A esculhambação geral da República
Diz o povo, na sua sempre pertinente desconfiança, que política é uma porcaria, o mundo político é sujo pela própria natureza e coisas tais. Procede.
Façamos uma ressalva. Política é meio, não fim. É um instrumento, como o violão. E assim sendo, depende de quem toca. Na mão de um bom tocador, maravilha. Na de um peba, desastre.
No caso da política, tomemos um exemplo para você entender bem o que digo, a educação. No governo de Fernando Henrique Cardoso o Brasil inteiro viu, a Bahia também, uma torrencial tempestade de faculdades particulares desabando sobre nós. No governo de Lula foi o inverso, as universidades federais espocaram. Minas tinha seis, passou a ter 13. A Bahia tinha uma, a UFBA, passou a ter mais quatro, a do São Francisco, dividida com Pernambuco, a do Recôncavo, a do Oeste e a do Sul da Bahia.
São duas posições cristalinamente distintas, a de FHC, de direita. Parte do entendimento que o modelo ideal é o norte-americano: universidade tem que ser particular, prevalece nela quem tem mérito intelectual. A posição de Lula é de esquerda. Educação é papel de Estado, sim senhor. E deve ser levada aos grotões pelos quais os donos de dinheiro jamais se interessariam. E o mérito deveria prevalecer se as oportunidades fossem iguais. Como não são, a política de cotas faz o ajuste.
Qual das duas posições está correta?
Aí está o xis da questão. Se tivéssemos um embate político saudável, do bom uso do instrumental político, os debates seriam desse tipo, na educação, na economia, na saúde e na cultura.
NA LAVA JATO
Triste Brasil. Quão distante está disso. Em vez de pautar o bom embate, mergulhou em um infindável debate sobre quem é mais ladrão.
O país está mergulhado na recessão econômica, o desemprego se alastrando, empresas fechando, a violência aumentando e nossos políticos nem aí. Mergulharam e sucumbiram na Lava Jato. Ricardo Pessoa, o dono da UTC, hoje em prisão domiciliar, citou um fato emblemático: ficar de fora do cartel de construtoras que fraudava licitações na estatal significaria “assinar sentença de morte” da empresa. E alguém duvida? Ora, Ricardo doou R$ 7,5 milhões para Dilma e R$ 8,5 milhões para Aécio. Sabe bem o que está falando. E todo mundo acredita nele, obviamente.
Mas nossos políticos parecem estar em outro mundo, o deles. As angústias nacionais sucumbiram nesse jogo nefasto, no qual o governo, aparvalhado e tentando sobreviver, só tem um projeto, aumentar impostos, e a oposição ao invés de projeto, bom ou ruim, só tem uma obsessão, tomar o lugar de Dilma, autoproclamando-se salvadora da pátria.
Quando sairemos disso é outro flagelo. Não só não se sabe, como não há perspectiva. O que se esperar de um país em que o presidente da Câmara, o Eduardo Cunha, que deveria estar na cadeia, está pautando a mídia com um impeachment da presidente forjado no fracasso da sua tentativa de salvar a própria pele?
Estamos fritos. O futuro a Deus pertence, mas, no caso em apreço, não é preciso bola de cristal para antever muito sofrimento.
Mais notícias
-
Política
08h55 de 19 de abril de 2024
CBPM apresenta à UE oportunidades da Bahia em minerais críticos para transição energética
Henrique Carballal foi designado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) para capitanear a delegação baiana
-
Política
07h52 de 19 de abril de 2024
PF volta a prender bolsonarista feirense investigado por atos golpistas de 8/1
Ordem foi assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
-
Política
07h41 de 19 de abril de 2024
Piti Cannela afirma que saída da Funceb teve cunho político; MAM foi ofertado e recusado
Piti já havia afirmado que não pediu para sair, mas foi exenorada
-
Política
07h38 de 19 de abril de 2024
Vereador propõe projeto de ressarcimento a prejuízos por falta de energia
Proposta determina que distribuidora não pode se negar a receber pedidos de indenização das empresas
-
Política
07h05 de 19 de abril de 2024
Após aumento da tensão, PT teme que Lira paute pedido de impeachment de Lula
O receio é tema de conversas reservadas de petistas que atuam na articulação política do Congresso
-
Política
20h20 de 18 de abril de 2024
Lula assina decretos que homologam duas terras indígenas; uma delas na Bahia
Chefe do Executivo assinou dois decretos que homologam as terras indígenas de Aldeia Velha, na Bahia, e Cacique Fontoura, no Mato Grosso.
-
Política
19h07 de 18 de abril de 2024
Em evento do Dia do Exército, Lula fará nova investida de reaproximação com militares
Lula tenta fortalecer a relação com os militares desde o inicio de sua gestão, após crise dos acampamentos golpistas em frente aos quartéis em todo o país
-
Política
18h37 de 18 de abril de 2024
Bolsonaro e Michelle reservam hotéis diferentes para ato no Rio neste domingo (21)
Quem vai se hospedar no mesmo hotel de Michelle é Valdemar Costa Neto, que não pode ter contato com Bolsonaro, conforme determinado por Moraes
-
Política
18h00 de 18 de abril de 2024
Jair Bolsonaro convoca apoiadores para ato em Copacabana, no Rio; veja vídeo
Ex-presidente da República usou redes sociais para fazer convocação
-
Política
17h45 de 18 de abril de 2024
STF reafirma que todas as decisões da Corte são fundamentadas
Declaração é em resposta a comitê da Câmara dos Deputados dos EUA