Publicado em 17/06/2025 às 14h26.

Bolsonaro volta a falar em perseguição após indiciamento no caso da ‘Abin paralela’

Ex-presidente participou de evento no interior de São Paulo e disse que “ninguém foi mais perseguido” do que ele; PF indiciou 35 pessoas por uso ilegal da Abin

Redação
Foto: Reprodução/TV Globo

Após ser indiciado pela Polícia Federal no caso da chamada “Abin paralela”, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (17/6) que duvida que exista alguém no Brasil que tenha sido mais perseguido do que ele.

“Eu duvido que alguém no Brasil foi mais perseguido do que eu. Mas vale a pena. Temos que enfrentar os desafios. Nós mexemos com o sistema. Um sistema podre, carcomido”, disse Bolsonaro durante agenda pública em Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

A declaração foi feita durante a Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), evento que contou também com a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outras figuras políticas paulistas, como o secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD), que foi elogiado por Bolsonaro durante o discurso.

Durante sua fala, o ex-presidente comparou nomes de sua gestão com integrantes do atual governo Lula (PT), questionando a plateia: “Dá para comparar Paulo Guedes com Haddad? Renan Filho com Tarcísio? Dá para comparar Janja com a Michelle?”.

Além de Bolsonaro, participaram do evento o vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD); o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL); e o secretário estadual de Agricultura, Guilherme Piai (Republicanos).

A Polícia Federal concluiu e enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o inquérito que investigou a existência de uma estrutura ilegal de espionagem dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo Bolsonaro, conhecida como “Abin paralela”.

No relatório final, a PF indiciou 35 pessoas, entre elas:

  • o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL);

  • o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin;

  • o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente;

  • o atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa.

A investigação apontou o uso da Abin para monitoramento de opositores políticos entre 2019 e 2021. Segundo a PF, a espionagem era feita por meio do software israelense First Mile, que permite rastrear a localização de pessoas a partir de dados de antenas de telecomunicação. A ferramenta foi adquirida durante o governo Michel Temer.

A participação de Bolsonaro ao lado de Tarcísio ocorre em meio a especulações sobre a eleição presidencial de 2026. Integrantes do grupo bolsonarista discutem a possibilidade de o governador paulista liderar a chapa como candidato à Presidência, com Michelle Bolsonaro como vice.

Nos bastidores, aliados avaliam que, caso eleito, Tarcísio poderia conceder indulto ao ex-presidente, caso ele venha a ser condenado pelo STF. A presença de Michelle como vice elevaria a pressão nesse sentido, além de mobilizar a base bolsonarista.

Segundo interlocutores próximos a Tarcísio, o governador é “extremamente leal” a Bolsonaro e estaria disposto a seguir todas as orientações do ex-presidente para 2026. Publicamente, no entanto, Tarcísio continua afirmando que disputará a reeleição ao governo paulista e que Bolsonaro é seu candidato natural à Presidência.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.