Publicado em 01/03/2021 às 11h50.

Secretária de Saúde ataca decreto de Rui, nega colapso e prega ‘tratamento precoce’

Médica, bolsonarista e defensora da cloroquina, Raíssa Oliveira diz que cidade não cumprirá restrições impostas pelo governo estadual

Alexandre Santos
Médica Raissa Soares discursa em evento com a presença de Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
Médica Raissa Soares discursa em evento com a presença de Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)

 

A secretária de Saúde de Porto Seguro, a médica Raíssa Oliveira Azevedo de Melo, disse que a cidade não vive um cenário de pré-colapso nas UTIs e, por isso, não vai aderir ao decreto estadual que determina a suspensão de todas as atividades não essenciais até a próxima quarta-feira (3).  A afirmação foi feita em um vídeo divulgado na semana passada, quando o governador Rui Costa (PT)  anunciou o endurecimento das medidas restritivas para conter o novo pico de mortes por Covid-19 e a explosão de pacientes à espera de vagas em hospitais públicos.

Médica, bolsonarista e defensora da cloroquina, Raíssa diz na gravação que, em vez de “fechar” o município, continuará a promover o que ela chama de “tratamento precoce”, mencionado o uso de medicamentos como a ivermectina —fármaco sem eficácia científica para tratamento do Sars-CoV-2.

“A Secretaria de Saúde não foi abordada pelo Estado. Ninguém perguntou pra gente qual é o nosso índice de doença. Nós temos, sim, casos que estão crescendo no município. Ok, estão crescendo. Nós não estamos em colapso. Não existe colapso. Porto Seguro não tem colapso. Temos 97,7% de recuperados, porque nós fazemos abordagem preventiva, ou seja, as pessoas que estão vulneráveis estão usando ivermectina, zinco e vitamina D”, diz a secretária, em uma espécie de discurso, diante de pessoas que aplaudem sua fala.

Apesar da disseminação da pandemia, Raíssa também sugere que a cidade registra poucos casos e mortes em razão da doença. “Eu tive reunião com os empresários ontem… Mais de 200 funcionários ficaram com esse janeiro inteiro cheio de clientes. Teve um paciente doente e, mesmo assim, porque a família de um adoeceu. Mas ele teve uma doença leve. Funcionários lidando com turistas o tempo inteiro, e ninguém adoece. A abordagem preventiva funciona. Nós temos tratamento precoce nos nossos centros Covid”, acrescentou.

Segundo a secretária, diferentemente de outros lugares do estado, não há situação de saturação da rede pública. “A UPA, o máximo que ela teve de lotação de pacientes foi [sic] oito pacientes na semana passada. Então nós não temos colapso. Por que que Porto Seguro tem que ser fechado. Porque Porto Seguro tem que ser bloqueado?”, questionou ela.

Para a secretária, ao impor as restrições, o governo leva consideração a gravidade da crise sanitária da capital. “Eu entendo que, quando o Estado está fazendo isso, ele etá olhando o número de pacientes que está aguardando leitos de UTI. No estado, Salvador é a quinta cidade do Brasil em que mais morre gente, não é Porto Seguro. Os leitos foram fechados, e agora precisam de leitos, achando que fechar todo mundo… Fecha comércio, fecha hotel, isso vai mudar a doença. O que muda a doença Covid é fazer a abordagem preventiva, é fazer tratamento precoce. As pessoas tratam e não vão ser intubadas. Não é fechar a cidade, e a cidade fechar, ok?”, afirmou a secretária.

Em julho do ano passado, Raíssa Oliveira ficou conhecida após a circulação de uma fake news de que ela fora demitida do Hospital Regional Deputado Luís Eduardo Magalhães por ter prescrito cloroquina, num suposta retaliação política do governador. O boato ganhou notoriedade após ela apelar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que enviasse lotes do medicamento.

 

 

 

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