Publicado em 20/08/2025 às 09h44.

Rússia quer poder de veto sobre garantias de segurança à Ucrânia

"Discutir garantias sem a Rússia leva a lugar nenhum”, afirmou o chanceler russo Serguei Lavrov

Redação
Foto: Presidência da Rússia

 

O chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou na quarta-feira (20) que a Rússia tem de estar presente em qualquer discussão sobre as garantias de segurança para a Ucrânia, uma das exigencias de Volodymyr Zelensky para um acordo de cessar-fogo na guerra entre os dois países, iniciada por Moscou em 2022. Lavrov ainda defendeu que a Rússia deve ter o poder de vetar o acionamento dessas garantias.

Segundo matéria da Folha de S. Paulo, na análise do chanceler, o caminho ideal para as negociações necessita da retomada da proposta russa de direito ao veto. A ideia já havia sido pautada pelo governo de Vladimir Putin na negociação rompida no fim de março de 2022, em conversas entre os dois países em Istambul. O plano que quase encerrou a guerra naquele ponto previa uma coalizão de Estados garantidores da segurança de Kiev, como forma de dissuadir nova invasão russa.

O projeto foi rejeitado pela Ucrânia, no entanto, já que previa a inclusão da própria Rússia no grupo, além da necessidade de um consenso para que qualquer plano de defesa fosse acionado.

Agora, a pauta se reascende em meio aos esforços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em terminar o conflito. O republicano tem defendido que o tema do veto é tão importante quanto as cessões territoriais que a Ucrânia deverá fazer. Nesta quarta, os chefes de Estado-Maior da Otan, a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, fazem uma reunião virtual para debater o assunto.

Lavrov afirmou que a Rússia apoia “garantias confiáveis” e que o plano de Istambul “é um bom exemplo” disso. “Espero que os EUA saibam que discutir garantias sem a Rússia leva a lugar nenhum”, disse em entrevista coletiva em Moscou.

O chanceler ainda defendeu a presença da China na coalização. O gigante asiático é a principal aliada do Kremlin, ainda que não esteja envolvida diretamente na guerra. Apesar de defender a coalizão, Lavrov evitou dar detalhes sobre um possível formato das garantias que seriam concedidas à Ucrânia.

A pauta esteve no centro das conversas entre Trump, Volodimir Zelenski e seis líderes europeus na segunda (18), na Casa Branca. O americano relatou a eles que Vladimir Putin havia aceitado, na cúpula promovida por ele três dias antes no Alasca, algum tipo de proteção no estilo do artigo 5 da aliança.

Esta prevê a defesa mútua em caso de agressão. O problema é que autoridades europeias defendem a presença de uma força de paz em solo ucraniano para demonstrar que sua intenção é séria, ideia amplamente rejeitada pela Rússia, já que a invasão foi justificada, entre outros pontos, pelo imperativo de impedir a entrada do vizinho na Otan.

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