Publicado em 05/04/2024 às 16h16.

Apenas 57 grandes empresas respondem por 80% das emissões no planeta desde 2016

Setor de combustíveis fósseis emitiu mais carbono entre 2016 e 2022 do que nos sete anos anteriores à conclusão do acordo

Redação
Foto: US Fish and Wildlife Service/ Creative Commons | EBC

 

Segundo uma matéria do ClimaInfo, a assinatura do Acordo de Paris em 2015 não se refletiu em uma redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) pelos setores econômicos mais intensivos em carbono. Pelo contrário: de acordo com um novo relatório divulgado na quinta-feira(4) pela InfluenceMap, com informações do banco de dados Carbon Majors, o setor de combustíveis fósseis emitiu mais carbono entre 2016 e 2022 do que nos sete anos anteriores à conclusão do acordo. A pesquisa aponta que, mas um olhar atento sobre essas emissões mostra que a maior parte delas está associada a um número pequeno de empresas de combustíveis fósseis e de cimento. Segundo o levantamento, 80% das emissões advindas da queima de combustíveis fósseis no mundo desde a assinatura do Acordo de Paris vêm de apenas 57 grandes empresas privadas e estatais desses setores.

Ainda segundo o ClimaInfo, os dados do Carbon Majors mostram que a maior parte dessas empresas expandiram suas operações mais intensivas na liberação de carbono nos sete primeiros anos desde a assinatura do Acordo de Paris, desafiando diretamente os compromissos internacionais para conter o aquecimento global em 1,5º C neste século. Outros dados chamam a atenção. De forma mais ampla, 88% das emissões de combustíveis fósseis e do setor de cimento desde 2016 estão associadas a 117 empresas, sendo 38% diretamente relacionadas a produtores estatais, 37% a empresas com participação governamental, e 25% a companhias privadas.

O instituto ClimaInfo acrescenta que o aumento das emissões desde a conclusão do Acordo de Paris é mais visível na Ásia, onde as cinco principais companhias privadas e a maior parte das empresas estatais (8 de 10) registraram emissões superiores àquelas observadas no período de 2009 a 2015. Segundo a análise, isso se deve principalmente à expansão da produção de carvão no continente asiático. Outra informação curiosa é a mudança gradual no perfil dos principais produtores de carvão desde 2016. Nesse período, as empresas estatais assumiram o protagonismo do setor, o que se refletiu também nas emissões de gases de efeito estufa. Segundo o Carbon Majors, as emissões de empresas privadas de carvão caíram 27,9% entre 2015 e 2022, para 939 megatoneladas de CO2 equivalentes (MtCO2e), ao passo que as emissões de empresas estatais e com participação governamental cresceram 19% (para 2.208 MtCO2e) e 29% (343 MtCO2e), respectivamente.

O ClimaInfo ainda destaca que o levantamento feito a partir do Carbon Majors abordou também as emissões históricas e a pegada das principais empresas de combustíveis fósseis. As cinco maiores empresas privadas dessa indústria – Chevron, ExxonMobil, BP, Shell e ConocoPhillips – foram responsáveis por 11,1% das emissões históricas dos setores de petróleo e cimento, estimadas em 196 gigatoneladas de dióxido de carbono (GtCO2). Já as cinco maiores empresas estatais – Saudi Aramco, Gazprom, National Iranian Oil Company, Coal India e Pemex – respondem por 10,9% das emissões históricas (194 GtCO2).

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