Publicado em 09/07/2025 às 21h50.

Brasil lidera ranking global de países mais tarifados por Trump após anúncio de tarifa de 50%

Países como Laos, Mianmar, Tailândia, Camboja e Bangladesh também foram alvo de tarifas elevadas

Otávio Queiroz
Foto: Ricardo Stuckert/PR e Reprodução/Instagram

 

Com a nova tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras, anunciada nesta quarta-feira (9) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Brasil passou a liderar o ranking global de países mais tarifados pelos norte-americanos. A medida, que entra em vigor a partir de 1º de agosto, representa o maior percentual entre as 20 nações que já foram alvo de sanções unilaterais pela Casa Branca, sob alegações de proteção à economia dos EUA.

Formalizada em uma carta enviada diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a decisão é uma resposta política ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, Trump classificou a atuação da Justiça brasileira como “vergonha internacional” e acusou o Brasil, sem provas, de censurar plataformas digitais norte-americanas.

“Cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes”, afirmou Trump. O republicano ainda advertiu que tentativas de driblar a cobrança por meio de reexportações também serão taxadas integralmente.

Além do Brasil, países como Laos, Mianmar, Tailândia, Camboja e Bangladesh também foram alvo de tarifas elevadas, mas com percentuais menores, variando entre 35% e 40%.

Lula promete resposta com base na Lei de Reciprocidade

Em nota oficial, o presidente Lula repudiou a medida e prometeu retaliação. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém. Qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”, declarou.

Lula também contestou as alegações de Trump sobre prejuízo comercial, citando dados do próprio governo americano que indicam um superávit de US$ 410 bilhões dos EUA em sua balança com o Brasil nos últimos 15 anos. Ele reforçou que o julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 é competência exclusiva do Judiciário brasileiro.

Reação do governo brasileiro

Diante da escalada nas tensões diplomáticas e comerciais, o presidente Lula convocou uma reunião de emergência com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). O encontro, realizado ainda nesta quarta-feira, discutiu possíveis ações de retaliação e estratégias diplomáticas para enfrentar a nova crise comercial.

A medida de Trump, vista como uma retaliação política e econômica, deve afetar setores estratégicos da economia brasileira, especialmente agronegócio, siderurgia e indústria de manufaturados. O Itamaraty avalia acionar instâncias internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

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