CPI: Marcelo Blanco diz que negociava vacinas para setor privado
Ex-assessor do Ministério da Saúde prestou depoimento nesta quarta

Por Karine Melo
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, ouve nesta quarta-feira (4), o ex-assessor de Logística do Ministério da Saúde, Marcelo Blanco. Citado em vários depoimentos tomados pela CPI, ele foi o responsável por apresentar, no dia 25 de fevereiro, o policial militar e vendedor Luiz Paulo Dominghetti Pereira, representante da Davati, ao ex-diretor de Logística da Saúde Roberto Ferreira Dias, durante um encontro em um restaurante em Brasília.
Nessa ocasião, segundo Dominguetti, que dizia ter 400 milhões de doses do imunizante para oferecer, Roberto Dias teria pedido US$ 1 de propina para fechar contrato de compra pelo Ministério da Saúde. Dias negou essa acusação e disse que o encontro com Dominguetti e Blanco no restaurante ocorreu por acaso.
O ex- assessor de Logística do Ministério, também negou as acusações de Dominguetti contra seu ex-chefe. Blanco disse que apesar de ter saído mais cedo do jantar, não houve pedido de propina.
Blanco também negou as acusações de Dominguetti contra seu ex-chefe. O ex-assessor disse que apesar de ter saído mais cedo do jantar para assistir em casa um jogo do Flamengo, não houve pedido de propina.
Mercado privado
Aos senadores Marcelo Blanco, que é o dono da Valorem Consultoria em Gestão Empresarial, voltada à mediação de negócios e assessoria técnica e à atividades ligadas ao mercado de saúde, disse que tinha interesse apenas na comercialização de doses de vacina para o mercado privado.
“Nunca acompanhei representante de qualquer empresa em visitas ao Ministério da Saúde ou qualquer órgão público. O meu intuito em relação ao senhor Dominguetti se restringia ao desenvolvimento de um possível mercado de vacinas para o segmento privado, assunto que estava em discussão na sociedade civil por meio de interesse de grandes grupos econômicos brasileiros e das propostas de regulamentação no Congresso Nacional ”, justificou o depoente.
“Essa atividade de venda de vacinas para o setor privado era uma oportunidade irregular, absolutamente irregular. Sequer havia lei autorizando, aprovado no Congresso Nacional. Muito graves as alegações que o depoente começa a trazer aqui”, reagiu o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).
Diante de intensas trocas de mensagens entre Blanco e Dominguetti, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) quis saber quanto seria o comissionamento para a venda de vacinas para o setor privado. Em resposta, o depoente disse que não houve combinação de comissão com a Davati. “Não chegamos nesse ponto”, garantiu.
O relator do colegiado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), exibiu mensagens de celular enviadas por Dominguetti a Blanco com propostas contendo os valores das doses dos imunizantes e uma sugestão de comissionamento pela venda da vacina. Blanco explicou que as mensagens foram tiradas de contexto e disse que, por prospectar em Dominguetti uma possível parceria comercial, nunca chegou a pedir pagamento, apenas orientou os representantes da Davati sobre os ritos dentro do Ministério da Saúde.
Cargo
Sobre como chegou ao Ministério da Saúde, Marcelo Blanco disse que foi indicado ao então ministro Eduardo Pazuello pelo coronel Franco Duarte, de quem é amigo há mais de 35 anos.
Blanco disse ainda que tinha uma relação “amistosa” com Roberto Dias, a quem era subordinado e negou acusações feitas à CPI por Cristiano Alberto Carvalho, vendedor da Davati no Brasil. Em depoimento ao colegiado, Cristiano disse que o militar era “um assessor oficioso” de Roberto Dias. Ao falar de suas relações com autoridades do Ministério, Blanco disse que não era próximo de Pazuello. “Tinha dias em que eu sequer via o general Pazuello. Eu não participava de reuniões de cunho estratégico, reuniões de gabinete de crise com outros secretários de áreas finalísticas. Meu cargo era consultivo”, explicou.
