Noruega, Espanha e Irlanda reconhecem oficialmente o Estado da Palestina
Presidente palestino comemora ação e Israel retira representantes nas embaixadas
A Noruega, a Irlanda e a Espanha decidiram nesta quarta-feira, 22, reconhecer um Estado palestino independente no final do mês. Os governos dos três países disseram, em um anúncio coordenado, esperar que outras nações façam o mesmo diante da “ameaça para a solução de dois Estados”. A decisão dividiu opiniões da Europa ao Oriente Médio, com acenos de aprovação e condenações de outros governos nacionais. Israel convocou seus embaixadores nos três países em reprimenda. O grupo terrorista Hamas comemorou a decisão e convidou outros países a fazerem o mesmo.
A medida ocorre em meio aos ataques realizados pelas forças israelenses nas extremidades norte e sul da Faixa de Gaza em maio, causando um novo êxodo de centenas de milhares de pessoas, e restringiram drasticamente o fluxo de ajuda, aumentando o risco de fome. Segundo matéria do Estadão, O primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris, disse em uma coletiva de imprensa que estava confiante de que outros países se juntariam a eles no reconhecimento da condição de Estado palestino nas próximas semanas. Já o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, disse em uma coletiva de imprensa em Oslo, anunciando a decisão, que entrará em vigor na próxima terça-feira, que “Os palestinos têm um direito fundamental a um Estado independente”, o país escandinavo “portanto, considerará a Palestina como um estado independente com todos os direitos e obrigações que isso implica”, disse Gahr Støre. A decisão da Espanha entrará em vigor no mesmo dia, disse Pedro Sánchez em comentários ao Parlamento. Ele disse que a Espanha foi forçada a agir porque o primeiro-ministro de Israel, Binyamon Netanyahu, não tinha um plano para a paz com os palestinos. “A solução de dois Estados está em perigo”, disse Sánchez, referindo-se a uma estrutura proposta para estabelecer um Estado da Palestina ao lado de Israel.
Mais de 140 países e o Vaticano reconheceram um Estado palestino, mas a maioria dos países da Europa Ocidental e os Estados Unidos não reconhecem. Eles afirmam que o reconhecimento deve ser obtido por meio de negociações entre israelenses e palestinos e medidas unilaterais de terceiros não promoverão esse objetivo. Entretanto, nas últimas semanas, vários países da União Europeia indicaram que planejam reconhecer o Estado palestino, sob o argumento de que uma solução de dois Estados é essencial para a paz duradoura na região. A decisão pode gerar um impulso para o reconhecimento de um Estado palestino por outros países da UE e pode estimular outras medidas nas Nações Unidas. A Noruega, que não é membro da União Europeia, mas se espelha em seus movimentos, tem sido uma fervorosa defensora de uma solução de dois Estados entre Israel e os palestinos.
“O terror foi cometido pelo Hamas e por grupos militantes que não apoiam a solução de dois Estados e o Estado de Israel”, disse o líder do governo norueguês.
Comemoração palestina
O presidente palestino Mahmoud Abbas saudou o reconhecimento de um Estado palestino pela Noruega e conclamou outros países a segui-lo. Em uma declaração divulgada pela agência de notícias oficial Wafa, Abbas disse que a decisão da Noruega consagrará “o direito do povo palestino à autodeterminação” e apoiará os esforços para a obtenção de uma solução de dois estados com Israel.
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), considerada internacionalmente como a única representante legítima do povo palestino, classificou nesta quarta-feira como “histórico” o reconhecimento do Estado palestino pelos três países europeus. O reconhecimento pela Espanha, Irlanda e Noruega é “um momento histórico no qual o mundo livre triunfa pela verdade e pela justiça”, disse Hussein al-Sheikh, secretário-geral do comitê executivo da OLP, no X, antigo Twitter.
Israel protesta
Em matéria, o Estadão apurou que, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, ordenou que os embaixadores de Israel na Irlanda, na Noruega e na Espanha retornassem imediatamente a Israel e se pronunciou dizendo que o reconhecimento poderia impedir os esforços para devolver os reféns israelenses mantidos em Gaza e tornar um cessar-fogo menos provável ao “recompensar os jihadistas do Hamas e do Irã”. Ele também ameaçou retirar o embaixador de Israel na Espanha se o país adotar uma posição semelhante.
“Hoje envio uma mensagem forte à Irlanda e à Noruega: Israel não permanecerá calado face a isto”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, em um comunicado.
“Os passos precipitados dos dois países terão consequências mais graves”, afirmou o ministro, que alertou que tomariam uma medida semelhante se a Espanha aderisse.
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