Israel bombardeia cidade do sul do Líbano e mata seis pessoas, incluindo prefeito
Governadora diz que ataques foram ‘um massacre’; Tel Aviv afirma ter atingido dezenas de alvos do Hezbollah
Bombardeios seguidos de Israel contra Nabatieh, nesta quarta-feira (16), deixaram pelo menos 43 feridos e 6 mortos, incluindo Ahmed Kahil, prefeito da cidade, no sul do Líbano, segundo o Ministério da Saúde do país. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
“Até agora, 11 ataques atingiram principalmente Nabatieh, mas também seus arredores”, afirmou à agência AFP Howaida Turk, governadora da província cuja capital é a cidade. Segundo ela, os bombardeios foram “um massacre” e “formaram uma espécie de cinturão de fogo” na área.
O Exército israelense afirmou ter atingido dezenas de alvos do Hezbollah, incluindo “infraestruturas terroristas, centros de comando e instalações de armazenamento de armas”. De acordo com a agência estatal do Líbano, equipes de resgate no local retiram escombros enquanto procuram por sobreviventes.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, porém, afirma que o ataque “visou intencionalmente uma reunião do conselho municipal para discutir a situação de serviços e alívio da cidade”. A coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, também criticou o bombardeio, uma “violação inaceitável do direito internacional”, segundo ela.
O ataque aumenta os temores de que Israel possa incluir cada vez mais funcionários e edifícios públicos entre seus alvos, até agora parcialmente poupados. Isso porque o bombardeio desta quarta foi o mais significativo contra um órgão público desde o início da ofensiva do Estado judeu no país, há duas semanas.
O prefeito Kahil havia decidido ficar na cidade mesmo após a primeira ordem de retirada do local, emitida por Israel no dia 3 de outubro. Depois da orientação, um repórter da agência Reuters ligou para perguntar se ele sairia. O político disse que não.
As operações e ataques israelenses no Líbano mataram ao menos 2.350 pessoas no último ano e deixaram quase 11 mil feridos, segundo o Ministério da Saúde, e mais de 1,2 milhão de pessoas foram deslocadas. O número não faz distinção entre civis e combatentes do Hezbollah, mas inclui centenas de mulheres e crianças. Cerca de 50 israelenses, tanto soldados quanto civis, foram mortos no mesmo período em meio às ações e no norte do país, segundo Tel Aviv.
Parte dos mortos de ambos os lados são vítimas da troca de fogo na fronteira entre os dois países —o Hezbollah, aliado do Hamas, vinha lançando foguetes contra o norte de Israel desde o começo da guerra na Faixa de Gaza, iniciada após os atentados do grupo terrorista no dia 7 de outubro do ano passado. Os ataques da milícia libanesa obrigaram 60 mil israelenses a se deslocarem.
Com o aumento dos combates nas últimas semanas, Israel expandiu seus alvos e incluiu Beirute, que também voltou a ser bombardeada nesta quarta. Tel Aviv diz que tinha como alvo um estoque de armas subterrâneo.
Segundo testemunhas ouvidas pela Reuters, ao menos um ataque aéreo israelense atingiu os subúrbios no sul da capital, região com forte presença do Hezbollah. Elas dizem ter ouvido duas explosões e visto colunas de fumaça emergindo de dois bairros separados.
O ataque ocorreu depois de Israel emitir uma ordem de evacuação no início do dia que mencionava apenas um edifício. O Exército israelense tem realizado bombardeios na região sem avisos prévios, ou com avisos para um alvo que se revela mais amplo no momento da explosão.
Segundo Israel, “antes do ataque, foram tomadas várias medidas para mitigar o risco de ferir civis, incluindo avisos antecipados à população na área”.
A última vez que Beirute foi atingida foi em 10 de outubro, quando dois ataques perto do centro da cidade mataram 22 pessoas e derrubaram edifícios inteiros em um bairro densamente povoado.
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