Publicado em 31/03/2023 às 18h29.

Eujácio Simões

Um espírito elevado, cuja ausência nos deixa saudades até hoje

Redação
Foto: Divulgação

Nascido em Itabaianinha, Estado de Sergipe, em 1923, mudou-se para a Bahia aos 12 anos devido a uma grande seca em sua terra natal, que obrigou seu pai a vender as terras que possuía naquele Estado.

Esse garoto, terceiro filho de uma prole de quatro, foi incumbido de trazer a mudança da família, o que incluía os animais remanescentes, acompanhado apenas de um funcionário.

Instalou-se, inicialmente, em Itabuna onde teve sua primeira desilusão ao descobrir que seus animais eram de pouco valor. Por não conseguir se manter em Itabuna, devido à falta de trabalho, embrenhou-se pela mata até o povoado de Itapuí, hoje Itororó. Mais tarde, seus pais e irmãos também se mudaram para Itapuí, ali fixaram residência e deram início a uma nova vida.

Nos primeiros anos, para sobreviver, passou a vender carvão, galinhas, porcos e o que mais fosse possível de ser vendido, transportando sua mercadoria em lombo de burros até Itabuna.

Após algum tempo, montou um bar em Itororó com mesa de sinuca, em seguida inaugurou um armazém de produtos variados e instalou a primeira bomba de combustível da cidade. Por fim, fundou o Bazar Vitória, loja que vendia de tudo um pouco.

Aos 23 anos casou-se com Iraci, com quem teve quatro filhos. Iraci foi sua companheira até o final da vida.

No ano de 1949, com o fruto do seu trabalho como comerciante e em decorrência de sua paixão pela criação do Gado Zebu, comprou sua primeira fazenda, a União, em Itapetinga-BA, tendo como vizinho seu querido irmão Jaime Simões.

Em 1955, tendo como palco a Fazenda Estrela do Oriente em Palmares, distrito de Itapetinga-BA, iniciou, de forma pioneira, a criação do Nelore PO – Puro de Origem, a qual, nos dias de hoje, ou seja, no ano de 2023, ainda é uma das melhores criações da raça no Brasil.

Em 1958 partiu para Salvador com o intuito de tornar Itororó uma cidade livre do domínio administrativo de Ibicaraí, que nada investia naquele povoado. Enfrentou a Assembleia Legislativa, sem qualquer apoio político, com pouca escolaridade, mas com muita coragem, na tentativa de emancipar Itororó.

Lutou bravamente e com determinação durante um mês, fazendo uma peregrinação entre Assembleia Legislativa e o Palácio da Aclamação, onde Juracy Magalhães, então Governador da Bahia, sancionou a Lei Estadual nº 1.945 de 22.08.1958, que criou o Município Itororó.

No dia 07.04.1959 tomou posse como primeiro prefeito de Itororó. A sua gestão chamou a atenção de grupos políticos, de modo que, ao final do seu mandato, foi convidado a se candidatar a deputado estadual, tendo sido eleito em 1963.

Mudou-se então para Salvador, onde exerceu legislatura estadual ao longo de 24 anos. Em 1987, espontaneamente, desistiu da carreira política, passando a se dedicar exclusivamente ao cuidado de suas fazendas e de sua família.

No ano de 2007, infelizmente, fomos privados de sua presença no plano físico.

Podemos dizer que Eujácio foi um vanguardista, que passou a vida servindo aos seus e acolhendo a todos que lhe pediram ajuda.

Enfim, um espírito elevado, cuja ausência nos deixa saudades até hoje.

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