Publicado em 20/07/2022 às 15h01.

Ocupação Ani é 10: conheça o projeto do escritor baiano Nelson Maca que chega à Recife neste mês

A exposição é composta por trechos, imagens e fragmentos de sua obra literária

Leila Caroline

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Luiza Gonçalves sob orientação de Leila Caroline

A Ocupação Ani é 10: imagens, sons e passagens poéticas de Nelson Maca chegou em terras recifenses no início do mês de julho, tendo estadia até o dia 31 na capital pernambucana no Museu de Arte Afro Brasil Rolando Toro (Muafro). O projeto é idealizado pelo escritor Nelson Maca e expõe trechos e ilustrações de seu livro mais recente, o romance Ani: Todos os Felas do Mundo, além de contar capas e poemas de seus livros Relatos da Guerra Preta e Go Africa. 

Além do acervo para visitação, durante os finais de semana o espaço do projeto receberá bate-papos, saraus de poesia, exibição de filmes e apresentações musicais com artistas de Recife e da Bahia. As atividades seguem o formato do primeiro ciclo da Ocupação que ocorreu no museu Casa do Benin, em Salvador, de novembro de 2021 a fevereiro de 2022. 

capa do livro (1)

“A exposição permite que a história chegue mais longe, atinja mais pessoas. A importância de estar em Recife é primeiramente estabelecer um diálogo entre a cultura negra baiana e a cultura negra pernambucana, e por extensão toda a cultura. Essa é a primeira parada da exposição fora de Salvador e eu tenho uma expectativa que ela circule mais pelo Brasil, trabalhando e militando em torno da literatura negra” relata Nelson Maca. 

O romance conta a  história de Ani Brown, astro pop nascido no Engenho Velho de Brotas, em Salvador, que teve sua criação num terreiro de candomblé, Na narrativa, acompanhamos desde sua infância até o momento em que se torna um músico reconhecido internacionalmente. No livro são apresentados as inspirações musicais, estéticas e os mestres que foram referências na formação de Ani, muitos deles inspirados em pessoas reais. A cada passo, o menino descobre mais sobre arte, cultura e militância negra.    

Nelson Maca define a obra como um lado B de suas escritas, que normalmente é mais combativa e densa, focada nas violências sofridas pelo povo preto. “Eu precisava escrever sobre um menino que fosse 10. Um erê de uma comunidade coesa de Salvador. Um jovem que conquistasse o mundo com sua arte. Que não abandonasse a ancestralidade. 

Radicado em Salvador desde 1989, Nelson é um dos nomes atuais de expressão da literatura negra na Bahia, sendo autor e produtor cultural de eventos voltados às temáticas etnico-raciais, além de se apresentar em performances poéticas. Conta que sua aproximação com a poesia se deu na infância, impressionado com a música O Dia que a Terra Parou, de Raul Seixas e seguiu na adolencia, ao descobrir na casa de sua irmã mais velha Marly, o livro Cadernos Negros. 

Apesar de escrever desde os 15 anos, só foi pensar em publicar seus poemas aos 50, embora já tivesse obras completas em seus arquivos. Surgiram os livros de poesia Gramática da Ira (2015) e Go Afrika (2019), o livro de contos Relatos da Guerra Preta ou Bahia Baixa Estação (2020) e Ani: Todos os Felas do Mundo (2021) que foi sua estreia em romance.

Créditos: a capa do livro a ilustração é de Alexande De Maio e as outras acervo pessoal

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