Publicado em 09/11/2023 às 10h55.

Dino rebate Netanyahu sobre caso de suspeitos de terrorismo: Nenhuma força estrangeira manda na PF

‘Repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para [...] interesses políticos’, disse o ministro

Jamile Amine
Foto: Valter Campanato/Agência Brasol

 

Um dia após a Polícia Federal (PF) deflagrar a Operação Trapiche, que mirou suspeitos de ligação com grupo terrorista no país, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), reafirmou a soberania do Brasil e o papel de suas instituições mas, apesar de admitir a cooperação internacional, rechaçou a politização do caso por parte de autoridades de Israel. Na manifestação, ele salientou ainda que as investigações tiveram início antes da guerra entre o Hamas e Israel.

O desagravo do ministro ocorreu em resposta à fala do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que na quarta-feira (8) atribuiu a ação ao órgão de inteligência israelense.

“As forças de segurança brasileiras, junto do Mossad e seus parceiros na comunidade de segurança israelense, bem como agências de segurança internacional, desmontaram um ataque terrorista no Brasil, planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo Irã”, publicou o premiê na conta oficial do governo nas redes sociais. “O Mossad agradece os serviços de segurança brasileiros pela prisão de uma célula terrorista operada pelo Hezbollah para atacar alvos israelenses e judeus no Brasil”, continuou.

Nesta quinta (9), também por meio das redes, Flávio Dino afirmou que “o Brasil é um país soberano”, disse que a cooperação jurídica e policial pode ocorrer entre países de diferentes matizes ideológicos, “tendo por base os acordos internacionais”, mas destacou: “Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar resultado de investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento”.

“As investigações da Polícia Federal começaram ANTES da deflagração das tragédias em curso na cena internacional. Apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para fins de propaganda de seus interesses políticos”, retrucou.

O ministro reforçou ainda que cabe à PF a “análise da plausibilidade de indícios que constam de relatórios internacionais” e o subsequente envio do material ao Judiciário brasileiro. “Os mandados cumpridos ontem, sobre possível caso de terrorismo, derivaram de decisões do Poder Judiciário do Brasil. Se indícios existem, é DEVER da Polícia Federal investigar, para CONFIRMAR OU NÃO as hipóteses investigativas”, acrescentou, frisando que a conduta da PF está pautada exclusivamente nas leis brasileiras e “nada tem a ver com conflitos internacionais”, além de afirmar que “não cabe à Polícia Federal analisar temas de política externa”.

Por fim, Flávio Dino afirmou que no momento oportuno, a PF apresentará ao Judiciário brasileiro os resultados da “investigação técnica, isenta e com apoio em provas analisadas EXCLUSIVAMENTE pelas autoridades brasileiras”.

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