Bolsonaristas baianos repercutem tarifaço de Trump: ‘Vexame internacional’
Membros do PL-BA atribuíram a taxação americana às ações do STF e à "conduta irresponsável" do presidente Lula

Alguns dos principais representantes do bolsonarismo na Bahia se manifestaram nesta quinta-feira (10) sobre o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Na contramão de analistas econômicos, todos eles escolheram culpar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela situação, que ameaça a economia do país.
Em entrevista ao bahia.ba, o deputado federal Capitão Alden (PL-BA) afirmou que a decisão de Trump é uma “resposta clara a um Brasil que se afasta dos valores democráticos.”
“Um Brasil onde o STF impõe censura secreta, persegue opositores e tenta calar a verdade. Um Brasil que, sob Lula, abandonou a neutralidade diplomática e se alinhou a regimes autoritários como Irã, Cuba, Venezuela e Nicarágua”, completa.
Questionado sobre o impacto que a taxação pode ter sobre o agronegócio, setor cujas pautas são fortemente defendidas pelo PL, o parlamentar demonstrou preocupação com as consequências para o ramo, mas pontuou que “o que está sendo punido aqui não é o Agro, mas sim a ditadura judicial disfarçada de democracia. E, infelizmente, quem vai pagar a conta são os produtores rurais, as famílias brasileiras e todos que dependem do campo”.
Já sobre a possibilidade das declarações de Trump em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alterarem o rumo do julgamento do ex-presidente no STF, o deputado avaliou que “a fala de Trump pode sim influenciar o cenário político e jurídico. Não porque interfira diretamente nas decisões do Judiciário, mas porque acende um alerta no mundo sobre a falta de liberdade no Brasil e legitima, inclusive, a mobilização de organismos internacionais”.
Alden também pontuou que as falas de Trump “expõem ao mundo aquilo que a esquerda tenta esconder: que Jair Bolsonaro é alvo de uma perseguição política escancarada. Uma condenação sem crime, baseada em narrativas e movida por interesses ideológicos” e “fortalecem as denúncias de que o Brasil vive hoje uma ditadura institucionalizada, travestida de legalidade”.
Nos últimos dias, Trump tem saído em defesa de Bolsonaro e criticado a legitimidade de seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), chamando a ação de “caça às bruxas”.
Em uma publicação feita em suas redes sociais, logo após o anúncio da tarifa, Alden atribuiu a taxação americana às ações do STF, que, segundo ele, “impôs censura secreta às redes sociais, perseguiu opositores políticos e calou vozes”.
O parlamentar ainda afirmou que o “culpado tem nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva, apoiador de ditadores, defensor de terroristas e amante da tal democracia relativa.”
Declarações
Outras figuras proeminentes do PL na Bahia repercutiram o anúncio das tarifas. O presidente do partido no estado, João Roma (PL-BA), afirmou que a taxação é fruto da “conduta irresponsável do presidente Lula” e que “toda população brasileira” será penalizada por isso.
Roma ainda defendeu que o Brasil deveria apoiar bandeiras libertárias e civilizatórias, e criticou a fala da primeira-dama Janja Lula da Silva sobre “vira-latas”. “Para piorar, a primeira-dama Janja se acha no direito de chamar os outros países de vira-latas”, afirmou.
Já o deputado estadual Diego Castro (PL-BA) também associou a responsabilidade das tarifas ao presidente. “Lula atacou Trump, ofendeu nosso maior parceiro comercial e agora colhe o resultado: isolamento, perda de confiança e prejuízo para o Brasil. E, como sempre, quem paga o preço é o povo brasileiro”, declarou.
“O petismo abandona o diálogo, prioriza perseguições políticas e compromete as relações internacionais, mesmo que isso custe empregos, acordos e estabilidade”. “O Brasil está sendo punido por escolhas políticas mal calculadas e por um governo mais interessado em lacrar do que em proteger o interesse nacional”, completou.
Ao bahia.ba, Castro lamentou o possível impacto que a taxação americana pode ter sobre o setor agrário e afirmou que o presidente Lula é “inimigo do agronegócio”. Apesar disso, o parlamentar avaliou que o cenário atual configura uma “boa oportunidade para o governo mostrar que, de fato, está do lado dos produtores, baixando tributos, já que a marca desse desgoverno é a sangria fiscal, e ter um olhar menos vampiro com quem produz, já que agora, o governo que taxou durante todo esse tempo, se mostra preocupado com ‘taxação dos EUA’. Chega ser até cômico.”
“O Lula é o grande responsável, quando iniciou lá atrás, sem nenhuma justificativa, um conflito diplomático, contrariando, apenas por interesses escusos-ideológicos, os EUA e as nações livres e democráticas do atual cenário global”, completou.
O deputado também afirmou que, com as declarações recentes de Donald Trump a favor de Bolsonaro, “a Lei Magnitsky caminha a passos largos para ser aplicada”. A legislação em questão, criada pelos Estados Unidos, permite que o país aplique sanções individuais contra pessoas envolvidas em graves violações de direitos humanos e corrupção internacional.
Em abril, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que o governo americano estava analisando a possibilidade de aplicar sanções contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, com base na lei.
“O Brasil virou um péssimo exemplo de democracia e hoje está na vala dos países totalitários, onde não existe mais a tripartição de poderes”, disse o parlamentar.
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