Após derrubada do IOF, Motta diz a ministros que ligará para Lula, afirma jornal

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avisou a ministros do governo Federal que ligará para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após impor a maior derrota à gestão petista no Congresso. A derrubada do decreto impactará a arrecadação federal em R$ 10 bilhões, de acordo com cálculos do Ministério da Fazenda. As informações são do jornal O Globo.

Segundo matéria do InfoMoney, Motta afirmou a auxiliares de Lula que pretende falar diretamente com o petista sobre a decisão de votar o projeto de última hora, o que sustou a decisão do governo de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), visando tentar baixar a temperatura da crise. Apesar disso, o presidente da Câmara não detalhou quando fará a ligação.

Pessoas próximas a Lula já haviam conversado com Motta na quarta-feira (25), e afirmaram ver no parlamentar um desejo de tentar amenizar a tensão entre Câmara e Planalto, em meio a um cenário em que o clima entre o parlamentar e o governo vive seu pior momento.

Como apontado pela colunista do O Globo Renata Agostini, Motta deixou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sem respostas ao longo da quarta-feira e evitou atender ligações da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

Por outro lado, o presidente da Câmara procurou outros ministros de Lula para trocar impressões sobre o embate com o Planalto. Nesses diálogos, ele teria demonstrado disposição para fazer um gesto amistoso em direção a Lula.

De acordo com relatos, o parlamentar sinalizou que não deseja romper com o governo, embora tenha pontuado uma série de incômodos com posturas do Executivo. O Palácio do Planalto já foi informado da iniciativa de Hugo Motta.

A decisão de Motta de votar o projeto que susta o decreto do IOF pegou Lula totalmente de surpresa. O presidente da Câmara anunciou a decisão em uma publicação em rede social às 23h35, pegando o governo desprevenido e impedindo uma reação do Planalto que pudesse conter o movimento de Motta.

A iniciativa do parlamentar frustrou a expectativa inicial do governo de que o tema fosse apreciado pelo plenário apenas após o retorno do recesso parlamentar.