Publicado em 07/07/2025 às 11h36.

Brasil desiste de acordo com Índia e negocia compra de mísseis com a Itália

Negociação pode chegar a R$ 5 bilhões; sistema Emads é o novo alvo do Exército brasileiro

Redação
Foto: Divulgação/MDBA

 

O governo brasileiro interrompeu as negociações com a Índia para a aquisição de um sistema de defesa antiaérea de médio e longo alcance e passou a tratar do tema com a Itália. A informação foi divulgada pela CNN Brasil nesta segunda (7).

A operação, estimada em até R$5 bilhões, busca ampliar a capacidade do Exército Brasileiro diante da crescente preocupação com conflitos globais. Atualmente, o Brasil não possui um sistema de mísseis capaz de interceptar ameaças aéreas acima de 3 mil metros de altitude.

Segundo relatos de oficiais do Exército à CNN, as conversas com a Índia para aquisição do sistema Akash esfriaram após impasses técnicos e comerciais. A Bharat Dynamics Limited (BDL) e a Bharat Electronics (BEL), fabricantes indianas do sistema, insistiam na venda de uma versão mais antiga, sem tecnologia israelense, e com propriedade intelectual totalmente indiana.

Ainda segundo os militares, a preferência do Brasil era por uma versão mais moderna, com melhores capacidades de detecção e alcance. Diante do impasse, o comando do Exército decidiu buscar alternativas no mercado europeu.

Sistema italiano é o novo foco

O novo alvo é o sistema Emads, fabricado pelo consórcio europeu MBDA com participação da empresa italiana Leonardo. O sistema pertence à mesma família de mísseis que serão usados pela Marinha nas fragatas da Classe Tamandaré, em construção em Itajaí (SC).

A escolha pelo Emads pode facilitar o suporte logístico, com compartilhamento de infraestrutura, treinamento conjunto e até possibilidade de produção nacional dos mísseis em parceria com a indústria italiana.

Durante as tratativas com a Índia, o governo brasileiro buscava estruturar o acordo no formato “gov-to-gov” (governo a governo), envolvendo também a venda de aeronaves KC-390 da Embraer. Agora, na negociação com a Itália, há interesse semelhante de incluir os cargueiros no pacote, embora fontes consultadas pela CNN tenham afirmado que a compra dos mísseis não dependerá da venda dos aviões.

Mesmo com o avanço da negociação com os italianos, o tema pode voltar à pauta entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, durante a cúpula do Brics, que ocorre no Rio de Janeiro. O encontro pode ser decisivo para selar o afastamento definitivo do acordo com os indianos ou reabrir a discussão com novos termos.

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