Publicado em 12/01/2023 às 18h47.

Grafite feito durante Lavagem do Bonfim alerta sobre crise climática

Intervenção artística chama atenção para Assembleia Cidadã do Clima de Salvador

Redação
(Foto: Divulgação/Delibera Brasil)
(Foto: Divulgação/Delibera Brasil)

A Ladeira da Conceição da Praia, em Salvador, recebeu um novo grafite nesta quinta-feira, dia da Lavagem do Bonfim, que voltou a ser realizada após dois anos de pandemia de covid-19. A intervenção artística foi realizada com o objetivo de chamar atenção para a Assembleia Cidadã do Clima de Salvador, iniciativa que reuniu 40 moradores da capital baiana para deliberar e refletir sobre como minimizar localmente os impactos das mudanças climáticas, resultando em recomendações que serão entregues à Câmara Municipal no âmbito das discussões sobre o Plano Municipal de Mitigação e Adaptação das Mudanças do Clima, o PMAMC.

O grafite tem autoria de Marcos Costa, do Spray Cabuloso, que representou Dandara dos Palmares, um dos principais nomes da luta negra no Brasil, com papel fundamental na construção do quilombo dos Palmares.

“Nos inspiramos nos movimentos urbanos e sociais e, com a nossa arte, buscamos chamar atenção para as questões ambientais, sociais, políticas e econômicas, chamar atenção para a vida. Trouxemos a questão ambiental em primeiro plano, com a representação da Dandara na forma do planeta Terra e uma tatuagem de coração no seu rosto, expressando o amor e o cuidado que devemos ter”, explica o grafiteiro.

Participantes da Assembleia Cidadã do Clima de Salvador também estiveram na Ladeira da Conceição da Praia para acompanhar a ação e reforçaram a importância da participação política dos moradores.

“Fomos debater e conseguimos entender a prioridade de entrar nesse tema. Eu sou do movimento identitário e não adianta discutir o movimento identitário sem discutir a nossa vida, meio ambiente é vida. Conseguimos identificar o que vai nos salvar e nos manter na comunidade. Não queremos mudar de bairro, queremos que nosso bairro melhore”, afirmou Bárbara Alves, moradora da Baixa do Fiscal, que esteve entre os 40 soteropolitanos que integraram as discussões.

Reunidos em formato de Assembleia Cidadã durante dois meses de 2022, esse grupo teve o desafio de pensar futuros alternativos, indicando ações e formas de aplicar recursos em demandas como programas de habitação para quem mora em áreas de risco; estabilização de encostas; melhor mobilidade para redução da emissão de gases de efeito estufa, tal como frota mais eficiente de ônibus, construção de ciclofaixas, escadas rolantes e planos inclinados para facilitar o deslocamento a pé, entre outras.

O primeiro consenso da Assembleia Cidadã foi de que os investimentos até 2025 devem ser capazes de “salvar vidas” no presente, com ações nas áreas em que a população sofre maior vulnerabilidade. Para isso, os moradores priorizaram ações de redução dos riscos de deslizamentos e enchentes.

As deliberações deste grupo resultarão numa carta de recomendações, que está sendo redigida e será enviada à Câmara Municipal de Salvador ainda em janeiro deste ano. A Assembleia Cidadã do Clima de Salvador é uma iniciativa que tem realização do Coletivo Delibera Brasil e da Frente Parlamentar Mista Ambientalista da Câmara Municipal de Salvador, com apoio do ICLEI – Governos Locais pela sustentabilidade, da Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo e do Instituto Zero Cem, além de financiamento do NED – National Endowment for Democracy, sendo uma ação executada localmente pelo mandato da vereadora Maria Marighella, agora nomeada presidente da Funarte.

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