 6 – quarta-feira – Oca Tururim
Das 8h às 11h – Desfile Cívico
Das 12h às 14h – Intervalo
15h – Atividade Livre: autógrafos, fotos e entrevistas
16h – Homenagem ao Valdemy Sisnande – Roda de Conversa com Edite, Edilza, Edinho, Lomanto e Biriba
17h – Lute como a Língua Patxohã, com Awoy Pataxó, Raoni Pataxó e Arissana Pataxó
18h – Contação de Histórias com Japira Pataxó, Maria Coruja e Dona Joana (em torno da fogueira)

Dia 7 – quinta-feira – Oca Tururim
9h – Abertura
9h15 – Japira Pataxó e Auritha Tabajara
10h – Contação de Histórias com Adriana Pesca e Sairi Pataxó
11h – Ilustração com Arissana Pataxó
Das 12h às 14h – Intervalo
15h – Atividade Livre: autógrafos, fotos e entrevistas
16h – Letramento indígena em Bibliotecas Comunitárias – Roda de Conversa com Rede Oxe de Bibliotecas Comunitárias do Estado da Bahia
17h – A oralidade e a escrita para o protagonismo jovem em ações socioambientais – Roda de Conversa com Coletivo Jovem Muká Mukaú e Coletivo Caraíva Sem Assédio
18h – Encerramento com Roda de Leitura (trechos de livros)

 

Crédito: Leo Barreto/ Festival Caju de Leitores

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