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Publicado em 05/12/2025 às 10h23.

Governo Trump pede que nações acabem com políticas de migração de massa em novo documento

Texto critica aliados de Washington e reforça desejo americano de se manter como 'protagonista' do Ocidente

Redação
Foto: White House Archived

O governo dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (5) um documento que pede pelo fim das políticas de migração em massa no mundo e o reforçamento do controla nas fronteiras, definido como “o elemento principal da segurança” americana. A gestão do presidente Donald Trump é notória por suas políticas anti-imigratorias como o famoso “muro” na fronteira entre os EUA e México, promessa do republicano desde seu primeiro mandato. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

“A era das migrações em massa deve chegar ao fim. A segurança das fronteiras é o elemento principal da segurança nacional”, defende o documento com o título “Estratégia Nacional de Segurança”. O texto ainda pontua que “após anos de negligência”, os EUA agirão “para restaurar a preeminência americana no Hemisfério Ocidental e para proteger a pátria e o acesso a regiões geográficas importantes em toda a região”.

Na mesma linha, sem citar países específicos, o documento defende um reajuste da “presença militar global” americana, com o intuito de combater o que chamou de “ameaças urgentes” e “se afastar de cenários cuja importância relativa para a segurança nacional dos Estados Unidos diminuiu nas últimas décadas ou anos”.

O documento ainda busca desenvolver a visão “America First” (Estados Unidos em primeiro lugar, em inglês), amplamente difundida por Trump e seus seguidores, visando estabelecer uma reorientação de sua política dos últimos anos.

“Devemos proteger nosso país contra invasões, não apenas contra as migrações fora de controle, mas também contra as ameaças transfronteiriças como o terrorismo, as drogas, a espionagem e o tráfico de pessoas”, acrescenta o texto.

Ao longo do documento de 33 páginas, o governo defende sua preeminência na Ocidente “como condição para segurança e prosperidade” repetindo posicionamentos dúbios, sem nomear países. “Os termos de nossas alianças e as condições sob as quais fornecemos qualquer tipo de ajuda devem estar condicionados à redução da influência estrangeira adversária”, diz o documento. “Desde o controle de instalações militares, portos e infraestrutura essencial até a aquisição de ativos estratégicos em sentido amplo.”

Apesar da possível referência à China, já que o país trava uma batalha com o gigante asiático devido a questão dos minerais críticos e a presença chinesa no Canal do Panamá, o texto menciona a intenção americana de revitalizar as relações entre Washington e o governo de Xi Jinping. “Vamos reequilibrar a relação econômica dos EUA com a China, priorizando a reciprocidade e a equidade para restaurar a independência econômica americana”, diz o documento.

O texto ainda contém, no entanto, repetidas menções a “potências estrangeiras” que, com sua influência, poderiam minar a soberania americana. “Algumas influências estrangeiras serão difíceis de reverter, dadas as alianças políticas entre certos governos latino-americanos e certos atores estrangeiros”, afirma o documento, sem citar qualquer país da América Latina, inclusive a Venezuela, com quem Trump tem travado uma escalada militar.

“Os EUA obtiveram sucesso em reduzir a influência estrangeira no Hemisfério Ocidental ao demonstrar, com especificidade, quantos custos ocultos —em espionagem, segurança cibernética, armadilhas da dívida e outras áreas— estão embutidos na assistência externa supostamente de ‘baixo custo’.”

Ao comentar sobre a Guerra da Ucrânia, o documento critica os aliados americanos na Europa no campo da segurança. “É de fundamental interesse dos EUA negociar uma cessação célere das hostilidades na Ucrânia, a fim de estabilizar as economias europeias.”

“A guerra na Ucrânia teve o efeito perverso de aumentar a dependência externa da Europa, especialmente da Alemanha”, diz o texto, ao acrescentar que “o governo Trump se encontra em desacordo com autoridades europeias que nutrem expectativas irrealistas para a guerra, baseadas em governos minoritários instáveis, muitos dos quais se apoiam em princípios básicos da democracia para suprimir a oposição”.

Após a publicação pela Casa Branca, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha afirmou que o país não precisa de “conselhos externos”. “Acredito que questões relativas à liberdade de expressão ou à organização de nossas sociedades livres não tenham lugar (na estratégia), em todo caso, pelo menos no que diz respeito à Alemanha”, declarou Johann Wadephul.

Mesmo com a posição crítica a atores inominados no documento, Trump mantém os aliados da União Europeia entre os objetivos dos EUA para o mundo. “Queremos apoiar os nossos aliados na preservação da liberdade e da segurança da Europa, ao mesmo tempo que restauramos a autoconfiança civilizacional da Europa e a identidade ocidental.” Isso se reflete, segundo o texto, também nas políticas de imigração da região. “Se as tendências atuais continuarem, o continente (europeu) será irreconhecível em 20 anos ou menos.”

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