Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba.
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Publicado em 03/11/2025 às 12h12.
Clara Charf, viúva de Carlos Marighella e ativista, morre aos 100 anos
Símbolo da resistência à ditadura militar e da luta pelos direitos das mulheres, faleceu nesta segunda-feira (3), em São Paulo
João Lucas Dantas

A ativista brasileira Clara Charf, viúva do guerrilheiro Carlos Marighella, morreu nesta segunda-feira (3), aos 100 anos, em decorrência de causas naturais. Ela estava hospitalizada havia alguns dias e chegou a ser intubada, segundo informou a Associação Mulheres Pela Paz, organização da qual era fundadora e presidenta.
Em nota, a entidade destacou o legado da militante: “Clara foi grande. Foi do tamanho dos seus 100 anos. Difícil dizer que ela apagou. Porque uma vida com tamanha luminosidade fica gravada em todas e todos que tiveram o enorme privilégio de aprender com ela. Vá em paz, querida guerreira.”
A associação ressaltou ainda que Clara “deixa um legado de lutas pelos direitos humanos e pela equidade de gênero”.
Uma vida dedicada à luta
Clara Charf foi uma mulher à frente de seu tempo. Teve de se reinventar e superar inúmeros obstáculos, especialmente durante a ditadura militar, período em que seu companheiro Carlos Marighella foi perseguido e assassinado pelo regime.
Na década de 1940, tornou-se comissária de bordo, mas sua militância começou muito antes, aos 16 anos, quando passou a participar ativamente da vida política do país. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, em 1947, casou-se com Marighella. Assim como ele, também foi presa e perseguida pela repressão.
Exílio e retorno ao Brasil
Após o assassinato de Marighella, Clara precisou se exilar, primeiro em Cuba, onde viveu por dez anos. Retornou ao Brasil apenas em 1979, com a promulgação da Lei da Anistia.
De volta ao país, engajou-se de forma intensa na luta pelos direitos das mulheres, pela liberdade e por uma sociedade mais justa e igualitária.
Em 1982, concorreu a deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT), obtendo cerca de 20 mil votos, mas não chegou a se eleger. Isso, porém, não a afastou de sua militância.
Mulheres pela Paz
Em 2005, Clara passou a coordenar no Brasil o movimento Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, criado na Suíça. O projeto buscava promover a indicação coletiva de mil mulheres para o Prêmio Nobel da Paz daquele ano. No país, coube a Clara selecionar 52 mulheres ativistas que representassem a diversidade das lutas femininas brasileiras.
Raízes e juventude
Nascida em Maceió (AL), Clara era a mais velha de três irmãos. Filha de judeus russos que fugiram da Europa, teve uma infância marcada por dificuldades. Seu pai, Gdal, trabalhava como mascate, e sua mãe, Ester, morreu jovem, aos 40 anos, vítima de tuberculose.
A família se mudou para Recife, onde havia uma comunidade judaica já estabelecida. Ainda jovem, Clara aprendeu inglês e piano. Aos 20 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, filiou-se ao PCB em 1946 e conheceu Marighella.
Vendia jornais do partido em bondes — atividade que o pai desaprovava — e, graças ao domínio do inglês, conseguiu emprego como comissária de bordo.
A união com Marighella foi também uma aliança política: juntos, defenderam ideais de transformação social e enfrentaram a repressão da ditadura.
Legado
Ao longo da vida, Clara Charf manteve-se firme em sua luta por igualdade, liberdade e direitos das mulheres. Seu nome permanece como símbolo de resistência e coragem.
“Clara Charf deixa um imenso legado com projetos de conscientização pelos direitos das mulheres, batalha que travou ao longo de toda a sua vida”, destacou a Associação Mulheres Pela Paz.
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