Publicado em 28/07/2023 às 16h58.

Advogado baiano é autor do hino do município de Retirolândia

Município completou 61 anos de emancipação política

Redação
Enézio de Deus na oficialização do hino e hoje aos 42 anos. Foto: Divulgação

Você sabe a letra do hino nacional? Do seu estado? Do município em que nasceu? Do seu time de futebol? Mais do que isso: sabe a importância destas composições? Os hinos são canções líricas solenes que, desde a Antiguidade, enaltecem, a partir de profundo amor e respeito, divindades, países, estados, municípios, agremiações esportivas, entidades religiosas e outras representações simbólicas coletivas. 

Uma vez oficializadas, as canções que se tornam hinos constituem símbolos oficiais. No Brasil, a Lei nº 5.700, de 1 de setembro de  1971, instituiu como símbolos nacionais oficiais a Bandeira, o Brasão, o Selo e o Hino Nacional Brasileiro, cuja música é de Francisco Manoel da Silva e a letra é de autoria de Joaquim Osório Duque Estrada, conforme dispõem os Decretos nº 171, de 20 de janeiro de 1890, e nº 15.671, de 6 de setembro de 1922. O que poucos sabem é que letra e melodia só foram integradas 48 anos após a morte do compositor da melodia, que faleceu sem saber da grande herança deixada para a nação.

“A partir da constituição formal dos estados nacionais no século XIX, brotou forte estímulo para serem escritas canções com melodias solenes e letras em língua materna descrevendo elementos que reforçassem o sentimento coletivo de pertencimento e de valorização das histórias de cada país, região e cidade”, revela o advogado Enézio de Deus, um dos raros autores vivos de um hino e pesquisador da história do seu município. 

Nascido em Retirolândia, distante 243 km de Salvador, Enézio de Deus teve inspiração para a composição no ano de 2004, quando trabalhava em Feira de Santana. O hino nasceu da saudade de suas origens. “E, justamente no dia 27 de julho daquele ano, aniversário de emancipação de Retirolândia, senti um forte desejo de pegar papel e caneta para compor uma canção que estivesse à altura do que a nossa cidade merece”. O hino de Retirolândia foi oficializado no ano seguinte, em 2005, por lei municipal, após sessões públicas de análise e o devido trâmite legislativo. “É este profundo amor que sinto por ser retirolandense que me leva a desejar o melhor para minha terra natal e a admirar a nossa história”, emenda destacando que inseriu na letra os principais elementos simbólicos da composição histórica, cultural, educacional e social da sua terra, movido pelo desejo de enaltecer o município onde nasceu no interior da Bahia, na região sisaleira, bem como seu povo simples, trabalhador e digno.

O advogado ressalta que um hino municipal, assim como os demais, não é uma canção qualquer, porque, além de se revestir de oficialidade, o seu lirismo e civismo diferenciados revelam muito amor às raízes, origens, às bases fundantes e fundamentais, à cultura e à história comum de um povo ou comunidade. “O que o diferencia das demais canções, portanto, além do caráter oficial, é o sentimento elevado que move a sua composição, tanto a letra como a música, gerando legitimidade social. O seu entoar nas escolas, eventos culturais, espaços de culto e outros momentos/locais reaviva elementos históricos comuns, enaltece o nascer e o estar inserido naquele lugar, reaviva memórias e valoriza vínculos primordiais”, esclarece. 

O autor do Hino também prestou outras homenagens literárias e musicais à sua terra. No ano de 2004, gravou o CD Inspirações e Louvores a Antônio em homenagem ao Padroeiro da cidade, com os hinos religiosos autorais que a comunidade canta todos os anos durante os dias primeiro a treze de junho. No ano de 2007, o escritor lançou e doou a Associação de Pais e Amigos do Excepcional (Apae) do município o livro Retirolândia: Memória e Vida, um registro detalhado a respeito da história retirolandense, especialmente quanto aos aspectos do início do povoamento, do pré e pós-emancipação e dos principais elementos simbólicos que constituem sua terra. 

Hino de Retirolândia

(Letra e música: Enézio de Deus)

Dos retirantes, nasceu a história.

Sertão, a glória, um povo forte consagrou

A hombridade, na eternidade…

Retiro Velho, a semente, ofertou.

Do Barracão, cresceu sobrevivência.

Fertilidade, o comércio, fez florir.

Pouso de luta, na cajazeira…

O esforço humilde, a vila e as ruas, fez sorrir.

No povoado, doce alegria!

Saudade canta e dança o baile de salão.

Armazém grande, mercado, o brilho…

Festividade! No São Pedro, emoção.

A fé tão nobre, formoso manto,

sustenta a gente desta terra varonil.

Luzente tempo tornou cidade

Um lugar belo da Bahia e do Brasil.

Retirolândia, tu és o lírio de um corajoso canto de esplendor.

Retirolândia, por ser teu filho,

Agradecido, louva o meu amor.

Sisal, um verde se fez sorriso.

Na seca, a chuva lava o campo sofredor.

O sertanejo planta, contrito,

A esperança da colheita com fervor.

Pocinho, rocha de água viva.

Nos caldeirões, a natureza se banhou.

Sol florescente, matriz querida…

Praça de riso, a juventude despertou.

Da união, a hospitalidade

é luz, presente, no Retiro de valor.

Educação, dom, letra de aurora…

Lembrança pura, saber mestre e doador.

Retirolândia, meu canto santo!

Espaço aberto de ternura, luz e pão.

Descanso nobre, que espelha a vida…

Louvor contente, parte do meu coração.

Retirolândia, tu és o lírio de um corajoso canto de esplendor.

Retirolândia, por ser teu filho,

Agradecido, louva o meu amor.

Retirolândia, em ti, brotou a paz.

Da esperança, um recanto vivaz.

Salve a amada, cidade divina!

Tu és torrente de beleza cristalina! 

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