Uma em cada 11 pessoas pode ter passado fome em 2023, aponta FAO
Mundo está longe do objetivo de erradicar a fome até 2030

Uma em cada 11 pessoas pode ter passado fome no mundo em 2023, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado na manhã desta quarta-feira (24). Há uma prevalência global de subnutrição em nível semelhante por três anos consecutivos depois de ter aumentado acentuadamente após a pandemia de covid-19. O documento afirma que o mundo está longe de alcançar o objetivo de desenvolvimento sustentável (ODS-2) de erradicar a fome até 2030.
“Entre 713 e 757 milhões de pessoas podem ter enfrentado a fome em 2023 – uma em cada 11 pessoas no mundo, e uma em cada cinco em África”. São diferentes motivos que impactam os povos em maior vulnerabilidade, como conflitos, mudanças climáticas, desacelerações econômicas e as recessões.
No ano passado, a estimativa era que 28,9% da população mundial (ou 2,33 bilhões de pessoas) estava em moderada ou grave insegurança alimentar.
“O aumento da fome é maior nos países pobres afetados por mais do que um grande impulsionador. Isso porque o sistema agroalimentar nestes países não são resilientes a essas forças externas”. Um alerta é que a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição continuam a aumentar “e afetam desproporcionalmente as crianças”.
Outros públicos mais vulneráveis têm sido as mulheres, os jovens e os povos indígenas, de acordo com o documento.
Financiamento
A FAO avalia que um problema grave é a falta de uma solução comum em relação ao financiamento para a segurança alimentar e nutricional. “No caso de financiamento para a segurança alimentar e nutricional, não é possível avaliar adequadamente os níveis existentes, muito menos monitorar progressos ou retrocessos (para cumprir as metas)”.
A entidade explica que existe uma necessidade urgente de avançar para uma ação comum para o financiamento da segurança alimentar. Uma análise de 10 países de baixa e média renda (que inclui o Brasil) mostra que os gastos públicos com segurança alimentar e nutrição estavam crescendo antes da pandemia de covid-19.
Na avaliação da FAO, governos em alguns países de renda média também parecem estar gastando relativamente mais parte do seu orçamento para resolver as principais causas da insegurança alimentar e da desnutrição em comparação com países de baixa renda. A FAO argumenta que o relatório é um apelo “forte e urgente” à ajuda global e também às ações nacionais para resolver este problema como parte da agenda global de ação dos objetivos de desenvolvimento sustentável. “Há desigualdades no acesso ao financiamento para segurança alimentar e nutrição entre países e dentro dos países”.
O estudo identifica que cerca de 63% dos países com alta ou crescente fome, insegurança alimentar e desnutrição lutam para obter financiamento para a segurança alimentar e nutrição. “A maioria destes países (82%) são afetados por um ou mais dos principais impulsionadores da fome (…). E, por isso, é importante aumentar o financiamento para países com níveis mais elevados de fome”.
Parcerias
O relatório argumenta que somente fontes oficiais e públicas de financiamento não serão suficientes para preencher a lacuna de financiamento para acabar com a fome.
“Aumentar o financiamento privado, através de parcerias público-privadas, também será essencial para complementar os esforços”.
A FAO argumenta que não atender à agenda de 2030 acarreta custos sociais, econômicos e ambientais incomensuráveis. “Não há tempo a perder, já que o custo da inação excede em muito o custo da ação”.
Os dados do relatório servirão de base para discussões, segundo a FAO, na Cúpula do Futuro, em setembro deste ano, e na Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, no ano que vem.
Obesidade
Tendências crescentes de obesidade de adultos e também de anemia entre mulheres de 15 a 49 anos são consideradas preocupantes, segundo a FAO.
O documento mostra que a prevalência de obesidade entre adultos teve um aumento constante ao longo das últimas décadas, de 12,1% (591 milhões de pessoas, em 2012) para 15,8% (881 milhões de pessoas, em 2022). “A previsão é do número aumentar para mais de 1,2 bilhão até 2030. Sobre a anemia de mulheres de 15 a 49 anos, aumentou de 28,5%, em 2012, para 29,9%, em 2019 e há uma projeção para atingir 32,3% até 2030.
Por outro lado, o documento identificou que haveria menos crianças afetadas pelo atraso no crescimento. Aliás, o relatório aponta que o atraso no crescimento infantil pode ter diminuído em um terço nas últimas duas décadas, o que mostraria uma mudança positiva global. Na avaliação da FAO, são mudanças positivas, como o “direito à alimentação adequada e um padrão de vida que garanta a dignidade, saúde e bem-estar de todas as pessoas, especialmente para gerações futuras”.
Mais notícias
-
Mundo16h29 de 25/10/2025
Mais de 4 mil pessoas foram abusadas por padres na Itália desde 2020, aponta levantamento
Pesquisa detalha que 4.451 das vítimas eram menores de 18 anos, a maioria do sexo masculino
-
Mundo13h03 de 25/10/2025
Brasil assina Convenção da ONU contra crimes cibernéticos
País se juntou a outras 59 nações que aderiram ao pacto
-
Mundo11h49 de 24/10/2025
Portugal, Itália e mais: Nações europeias endurecem regras de imigração; entenda
"Pacote anti-imigração" entrou em vigor em Portugal na quinta-feira (23)
-
Mundo09h16 de 23/10/2025
Maduro diz ter 5 mil mísseis russos preparados para combater os EUA
Enquanto promove um cerco no Mar do Caribe, Trump tem ameaçado atacar alvos em solo venezuelano
-
Mundo13h57 de 22/10/2025
Irã recusa negociação com os EUA sobre programa nuclear: ‘Exigências irracionais’
Teerã e Washington se envolveram em cinco rodadas de negociações indiretas sobre a área nuclear, que terminaram com a guerra aérea de 12 dias
-
Mundo09h58 de 22/10/2025
Rússia e Ucrânia trocam ataques após Casa Branca descartar novo encontro Trump-Putin
Washington afirmou que presidentes dos EUA e Rússia não devem se reunir "no futuro imediato"
-
Mundo08h21 de 22/10/2025
Museu do Louvre é reaberto ao público três dias após assalto
Grupo de ladrões levaram joias avaliadas em cerca de 88 milhões de euros
-
Mundo11h17 de 21/10/2025
Japão elege primeira mulher a cargo de primeiro-ministro
A conservadora Sanae Takaichi foi eleita em meio a uma crise política no país asiático
-
Mundo11h09 de 21/10/2025
Bombardeio russo deixa centenas de pessoas sem luz na Ucrânia
Não há previsão de retorno destes serviços, já que os reparos devem demorar devido à ameça persistente de ataques de drones da Rússia, afirmam autoridades
-
Mundo09h31 de 21/10/2025
Ex-presidente da França é preso por conspiração com ditador da Líbia
Nicolas Sarkozy já havia sido condenado pela justiça francesa no final do mês passado











