Delator diz que pagou R$ 500 mil para tirar grupo holandês de plataforma
As declarações foram prestadas pelo empreiteiro em 20 de junho deste ano e anexadas aos autos da Lava Jato nesta semana
O dono da empreiteira UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, em novo depoimento à Operação Lava Jato, afirmou que combinou com o empresário Zwi Skornicki de pagar a ele R$ 500 mil para afastar o grupo holandês Keppels Fels de contratos de construção das plataformas da Petrobras. Ambos são delatores da Lava Jato. A revelação de Ricardo Pessoa, feita pela primeira vez desde que sua delação foi fechada em 2015, é contestada por Zwi Skornicki.
As declarações foram prestadas pelo empreiteiro em 20 de junho deste ano e anexadas aos autos da Lava Jato nesta semana. “Para afastar a Keppels Fels dos pacotes nos quais a UTC tinha interesse, o declarante (Ricardo Pessoa) combinou com Swi (sic) Skornicki de pagar a ele o valor de R$ 500 mil para que este deixasse de apresentar proposta nos dois pacotes que tinham interesse”, relatou Ricardo Pessoa.
“A empresa Eagle pertence ao sr. Swi (sic) Skornicki e o contrato firmado e o único pagamento feito a ela deveu-se a uma facilitação entre dois concorrentes; que, em 2010 foi lançada a concorrência para contratação de empresas para construção de módulos dos FPSOs P58 e P62 (Request for Proposal – RFP n.5 003542098 de 23/03/2010).”
Segundo o empreiteiro, ‘para viabilizar o pagamento realizado por meio de transferência bancária foi feito um contrato com a empresa Eagle, cujo objeto era simulado’.
Ricardo Pessoa declarou que “entre todas as empresas que se propunham a apresentar proposta, a única que realmente poderia ser considerada concorrente para a UTC era a empresa Keppels Fels”, representada por Zwi Skornicki, “porque tinha instalações apropriadas”.
“O contrato foi formalizado apenas em agosto de 2011, porque apenas perto desta data, a UTC pode cumprir o seu compromisso; Que o pagamento foi feito em 26 de agosto de 2011 para a conta da Eagle Consultoria, Banco 341, agência 1185 no valor líquido de R$ 444.250, e a nota fiscal emitida pela Eagle em 24 de agosto de 2011”, disse Ricardo Pessoa.
O empreiteiro da UTC afirmou que o contrato foi assinado por Walmir Pinheiro, então diretor financeiro da empresa, uma assistente administrativa que ‘desconheciam por completo que o objeto do contrato não tinha respaldo em serviço efetivamente prestado’.
Walmir Pinheiro também é delator da Lava Jato. “Mesmo Walmir Pinheiro neste caso desconhecia o seu combinado com Swi (sic); que Walmir Pinheiro também ficou responsável em tratar com Bruno Skornicki, filho de Swi, sobre o pagamento; que, no entanto, mais uma vez quer dizer que Walmir Pinheiro não tinha conhecimento sobre qualquer irregularidade no pagamento; Que o declarante junta nesta oportunidade cópia do contrato, nota fiscal, comprovante de pagamento e troca de e-mails para a realização da transferência, bem como histórico da licitação dos módulos da P-58 e P-62”, declarou o empreiteiro.
Ricardo Pessoa afirmou que ‘não relatou estes fatos anteriormente, porque efetivamente não se recordou, o que só foi rememorado após revisitar este assunto e procurar especificamente por alguma informação que tivesse relevância e, eventualmente, tivesse passado despercebido’.
“De forma nenhuma houve qualquer intenção de omitir dolosamente qualquer informação agora revelada; que o depoente gostaria de uma vez mais externar o seu comprometimento de colaborar com o Ministério Público Federal no que for possível, estando a disposição para prestar maiores esclarecimentos”, declarou. “Infelizmente, a memória do colaborador já no alto dos seus 64 anos nem sempre o favorece.”
O empreiteiro declarou que ‘continuará se esforçando para identificar outras informações relevantes, comprometendo-se a narrar sempre que possível qualquer fato novo’.
Em ofício à Lava Jato, a defesa de Zwi Skornicki negou as informações prestadas por Ricardo Pessoa. O lobista se colocou ‘à disposição’ para uma eventual acareação com Ricardo Pessoa.
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