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Publicado em 29/12/2025 às 18h00.

‘Afroconveniência’: Sílvio Humberto critica desvalorização de artistas locais no Virada

Vereador é contra política de contratações da prefeitura no Festival Virada Salvador e denuncia ‘abismo orçamentário’ do evento

Redação
Fotos: Reginjaldo Ipê; Jefferson Peixoto/Secom PMS

 

O vereador Sílvio Humberto (PSB) se manifestou contra a política de contratações da Prefeitura de Salvador para os festivais de fim de ano. De acordo com o parlamentar, ele denuncia o abismo orçamentário e a apropriação cultural institucionalizada, apontando a disparidade entre os cachês pagos a atrações nacionais e a artistas que são símbolos da resistência e cultura baiana.

O vereador reve que enquanto a dupla sertaneja Jorge e Mateus receberá R$ 1 milhão, ícones do patrimônio vivo da Bahia, como o bloco afro Olodum e o rei do reggae Edson Gomes, receberão R$ 160 mil e R$ 180 mil, respectivamente. “Juntos, os dois artistas baianos não somam sequer 35% do valor destinado à dupla de fora do estado”, afirmou Sílvio Humberto. 

Para o vereador, a estratégia de marketing da gestão municipal entra em contradição com a prática financeira. “Em novembro, o slogan é ‘Salvador Capital Afro’. Em dezembro, a máscara cai e a afroconveniência dá lugar ao privilégio. Usam nossa identidade preta para vender a cidade ao mundo, mas destinam migalhas do orçamento para quem mantém essa cultura pulsando o ano inteiro”, disse.

O parlamentar ressaltou que a crítica não é ao gênero musical ou ao sucesso dos cantores, mas à responsabilidade social na aplicação da verba pública. Ele lembra que artistas do porte de Jorge e Mateus já possuem canais robustos de financiamento, citando dados da revista Veja que colocam a dupla entre os maiores captadores da Lei Rouanet, com recursos de R$ 38 milhões.

Sílvio Humberto defende que o orçamento público deveria priorizar a circulação de renda dentro das comunidades soteropolitanas. “Com o valor de um único cachê milionário de fora, seria possível estruturar festivais inteiros com talentos da terra, gerando emprego e dignidade para músicos, técnicos e produtores locais”, afirmou.  

“O evento público em Salvador está virando uma vitrine de exclusão, onde o soteropolitano é apenas um figurante distante no próprio solo. Cultura deve ser investimento para fortalecer a base, não apenas para financiar quem já é gigante às custas do sufocamento do artista local”, concluiu o vereador.

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