Publicado em 10/06/2025 às 13h07.

Augusto Heleno defende voto impresso e nega participação em plano golpista

Em interrogatório no STF, general afirma que sempre teve desconfiança sobre urnas eletrônicas, mas que respeitou resultado das eleições

Redação
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

 

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou nesta terça-feira (10), em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), que sempre foi defensor do voto impresso. Segundo ele, há uma desconfiança generalizada em relação ao uso das urnas eletrônicas em todo o mundo.

Réu na ação penal que investiga uma possível tentativa de golpe de Estado, Heleno foi ouvido na manhã desta terça. Reiterou que apoia o voto impresso há anos, embora nunca tenha conseguido viabilizar essa proposta. Durante o interrogatório, optou por não responder às perguntas feitas pelo ministro Alexandre de Moraes, respondendo apenas aos questionamentos de sua defesa.

“Eu acho que isso é um processo contínuo de aperfeiçoamento [das urnas] e acredito que nós tenhamos que estar sempre com a cabeça de que a urna eletrônica pode ser sempre melhorada. Eu enfrentei esse problema no Haiti”, afirmou Heleno, sendo interrompido pelo advogado.

O defensor Matheus Milanez — que havia feito um pedido inusitado à Corte para adiar o início do depoimento com o objetivo de garantir tempo de deslocamento e jantar — perguntou se o general aceitou o resultado das eleições que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Tinha que aceitar. Não havia outra solução”, respondeu Heleno, orientado pelo advogado a ser breve.

Durante a oitiva, Milanez também perguntou se Heleno teria contribuído, de forma escrita ou verbal, para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder. “Eu não tinha nem tempo para fazer isso”, respondeu o general.

O interrogatório começou às 11h30, quando Heleno decidiu exercer o direito de permanecer em silêncio diante das perguntas de Alexandre de Moraes. Ele falou apenas para responder à própria defesa.

“É importante dizer que o presidente Bolsonaro colocou que ia jogar dentro das quatro linhas (da Constituição), e eu segui isso aí rigorosamente durante todo o tempo em que estive na Presidência”, afirmou. “Nunca levei assuntos políticos. Tinha de 800 a mil funcionários no GSI. Nunca conversei com eles assuntos políticos.”

Heleno afirmou ainda que sua preocupação era manter o GSI como uma estrutura apolítica e apartidária. Reforçou seu apoio ao voto impresso, chamando a desconfiança em relação às urnas de “problema mundial”.

O general também negou qualquer conhecimento sobre o plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”. Às 12h30, a sessão foi suspensa por Moraes e será retomada às 14h30.

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