Publicado em 01/06/2025 às 11h30.

Estatais federais registram déficit recorde de R$ 2,73 bilhões no início de 2025

Resultado é o pior da série histórica iniciada em 2002; governo prevê déficits bilionários até 2029

Redação
Foto: Ricardo Stuckert/PR

 

As empresas estatais federais acumularam um déficit de R$ 2,73 bilhões nos quatro primeiros meses de 2025, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) na sexta-feira (30). O valor é o maior da série histórica da instituição, iniciada em 2002, ou seja, o pior desempenho em 23 anos.

Somente em abril, o déficit das estatais chegou a R$ 1,4 bilhão. Os dados estão no relatório Estatísticas Fiscais, que também reúne informações sobre o setor público consolidado e a dívida bruta do país.

Empresas estatais são aquelas em que o governo detém total ou parcial participação no capital social. No Brasil, elas são classificadas como empresas públicas (100% do capital estatal) ou sociedades de economia mista (com parte das ações em poder de investidores privados).

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), com uma agenda liberal liderada pelo então ministro Paulo Guedes, diversas estatais foram listadas para privatização. No governo Lula (PT), que é contrário às privatizações, várias empresas foram retiradas do Programa Nacional de Desestatização (PND) em 2023, como Correios, EBC e Ceagesp.

A metodologia de cálculo do BC difere da utilizada pelo governo federal. Por exemplo, enquanto a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (vinculada ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) informou que o déficit das estatais federais em 2024 foi de R$ 4,04 bilhões, o BC registrou R$ 6,7 bilhões no mesmo período.

Segundo o governo, a diferença ocorre porque o BC não exclui investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nem os resultados do grupo ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional). Além disso, há divergências nos critérios de coleta e apuração dos dados.

A ministra da Gestão, Esther Dweck, defendeu em janeiro que o déficit orçamentário não significa necessariamente prejuízo financeiro. Ela destacou que, das 11 estatais que fecharam 2024 com déficit primário, nove apresentaram lucro contábil.

“Déficit não representa nenhum problema para o Tesouro”, afirmou Dweck. “É uma análise simplista dizer que, se teve superavit está tudo bem, e se teve déficit está tudo mal.” Ela citou exemplos como Dataprev e Serpro, que apesar de apresentarem déficit orçamentário, mantiveram lucro líquido até o terceiro trimestre de 2024.

O governo federal projeta que as estatais continuarão registrando déficits bilionários nos próximos anos, o que deve pressionar ainda mais as contas públicas. As estimativas são:

  • 2026: -R$ 6,8 bilhões;

  • 2027: -R$ 7,1 bilhões;

  • 2028: -R$ 6,8 bilhões;

  • 2029: -R$ 6,6 bilhões.

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