De boicote a ritmo acelerado: Bruno recompõe base na Câmara com ‘afago’
Após sessões esvaziadas e tensão com o Executivo vir à tona, parece que as coisas voltaram a andar dentro da base governista na CMS

A crise de relacionamento entre os vereadores da base aliada e o Executivo municipal parece ter ficado para trás na Câmara Municipal de Salvador (CMS).
Se no primeiro semestre as coisas não estavam andando e a base governista ensaiava um boicote ao prefeito Bruno Reis (União Brasil), em protesto contra o atraso na liberação de emendas parlamentares, com sessões esvaziadas e votações travadas, o plenário entrou em ritmo acelerado no segundo semestre: foram aprovados cerca de 12 projetos de autoria da prefeitura, restando apenas quatro para análise até o fim do ano.
Segundo o presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), a expectativa é que todas as matérias pendentes sejam votadas até 17 de dezembro.
Oposição criticou ritmo acelerado
A celeridade nas votações chamou atenção da oposição. A vereadora Aladilce Souza (PCdoB), líder do bloco oposicionista, criticou o ritmo imposto pelo Executivo.
“A nossa crítica maior é a quantidade de projetos que o prefeito mandou de vez para a Câmara, o que não permite que a gente tenha tempo necessário para estudar os projetos, buscar assessoria e dar conhecimento ao público”, afirmou ao bahia.ba.
Ela também questionou o “encurtamento de prazos” e as “reuniões conjuntas de comissões”, o que, em sua avaliação, “não é bom para a democracia”.
Emendas travadas e descontentamento
Nos bastidores, o estopim da insatisfação dos vereadores foi a retenção das emendas parlamentares, travadas desde o início do ano em razão do ajuste fiscal da prefeitura. Na época, parlamentares da base admitiram que as ausências em plenário foram combinadas, como forma de pressão sobre o prefeito.
Um vereador próximo a Bruno Reis confidenciou que o orçamento das emendas foi reduzido para cerca de R$ 51,6 milhões em 2025. Já outro, do bloco independente, avaliou que “a situação chegou ao limite” e se tornara insustentável, sobretudo para os vereadores com pretensões eleitorais em 2026, preocupados com o desgaste político nas comunidades.
Os mais atingidos
De acordo com uma fonte em contato com o bahia.ba, os novatos da CMS foram os que mais sofreram com o contingenciamento. Eleitos em um ano considerado “difícil para a máquina pública”, os novos vereadores tiveram dificuldade em cumprir promessas de campanha e manter diálogo com lideranças comunitárias.
A mesma fonte afirmou que parte dos parlamentares “ficou mal acostumada” com a gestão “mais flexível” de Bruno Reis ante a anterior, do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), que repassava as emendas “de forma mais metódica e fixa”, algo que teria alimentado o desconforto dentro da base por conta das regalias adquiridas com o atual prefeito.
Liberação de recursos e retomada das votações
Nos corredores da Câmara, a avaliação é de que a harmonia foi restabelecida depois que o prefeito liberou parte dos valores travados, destravando as votações. O movimento resultou em uma sequência de aprovações de projetos do Executivo, em ritmo considerado “de mutirão”.
Na última leva de projetos, um episódio chamou atenção. Durante uma sessão, o presidente Carlos Muniz aparentava estar contrariado e afirmou em plenário que a Casa “não estava com pressa” para votar e que nada seria apreciado antes de passar pelas comissões e pelo Colégio de Líderes.
Entretanto, no dia posterior, uma reunião relâmpago — que não passou de 15 minutos — foi suficiente para que os projetos fossem colocados em pauta e aprovados com resistência da oposição.
Nos bastidores, vereadores comentaram com ironia que “as coisas mudam muito rápido na CMS”.
Uma luz no fim do túnel
Para 2026, a expectativa é de que os repasses de emendas voltem ao padrão “de antes”, o que deve reduzir o clima de tensão. Fontes ligadas ao governo municipal garantem que o entendimento foi restabelecido e que “o pior já passou”.
Um interlocutor da base afirmou que “os vereadores compreenderam o momento difícil”, mesmo uns ou outros ainda estarem insatisfeitos com o ajuste fiscal.
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