Outro ponto abordado pelos senadores foi o fato de Blanco ter sido exonerado do departamento de logística do Ministério da Saúde, em 19 de janeiro e de em junho a portaria 272/21 da pasta trazer um novo afastamento dele da função. “O senhor é exonerado e continua com um cargo substituto até 30 de junho, quando o senhor é dispensado no dia 30 de junho. Então, essas negociações [ de venda de vacina] que o senhor estava fazendo, o senhor estava ainda dentro do Ministério da Saúde”, indagou o senador.
“Isso é materialmente impossível, porque existe uma exoneração em 19 de janeiro. Isso é materialmente impossível. Isso é claramente um erro. É um erro do ministério”, garantiu Blanco que acrescentou que de janeiro a junho não recebeu e nem tinha acesso ao sistema do Ministério da Saúde.
VTClog
O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), classificou ainda como oferecimento de “vantagem indevida” o convite a Marcelo Blanco para assumir uma função da empresa de logística VTCLog, que mantém contratos com o governo federal e também é alvo da comissão. Em depoimento à comissão, Blanco afirmou ter recebido a oferta enquanto estava no Ministério da Saúde pelo general Roberto Severo Ramos, que seria consultor da empresa. O convite não foi aceito, esclareceu.
Habeas Corpus
Apesar de amparado por um habeas corpus, concedido em julho pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que permite que Blanco fique em silêncio e não responda a perguntas que o incriminem, o tenente-coronel tem respondido a todos os questionamentos dos parlamentares.
Mais notícias
-
Política
18h10 de 20/06/2025
PSB busca federação com PDT e Cidadania para fortalecer bloco de centro-esquerda
Presidente nacional do partido, João Campos diz que negociações estão em andamento desde 2022
-
Política
17h50 de 20/06/2025
Crise entre ministros expõe racha no governo Lula após derrubada de vetos que aumenta conta de luz
Diante do desgaste, o governo anunciou que apresentará uma nova medida provisória na próxima semana para mitigar os impactos da derrubada dos vetos
-
Política
15h53 de 20/06/2025
Alckmin embarca para a Nigéria com missão de fechar acordos bilaterais
O vice-presidente terá a responsabilidade de “relançar” a política externa brasileira para a África
-
Política
14h06 de 20/06/2025
Moraes vota para condenar acusado de liderar acampamento golpista durante o 8/1
Diego Dias Ventura foi condenado a 14 anos de prisão pela participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023
-
Política
13h39 de 20/06/2025
Empresário investigado por fraudes no INSS pede ao STF suspensão de inquérito da PF
Defesa de Maurício Camisotti alega que caso envolve autoridade com foro privilegiado e deve ser analisado pelo Supremo
-
Política
12h36 de 20/06/2025
Flávio Dino marca reunião técnica para discutir rastreio de emendas parlamentares
Encontro será realizado em 5 de agosto com participação de órgãos de controle e bancos públicos para tratar de limitações na transparência das movimentações
-
Política
12h15 de 20/06/2025
Mal-estar de Bolsonaro foi ocasionado por remédios após nova cirurgia no abdômen
Durante um evento no feriado de Corpus Christi, o ex-presidente disse estar “muito mal”
-
Política
11h45 de 20/06/2025
Bolsonaro passa mal em eventos de Goiás e encurta agenda por indisposição
Ex-presidente interrompe discurso por soluços e deixa compromisso após 20 minutos; ele relata vômitos frequentes após cirurgia intestinal
-
Política
11h42 de 20/06/2025
Alcolumbre barra inclusão de Bolsonaro em novo projeto da anistia
Senador afirmou em conversas reservadas, que não pautaria um projeto que beneficiasse os autores intelectuais dos atos de 2023
-
Política
11h05 de 20/06/2025
Lula afirma que conversou com Cristina Kirchner após condenação: ‘Ela até chorou’
Lideranças do PT tem comparado sua condenação com a prisão de Lula em 2018, durante a Operação Lava Jato