Publicado em 30/03/2025 às 08h30.

Terremoto em Mianmar deixa mais de 1.700 mortos e desaparecidos

Abalos destruíram prédios e templos no país asiático, afetando também a Tailândia; governo faz apelo raro por ajuda internacional

Redação
Foto: Reprodução/Redes sociais

A junta governante de Mianmar informou neste domingo (30) que aproximadamente 1,7 mil pessoas morreram, cerca de 3,4 mil ficaram feridas e cerca de 300 continuam desaparecidas após o terremoto de magnitude 7,7 que atingiu a região na sexta-feira (28), causando destruição também na Tailândia.

A região de Mandalay, a segunda maior cidade do país, foi a mais afetada pelo tremor. No entanto, a dimensão total do desastre ainda é incerta, pois as comunicações estão prejudicadas e o número de vítimas pode aumentar.

Em Mandalay, mais de 90 pessoas estariam presas nos escombros de um edifício residencial de 12 andares, segundo um representante da Cruz Vermelha. Quase 30 horas após o terremoto, Phyu Lay Khaing, de 30 anos, foi resgatada de um prédio e levada ao hospital, onde reencontrou o marido, Ye Aung.

Na mesma cidade, um templo budista centenário desabou. “Começou a tremer e o monastério veio abaixo”, relatou um soldado em um posto de controle próximo ao local. “Um monge morreu e várias pessoas feridas foram retiradas dos escombros e levadas para o hospital”, acrescentou. Ele também afirmou que ninguém no monastério se arrisca a dormir lá, temendo novos tremores.

O terremoto ocorreu na sexta-feira, com epicentro a noroeste da cidade de Sagaing, no centro de Mianmar, por volta das 06h20 GMT (03h20 pelo horário de Brasília), seguido por um tremor secundário minutos depois.

Os abalos sísmicos provocaram destruição generalizada, incluindo o colapso de casas, prédios, pontes e templos. O desastre se soma à crise enfrentada pelo país, que vive uma guerra civil desde o golpe militar de fevereiro de 2021.

O líder da junta militar, Min Aung Hlaing, fez um pedido raro por ajuda internacional, solicitando apoio de qualquer país ou organização. Tradicionalmente, os militares de Mianmar são reticentes em buscar auxílio externo.

As autoridades declararam estado de emergência nas seis regiões mais afetadas. Em um hospital da capital Naypyidaw, os danos estruturais levaram ao atendimento de centenas de feridos do lado de fora do prédio.

A China enviou 82 equipes de resgate e anunciou uma ajuda humanitária de emergência no valor de US$ 13,8 milhões.

No sábado, um avião da Índia pousou em Yangon carregado com suprimentos como kits de higiene, cobertores e alimentos. Coreia do Sul, Malásia e a Organização Mundial da Saúde (OMS) também ofereceram assistência.

“Vamos ajudá-los. O que está acontecendo é terrível”, declarou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na sexta-feira.

O rei Charles III, do Reino Unido, e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, enviaram mensagens de solidariedade, enquanto o presidente chinês, Xi Jinping, manifestou sua “profunda tristeza” ao líder da junta.

Organizações humanitárias avaliam que Mianmar não tem estrutura para lidar com um desastre dessa magnitude. Segundo a ONU, cerca de 3,5 milhões de pessoas já estavam deslocadas pelo conflito interno, e 15 milhões corriam risco de fome antes mesmo do terremoto.

Na Tailândia, equipes de resgate trabalharam durante a noite para encontrar sobreviventes nos escombros de um prédio de 30 andares em construção, que desabou em segundos em Bangkok. O colapso surpreendeu dezenas de trabalhadores, deixando muitos presos entre os destroços.

O governador de Bangkok, Chadchart Sittipunt, confirmou pelo menos oito mortes no local e o resgate de oito pessoas com vida. Ainda há 79 desaparecidos.

Drones de imagem térmica identificaram sinais de vida de pelo menos 30 pessoas entre os escombros. O governo de Bangkok enviou mais de 100 especialistas para monitorar a segurança de edifícios, após receber mais de 2.000 relatos de danos.

Cerca de 400 pessoas passaram a noite em parques abertos devido ao risco de novos desabamentos.

Entre os afetados, uma mulher deu à luz ao ar livre após ser evacuada de um hospital, e um cirurgião continuou uma operação do lado de fora do prédio, após a necessidade de evacuação da sala de cirurgia.

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