Publicado em 16/09/2025 às 11h13.

Inquérito da ONU acusa Israel de promover genocídio em Gaza

Governo israelense afirma que o relatório é "escandaloso", "falso" e criado por aliados do Hamas

Redação
Foto: Reprodução/X @UN

 

Uma comissão de Inquérito criada pelas Nações Unidas (ONU) divulgado nesta terça-feira (16) concluiu que Israel cometeu genocídio na Faixa de Gaza e acusou as principais autoridades israelenses, citando nominalmente o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de incitarem esses atos. As informações são da agência britânica Reuters e do portal InfoMoney.

O relatório, divulgado no mesmo dia em que Israel anunciou o início de sua operação terrestre contra o maior centro urbano da região, a Cidade de Gaza, cita exemplos de escala de assassinatos, bloqueios de ajuda, deslocamento forçado e a destruição de uma clínica de fertilidade como respaldo para sua conclusão de genocídio.

Endossaram o ponto da organização uma associação de acadêmicos e grupos de direitos que chegaram à mesma conclusão.

“Hoje testemunhamos em tempo real como a promessa de ‘nunca mais’ é quebrada e testada aos olhos do mundo. O genocídio em curso em Gaza é um ultraje moral e uma emergência legal”, disse Navi Pillay, chefe da Comissão de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado e ex-juíza do Tribunal Penal Internacional, em uma coletiva de imprensa em Genebra.

“A responsabilidade por esses crimes de atrocidade recai sobre as autoridades israelenses nos mais altos escalões, que orquestraram uma campanha genocida por quase dois anos com a intenção específica de destruir o grupo palestino em Gaza”, complementa.

A resposta de Israel

O presidente israelense, Isaac Herzog, também citado no relatório da ONU, condenou as conclusões do texto que, segundo ele, interpretaram mal as ações do governo israelense.

“Enquanto Israel defende seu povo e busca o retorno dos reféns, essa Comissão moralmente falida está obcecada em culpar o Estado judeu, encobrindo as atrocidades do Hamas e transformando as vítimas de um dos piores massacres dos tempos modernos em acusadas”, disse ele.

O embaixador israelense na ONU em Genebra, Daniel Meron, chamou o relatório de “escandaloso” e “falso”, dizendo que ele havia sido criado por “representantes do Hamas”. “Israel rejeita categoricamente a calúnia publicada hoje por essa comissão de inquérito”, declarou Meron a jornalistas.

Israel ainda acusa a comissão de manter uma agenda política contra o país, divergindo do mandato israelense e se recusando a cooperar.

Solicitada a responder aos comentários de Israel, Pillay disse: “Gostaria que eles nos dissessem onde erramos nesses fatos, ou simplesmente cooperassem conosco”.

A análise jurídica de 72 páginas da comissão é a conclusão mais forte da ONU até o momento, mas o órgão é independente e não fala oficialmente pelas Nações Unidas. A ONU ainda não usou o termo “genocídio”, mas está sob crescente pressão para fazê-lo.

Pillay também afirmou esperar que o chefe de direitos da ONU, Volker Turk, e o secretário-geral António Guterres leiam o relatório e “sejam guiados pelos fatos”.

Israel já enfrenta um processo de genocídio na Corte Internacional de Justiça no Tribunal de Haia. O país rejeita tais acusações, citando seu direito à autodefesa após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e resultou em 251 reféns, de acordo com os registros israelenses.

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