Publicado em 29/09/2025 às 11h21.

Após 16 anos, tribunal francês abre novo julgamento sobre desastre aéreo que matou 59 brasileiros

Queda do voo AF 447 da Air France no Oceano Atlântico, em 2009, matou todas as 228 pessoas a bordo

Redação
Foto: Aeronáutica/Divulgação

 

Um tribunal de apelações na França inicia nesta segunda-feira (29) um novo julgamento sobre a queda do voo AF 447 da AirFrance, 16 anos depois que o avião mergulhou no Oceano Atlântico matando todas as 228 pessoas a bordo, incluindo 59 brasileiros entre passageiros e tripulação. As informações são da agência britânica Reuters e do portal InfoMoney.

O julgamento contempla a companhia aérea francesa Air France e a Airbus, fabricante do modelo de avião que caiu. Outro tribunal francês, esse de primeira instância, já havia inocentado as duas empresas do crime de homicídio culposo em 2023, após um histórico julgamento público sobre o desaparecimento do voo AF447 enquanto fazia a rota do Rio de Janeiro para Paris em 1º de junho de 2009.

Após uma busca de dois anos pelas caixas-pretas do A330, os investigadores franceses descobriram que os pilotos haviam lidado mal com a perda temporária de dados dos sensores de velocidade congelados e empurraram o jato para uma estol aerodinâmico, ou queda livre, sem responder aos alertas.

O julgamento de 2023 também esclareceu as discussões entre Air France e Airbus sobre os problemas crescentes com os sensores, ou “sondas pitot”, que geram leituras de velocidade. Ambas as empresas negaram sistematicamente qualquer irregularidade criminal.

Após nove semanas de provas, um juiz de Paris listou quatro atos de negligência por parte da Airbus e um por parte da Air France, mas concluiu que eles não eram suficientes, de acordo com a legislação penal francesa, para estabelecer uma ligação definitiva com a perda do jato durante uma tempestade à meia-noite.

A expectativa é que o novo julgamento se estenda por dois meses de audiências, durante os quais os advogados das famílias das vítimas devem defender o argumento de uma ligação direta entre a negligência identificada anteriormente e o acidente.

“É doloroso para as famílias reabrir tudo 16 anos depois, mas é essencial continuar e demonstrar que houve culpa criminal”, disse Sebastien Busy, advogado de uma das principais associações de parentes das vítimas. “Se você retirar um desses atos de negligência, então o acidente nunca teria acontecido”, disse ele à Reuters.

A multa máxima por homicídio culposo corporativo é de apenas 225.000 euros, mas os promotores acreditam que um novo julgamento ajudará a proporcionar um efeito catártico para as famílias, que protestaram contra o veredicto anterior.

O desastre do AF447 foi um dos mais amplamente debatidos na aviação e levou a uma série de mudanças técnicas e de treinamento.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Settings ou consulte nossa política.